O PSD pela voz de Passos Coelho anunciou que vai votar contra o orçamento de 2018. E tem muitas razões para tal que aliás acompanham a declaração.
Mas o PSD devia abster-se para obrigar o PCP e o BE a votarem favoravelmente o documento . Há muita exigência que não cabe no orçamento, já falam em não cumprir o défice para arranjar dinheiro para reconstruir o interior .
“Tem sido comum ouvir algumas notas do PCP dando conta que agora votam a favor na generalidade, mas ameaçando que pode não ser assim no final se a negociação orçamental com o Governo não for aprovada no parlamento”, salientou.
Passos Coelho aconselhou os parceiros da maioria (BE, PCP e PEV) a discutirem “muito bem entre si” as alterações ao Orçamento, dizendo que não é por o partido estar a preparar diretas e congressos que “poderão pôr o PSD na posição embaraçosa de suportar um orçamento”.
Este orçamento está orientado para o curto prazo - manter unida a Frente de Esquerda até às próximas eleições legislativas - mas deixa mais uma vez fora da centralidade orçamental as empresas e os agentes económicos, sem os quais mais tarde ou mais cedo a economia fenece e o país volta ao caminho das pedras já mais de uma vez percorrido.
Já só não vê quem não quer ver as cativações, a desorçamentação do SNS, o interior onde morrem pessoas por falta de meios e de reformas, a dívida que não desce ( vão ao mercado fazem-na crescer e depois com esses empréstimos angariados, fazem-na descer para o nível anterior.)
Salva-nos o Banco Central Europeu mantendo os juros baixos e comprando-nos dívida .
Já se sabia que no global o PSD perdeu 1 177 votos em relação a 2013. Mas os números vistos à lupa revelam- se ainda mais interessantes .
Nas duas principais cidades do país, o PSD perdeu 35.214 votos. No entanto, em concelhos como Sintra, Gaia, Cascais, Loures, Braga, Matosinhos, Amadora e Almada, os sociais-democratas conseguiram arrecadar mais 43.387 votos. Em apenas dois destes - Cascais e Braga - o PSD venceu as eleições, nos dois casos em coligação com o CDS. Nos restantes municípios, o PSD não venceu as eleições, mas também não perdeu votos.
Sem voto secreto dá nisto . 75% votam a favor mas depois só aderem 41% . Temos o PREC e as suas boas práticas de volta.
Esta diferença é a dimensão do medo . Uma votação controlada pelos sindicatos populistas e que cumprem uma missão política e uma participação individual segundo o querer livre de cada um.
Os sindicalistas exultaram com a marcação da reunião para 7 de Setembro julgando que participariam nas negociações. Nada mais errado . A empresa já fez saber que não larga mão do trabalho ao sábado e que só negoceia com a Comissão de Trabalhadores .
Os sindicatos pressionam para que as negociações sejam marcadas para já, assim tentando marcar a agenda mas a administração só o fará depois de 3 de Outubro já com nova Comissão de Trabalhadores eleita.
Este bloqueio no setor automóvel “vem colocar na ordem do dia a necessidade de rever a lei da greve quanto às condições que devem legitimar a sua convocação e quanto à necessidade das decisões serem tomadas por voto secreto”.
Entretanto, o governo tão lesto a atacar a ALTICE/PT desapareceu em combate. Faço ideia do que se passará entre governo e a administração da empresa e entre o PS, BE e PCP no plano orçamental.
António Costa perdeu o pio não pode nem deve desagradar à mais importante empresa do país mas também não pode desagradar aos seus parceiros na geringonça.
A geringonça foi desenhada para corresponder a uma situação de curto prazo, sem uma estratégia de médio e longo prazo. O PS quer cumprir os ditames da União Europeia, PCP e BE querem exactamente o contrário . E, com a economia a crescer em todo o espaço europeu, não há como não cumprir o Tratado Orçamental inimigo de estimação dos dois partidos da extrema esquerda.
Para além de tudo isso, há uma guerra particular entre PCP e BE com vista ao controlo dos operários que nos últimos 20 anos tem sido reserva do BE e que permitiu paz laboral, elevada produtividade e uma significativa importância na economia nacional.
Passos Coelho, na SIC : “Se pudéssemos, sem dinheiro, devolver salários e pensões e no fim as contas batessem todas certas, passaria a defender o voto no Partido Socialista, no Bloco de Esquerda e no Partido Comunista.” Nem mais.
O PS sobe impostos indirectos sobre todos para aumentar salários e pensões de alguns, os que votam na esquerda. E agora vai buscar 1 400 milhões de euros ao Fundo da Segurança Social onde já faltam 600 milhões segundo o PSD. E vai pagar tudo isto com o crescimento da economia que começou com uma previsão de 2,1% e já vai nos 1,8% ( embora o intervalo mais provável ande entre os 1,4% e os 1,6% ).
Vem aí um aumento do IVA e a seguir outro resgate salvo se António Costa, contra todas as previsões, consiga driblar a realidade .
Entretanto as denúncias de Jerónimo, Catarina, Arménio e outros desapareceram, bem como as greves dos transportes públicos. Não há mais pobres nem trabalho precário nem desempregados.
O PSD abstém-se e deixa passar. A carripana está à mercê da oposição. É esta a tal posição conjunta estável e credível ?
PSD preferiu destacar a falta de apoio dos partidos à esquerda. "Afinal a estabilidade e a coesão dentro da maioria de esquerda não existe. Nos compromissos internacionais não aconteceu", afirmou e deputado social-democrata.
Ao início da tarde, as duas propostas foram aprovadas. No caso da Grécia, o PS votou a favor, o Bloco e o PCP contra e o PSD e o CDS abstiveram-se. Já no caso da ajuda à Turquia, o PS e o CDS votaram a favor, o BE e o PCP contra e o PSD absteve-se.
No PS ( que governa apoiado em dois partidos anti-Europa ) há gente preocupada : Aquilo que não me parece apropriado doravante é que se usem os assuntos europeus para quebrar um largo consenso nacional sobre a integração europeia. Seria um erro estratégico grave. Porque ninguém se iluda: Portugal ainda vai precisar de solidariedade europeia.
Esqueceu-se António Costa quando embarcou na aventura. Vai ter que pedir desculpa.
A eleição ( com voto secreto) de Ferro Rodrigues mostrou que a Coligação está mais perto da maioria absoluta.
É apenas um detalhe mas a coligação PAF tem, no total, 107 deputados. Fernando Negrão obteve 108 votos. Ou seja os votos da PAF e, admito, o voto do deputado do PAN. Ferro Rodrigues foi eleito com 120 votos mas o conjunto dos deputados do PS + BE + PCP totaliza 122. Registaram-se 2 votos em branco o que significa que, à esquerda, se encontram dois dissentes. Pode parecer insignificante mas não deixa de ser notório que, logo no primeiro dia do convívio parlamentar, a esquerda sofra duas baixas.
O PS , na mais recente sondagem, tem mais 1,5% na intenção de votos mas a Coligação, com 34% dos votos elege mais deputados. Quem deverá formar governo se for este o resultados em 4 de Outubro ?
É evidente que quem forma governo é quem tem mais deputados como, aliás, afirmam os constitucionalistas, Jorge Miranda, Manuel Tiago e Paulo Otero .
"Seria pouco aceitável que o partido que tivesse mais deputados - ainda que sem maioria absoluta - não fosse Governo", disse à Lusa o constitucionalista Tiago Duarte.
Ressalvando que quem tem de fazer a interpretação dos resultados eleitorais é o Presidente da República, Tiago Duarte defendeu que do seu ponto de vista o critério que deve 'guiar' o chefe de Estado é "o da governabilidade e estabilidade do governo perante o parlamento", ou seja, deve nomear o primeiro-ministro que apresente "uma solução governativa que tenha mais hipóteses de durar e cumprir a legislatura".
"Em caso de soluções igualmente instáveis - Governo minoritário da coligação ou do PS, por exemplo - deve privilegiar o partido ou coligação que tenha eleito mais deputados, mesmo se não teve mais votos", referiu, sustentando que nas votações parlamentares, como a aprovação de orçamentos ou moções de censura, "o que conta são os deputados eleitos e não os votos".
Há uma grande inquietação nas hostes socialistas a de que o caso Sócrates possa influenciar a votação no PS. E como se pode ver na imagem abaixo, têm toda a razão para estarem inquietos. Para além de Vara há mais alguns ex-governantes socialistas que já viram as suas residências e escritórios investigados. Estas investigações estão no limbo da justiça há dois anos mas podem, a qualquer momento, vir à tona.