É preciso descer a dívida a sério. "Temos de ser mais ousados e estabelecer objectivos perfeitamente claros. Se não houver mais nenhum, no mínimo pôr a dívida em 90% ou 100% do PIB no espaço de 10 anos. Isso estabelece um quadro claro sobre o que tem de ser a gestão orçamental até lá", defende o economista e presidente não executivo da SIBS.
Os pagamentos ao FMI são fogachos sem consequências
"A concertação social é um tripé que envolve três partes: os patrões, os trabalhadores e o governo. Essas três partes negoceiam e chegam a um acordo. A oposição não é chamada a negociar. Não se pode pedir à oposição que valide um acordo no qual não participou. Quem está no acordo é que tem que ter as condições de o cumprir", disse Vítor Bento, no programa "Tudo é Economia", na RTP.
O ex-conselheiro de Estado lembrou que o Bloco de Esquerda distribuiu cartazes "a cobrar os créditos do aumento do salário mínimo" e defendeu que não faz sentido os partidos que apoiam o governo ficarem com a "parte populista e popular" e a oposição com "a parte impopular" do acordo.
Quando foi conhecido que Vítor Bento exigia, como condição para aceitar liderar o NOVO BANCO, entrar só após as contas estarem assinadas o que atirava o inicio do seu trabalho para dois meses depois, mostrou logo aí que algo de importante não batia certo. Numa situação tão difícil, Vitor Bento tratava, antes de tudo de si mesmo, da sua segurança, colocando o seu interesse pessoal à frente do interesse do banco. O Banco de Portugal veio agora confirmar dizendo que, apesar das diferenças de opinião, Bento aceitou liderar o banco com o objectivo de o vender o mais depressa possível.
Ora, não só a experiência que temos do BPN mostra que o tempo, nesta situação, é um factor poderoso de desgaste de valor como, a influência sistémica do BES ( 20% do mercado) não dava margem para que se recuperasse o banco segundo os livros. É, devolvendo o banco ao mercado, aos accionistas e aos banqueiros que , melhor se cuida dele e se protegem os interesses gerais.
Perante as dificuldades ( o banco tem que pagar empréstimos em Jan/Fev/ Março de muitos mil milhões) a equipa de Bento deitou a toalha ao chão com grave prejuízo para a credibilidade do banco e mesmo do país. Bem teria andado Carlos Costa, governador do Banco de Portugal, se tivesse procurado encontrar uma equipa com provas dadas no duro combate do dia a dia, em alternativa a gestores cuja experiência é académica e de gabinete. Pagar salários ao fim do mês assusta muita gente.
Na parla semanal televisiva Marcelo, levantou a ponta de um véu. De um porque como é óbvio há mais do que um. Marcelo falou do BES e da PT. E da golden share do estado que Sócrates usou para impedir a OPA do "merceeiro" do norte. Mas a "golden share" não impedia que a PT fosse pasto da ambição do BES como hoje é reconhecido. E foi usada no ataque à TVI da Manuela Moura Guedes.
Corre por aí que o BES deixou de ser o "dono disto tudo" com a entrada de Vitor Gaspar e que a partir daí começou a esgravatar, isto é, meter o dinheiro no GES ( as empresas do grupo). Há dias soube-se que foi o BCE que apeou Ricardo Salgado com a exigência do pagamento imediato de dez mil milhões de euros. E, também é público e não desmentido, que desde Setembro do ano passado que o Banco de Portugal tinha sobejas razões para atar os patins ao senhor Salgado e respectiva trupe. Mas se é assim, como é que se explica que Vitor Bento tenha colocado como condição entrar em funções só depois de aprovadas as contas do 1º semestre ? Entrava e não assinava as contas que não eram da sua responsabilidade. Então não é óbvio para quem administrou empresas que o fecho das contas é a altura ideal para "fazer" o resultado? E Bento dá mais esse tempo? Para livrar o coiro? E isto nas ventas de quem estava por dentro disto tudo há mais de três anos? E nos últimos dias, tão generosamente doados, os " edge funds" sacam milhões na bolsa ao mesmo tempo que milhares de pequenos accionistas perdem quase tudo? É crime ou é cegueira?
O que está aqui escrito é o que se pode inferir do que veio a público. Deixarei de ter estas dúvidas quando houver mais e melhores informações. Até lá tenho a vaga sensação que andaram a mexer no meu bolso.
Bento foi um dos convidados por António José Seguro nas conversas "Novo Rumo" do PS. Devem ter conversado sobre a nomeação de Armando Vara e Santos Ferreira no BCP. Mas, para além disso, Bento deixou bons conselhos :“Temos que saber conciliar escolhas democráticas com sustentabilidade financeira. Não menorizem a importância que a estabilidade financeira tem para o funcionamento da própria democracia”, aconselhou, dando como exemplo a queda do Governo de Salvador Allende, no Chile, em 1973. “A queda de Allende no Chile – além de toda a sabotagem política de que foi alvo, nomeadamente pelo lado americano -, resultou também, em grande parte, ou foi muito favorecido, pela alienação da classe média em consequência das políticas financeiras aplicadas pelo governo de unidade popular”, afirmou, citado pel DN/Dinheiro Vivo.
Vitor Gaspar no seu último despacho autorizou que noventa por cento do Fundo da Segurança Social fosse aplicado na compra de dívida nacional. Como de costume, partidos da oposição, jornalistas e comentadores juntaram-se numa crítica feroz. A desgraça !
(...) Para se perceberem as insuficiências da argumentação indignada, comecemos pelo senso comum. Defende-se o investimento preferencial do Fundo em activos estrangeiros "seguros", porque a dívida do Estado é muito arriscada e não garante a recuperação do investimento nela efectuado. O busílis deste argumento é saber como pode o Estado esperar convencer alguém a emprestar-lhe o dinheiro de que precisa desesperadamente para funcionar, ao mesmo tempo que expressa a falta de confiança que ele próprio tem na dívida que emite. A não ser que se defenda que o Estado deva actuar como o vigarista que tira os activos da empresa antes de declarar falência e deixar pendurados os credores que nele confiaram. Mesmo assim, pensar-se-á, talvez, que os activos em causa ficariam protegidos em caso de falência do Estado (i.e. este não conseguir pagar a dívida). Não ocorre que em tal evento esses activos, localizados no estrangeiro, acabariam cativados à ordem dos credores. Quem tiver dúvidas veja o que aconteceu ao navio argentino - equivalente à nossa Sagres -, recentemente apresado no Gana (!) à ordem dos credores do Estado argentino.
Os Prof. Ferreira do Amaral e Vitor Bento juntaram-se na FNAC para falarem sobre o assunto. Acabam de publicar dois livros , um a defender a saída do euro outro, a defender a manutenção.
Mas Vítor Bento lembra que o euro não é só economia. "É política e geoestratégia" e num cenário europeu onde "somos perdedores porque somos periféricos", se quisermos "vencer temos de nos ligar ao poder e à centralidade europeia". Continuar no euro permite isso.
O economista recorda que estes estão longe de ser os primeiros dias difíceis para a economia portuguesa. Durante a última intervenção do FMI em Portugal, entre 1983-1985, "a moeda desvalorizou 33% em dois anos, a inflacção subiu para os 60% e o poder de compra ficou entre os 12% e os 15%". Por isso, Bento acredita que o problema económico não está no euro e sim nas políticas sociais "não sustentáveis", como o aumento de salários não sustentados pela produtividade.