Esqueceram a alternativa à austeridade, a renegociação da dívida e a submissão ao Tratado Orçamental.
Ao selar a capitulação incondicional daquele que há apenas dois anos era o herói europeu do movimento anti-austeridade, a entrevista a Tsipras confirma outra coisa: a falência da tese da "alternativa" à austeridade e às regras europeias num país do euro sem acesso a financiamento normal. Esta é uma lição importante para Portugal, onde essa "alternativa" foi promovida com vigor no espaço público durante os anos da troika por gente de todas as proveniências, sobretudo políticos e analistas à esquerda: a dura e a do PS.
Quem pensa que as viúvas do Syriza fizeram algum tipo de exame ao que andaram a defender está muito enganado. Há algumas viúvas tristes, na esquerda dura anti-euro, que acusam Tsipras de falta de coragem para romper com a moeda única, não explicando como isso se faria contra a vontade dos gregos. A maior parte, contudo, são viúvas-alegres. Hoje estão no poder ou próximas do poder. Tsipras, que outrora louvaram, não lhes merece comentário público. Apesar de aceitarem o engavetamento da reestruturação da dívida e a superação de metas de défice acordadas com Bruxelas, em público continuam a defender a posição falida de que austeridade passada era sobretudo uma opção.
Há muito que tinha percebido. Em Portugal não há viúvos. Os homens morrem primeiro. Agora chegou aí um estudo que diz que as mulheres portuguesas estão no top 10 das que vivem mais tempo. Contudo, a OMS alertou que ainda prevalece uma grande divisão entre países pobres e ricos: “As pessoas de países com rendimentos elevados continuam a ter muito mais probabilidades de ter uma vida longa do que as pessoas em países com baixos rendimentos”, explicou. Quando vemos gentinha a dizer mal do país que Abril pariu ficamos a pensar. Se Portugal é tão mau o que explica esta longevidade?
Lançar boatos e pintar o quadro de preto são manobras sujas há muito conhecidas mas que em política são sempre válidas. Como interpretar que o estado perdeu vinte e nove milhões de euros por mandar doentes para o Hospital da Cruz Vermelha, por ser mais caro e, não, porque no SNS não se aproveita em pleno a capacidade instalada.
Há filas de espera em algumas cirurgias que ultrapassam em muito o prazo razoável de tratamento ( cerca de 200 000 ) mas, o que se sabe, é que a capacidade operatória instalada nos hospitais do estado utilizada não ultrapassa os 40%.
E se o estado fizesse bem o que só o estado pode fazer e deixasse o resto para a sociedade? Ganhavam todos!
Se um casal recebe duas boas pensões perfazendo um montante acumulado mais que suficiente para ter uma vida boa, não é natural que com a morte de um dos cônjuges esse montante desça, ainda assim para um valor consentâneo com uma vida desafogada? Este corte, não sendo cego, poderá poupar todos os outros casais que recebam um montante acumulado abaixo do limiar de uma vida digna. Isto não é sensato?
A oposição é irresponsável, diz não a toda e qualquer mudança, mas não diz como é que o país sai desta situação onde o meteram. Parece que, com esta posição acerca das pensões acumuladas, se esquece a desigualdade sempre presente quando convém, de haver pensionistas com chorudas pensões e a maioria com pequenas pensões.
Pura hipocrisia! "O mesmo texto adianta ainda que, por ano, são pagos cerca de 50 milhões de euros de pensões de sobrevivência de valor superior a 2 mil euros."