A que António Costa não respondeu na AR. Trata-se dos vencimentos dos administradores da CGD que correspondem a 25 vezes o salário mínimo. O BE avisou que não considera o assunto encerrado . Costa percebe que este é o único assunto que lhe vai tirar votos e hoje reagiu. Prefere uma medida impopular a arriscar uma má gestão.
O PCP também não gosta e já o fez saber. Num momento em que se aumentam impostos e taxas, pagar vencimentos milionários mal seria que BE e PCP arriscassem .É um assunto que cala fundo nos seus eleitorados.
O Presidente da República já percebeu que esta medida é extremamente impopular e já o fez saber publicamente. Mas por mais que o governo revele habilidade para fazer crer que não há ninguém a perder não há como esconder os vencimentos milionários numa empresa pertença a 100% ao estado.
E o resumo é este :
Só o PS concorda com o atual modelo que deixa os gestores do banco público sem limites salariais. O argumento é que, para atrair os melhores para o Estado, é preciso nivelar os preços com o que se pratica no mercado;
O PCP não concorda com o modelo do PS e apresentou uma proposta para pôr todos os gestores a ganharem o máximo de 90% do que ganha o Presidente da República;
BE e CDS, com o argumento de que é melhor do que nada, votaram a favor da proposta do PCP;
O PSD não concorda nem com o modelo do PS nem com o modelo do PCP, por isso votou contra a proposta dos comunistas ao lado dos socialistas. Mas também não tinha outra na manga (vai apresentá-la até ao final da semana). Por isso, o Parlamento perdeu uma oportunidade de revogar a exceção salarial de que goza a Caixa Geral de Depósitos.
O PS já veio confirmar o que o governo diz. Não é possível repor vencimentos e pensões ao nível de 2011. "A resposta séria é não. Nem os portugueses imaginariam, nem nunca ouviram do líder do PS nenhuma proposta demagógica para voltarmos a 2011, porque não é possível. As contas públicas portuguesas não o permitem." Não há mais empréstimos, há que trabalhar e investir para criar riquesa e tudo isso leva tempo. Não foi por acaso que o país pediu a intervenção externa. Agora é hora de pagar.
Num país onde há tanta gente a ganhar mal, com trabalho precário, ter a corporação de professores em permanente manifestação de protesto dá que pensar. Muito principalmente quando se conhece a tabela de salários aplicável. É frequente negarem estes níveis de vencimentos, tal como acontece com outras corporações que vivem penduradas no estado.
Esta crise veio mostrar que os que se manifestam e fazem greves são, de longe, quem está mais protegido e vive melhor. Não é por acaso que o ajustamento se está a fazer pela via de cortes na despesa pública.
A privada paga isto tudo sobrecarregada por impostos. Famílias e empresas são esbulhadas para manterem este estado e estas mordomias inaceitáveis num país onde há tanta miséria. Miséria que não se manifesta nem tem emprego para fazer greve.
A questão essencial é a do título, porque a redução de horário com a consequente redução de vencimento é uma medida inteligente. Atrevo-me a dizer que vai ser uma medida amplamente aceite nos países desenvolvidos no futuro.
Não há trabalho para todos, já a senhora Merkell disse aos seus compatriotas no discurso da nação. Temos que nos preparar para viver com mais qualidade de vida e com menos dinheiro. Ter tempo para a família, para ler, para criar os filhos.
Os treinadores de futebol não tem como proteger-se das más prestações da equipa e dos maus resultados. Trabalham por objectivos e ganham por objectivos. Ganham muito, claro!
Um trabalhador que ganhe muito mas cujo posto de trabalho está sempre na contingência de ser ocupado por outro, é um precário? Então a diferença não está na segurança do emprego, está no vencimento? Isso quer dizer que quem ganhe muito é sempre precário e que quem ganha pouco tem que ter emprego para sempre?
E, quando se ganha mais que os outros trabalhadores e, mesmo assim, há mais segurança no trabalho ? Não há produtividade, não se obtêm resultados, não se fazem avaliações, não se mede o mérito...
Percebem o raciocinio dos sindicatos da função pública? E percebem onde isto nos leva?
PS : claro, que, se os sindicatos não apresentam resultados ( manifs, reinvindicações...) também podem passar de nababos a precários...
Nos países democráticos a crise tem consequências. Na Suiça passou a existir um limite para salários excessivos dos patrões e gestores. E se há para estes então,vai estender-se aos accionistas. A regulação dos mercados é fundamental e está a fazer o seu caminho. Milhões de pessoas não podem estar ao dispor da ganância de alguns. Nos US o Presidente Obama luta contra a extrema direita para impor regras . A UE está a percorrer o mesmo caminho .
Cá não vemos um ataque sério às rendas excessivas concedidas pelo estado às empresas do regime. É tempo!
Os eleitores suíços aprovaram neste domingo, em referendo, a adopção de medidas legislativas para controlar os salários dos conselhos de administração.
Segundo os resultados avançados pelas agências internacionais AFP e Reuters, o "sim" ganhou com 67,9% dos votos. Isto significa que o Governo, que se declarou contra a iniciativa, deverá agora redigir um projecto de lei que respeite as disposições do texto referendado e depois levá-lo ao Parlamento para ser aprovado. Na contabilidade final das urnas, 1,6 milhões de eleitores disseram sim à legislação, ao passo que 792 mil votaram não.