A opção é entre um sistema possível e um sistema idealizado
Numa Europa zangada seria de esperar que a esquerda se juntasse, apresentasse um programa comum progressista mas possível. Mas não é isso que acontece. A extrema direita aproveita e cresce. Não se queixem!
A clivagem ocorrida em 2011, quando uns se sentaram à mesa com a troika e os outros se recusaram a fazê-lo, não foi apenas um jogo eleitoral de curto prazo, antes traduziu a clivagem eterna entre os que estão dispostos a governar um mundo possível mesmo que imperfeito e os que só aceitam o seu mundo idealizado. Isso é claro quando pensamos no PCP, onde se continua a sonhar com uma Cuba ibérica, ou quando olhamos para os sectores mais ideológicos e assumidamente revolucionários do Bloco. Mas isso também é verdade quando pensamos em todos os que julgam que, neste quadro de crise e de políticas impopulares, é possível dar “sentido prático à resistência e ao protesto” propondo um plataforma política que é apenas uma definição de trincheiras.