De volta ao século XXI, encontramos então um conjunto de “iluminados” que, em muitos casos, logo a partir do momento em que as nossas ruas se tornaram multilingues, os edifícios outrora em ruínas foram restaurados, as cidades, antes desertas de animação, se tornaram mais bonitas e mais cheias de vida, mais seguras até, que novos negócios floresceram, outros se readaptaram e o país regozijava-se com as receitas que os turistas cá deixavam, logo então, amaldiçoaram o turismo e todos quantos dele viviam e vivem.
Portugal não tinha turistas a mais. Tinha os turistas que nos queriam visitar, atraídos por este simpático cantinho da Europa, habitado por um povo que, na sua maioria, é naturalmente amável. E ainda bem. Todos, repito, TODOS, ganhámos com isso. Concretamente, receitas recorde de 18430,72 milhões de euros em 2019. Um contributo de 8,7% para o PIB nacional, mais da metade das exportações de serviços e quase 1/5 do total de exportações. E o que dizer dos 336800 empregos diretos? Quantas famílias não vivem (viviam) do turismo?!
Se a TAP despreza o Norte e representa apenas 3% do turismo que chega ao aeroporto de Faro para quê uma companhia de bandeira ?
Em vez de pagarmos a companhia com os nossos impostos como temos feito há dezenas de anos, passamos a pagar apenas e só os nossos bilhetes, como fazemos em qualquer outra companhia.
Basta que a TAP se mantenha uma empresa privada em concorrência no mercado com todas as outras companhias aéreas.
Reparem: numa época em que tantos países europeus mais ricos do que Portugal já não têm companhia de bandeira (Suíça, Bélgica, os escandinavos), porque é que nós mantemos o luxo da companhia de bandeira?
Segundo a verdade oficial andamos a viver à conta do Turismo mas a realidade é outra, senão, lei-a :
A indústria portuguesa vale 12% do PIB e gera cerca de 1,4 milhões de empregos, o que representa quase um terço da população ativa. O alojamento e a restauração, somados, representam cerca de 8% do PIB e dão emprego a pouco mais de 320 mil portugueses. Imagine-se o que será se a indústria nacional não sobreviver aos impactos da covid-19.
É estratégico alocar dinheiro e injetar ambição na indústria nacional, que guarda a experiência de saber fazer o que a Europa deslocalizou há muito. Há dinheiro comunitário, finalmente. Merkel e Macron acordaram há dias libertar 500 mil milhões também para reforçar a resiliência industrial da Europa. Há instrumentos em Portugal – o Governo nem precisa de dar trabalho aos legisladores, está quase tudo feito. Há capital privado nacional no “private equity”, como o nome indica (em português, dizer capital de risco engana – é capital, ou equity de privados, que investem, arriscam, para regenerar empresas). Basta dar gás a estes privados, portanto, e um mandato claro: investir lado a lado na regeneração da indústria nacional, preservando o saber-fazer. Portugal, querendo, pode estar no coração do movimento de reindustrialização europeia. Simples demais? É sempre assim com os conceitos que funcionam.
O Turismo representou 25% das empresas que solicitaram o lay-off .
Recordou ainda que o turismo é um setor com 400 mil postos de trabalho, mas fortemente ancorado nas PME, com 132 mil empresas, das quais 75% são empresários em nome individual.
"O setor do turismo tem crescido muito nos últimos anos graças a uma parceria público privada muito robusta. Nesta altura de crise isso aconteceu, sempre em busca de soluções. Embora muitas vezes as discussões sejam mais difíceis porque os recursos não existem como todos gostaríamos"
Sublinhou que este choque pandémico afetou profundamente o setor turístico, que tinha sido um motor da economia portuguesa, tendo em 2019 recebido 27 milhões de hóspedes. As expectativas para 2020 eram elevadas com um crescimento de 12% em janeiro, 14% em fevereiro e, depois, em abril, segundo o INE, houve uma desaceleração de cerca de 97%.
"Batemos no fundo e só há uma alternativa, é dar a volta, porque, quando se bate no fundo, qualquer melhoria que tenhamos será sempre melhor que a situação que temos atualmente", concluiu Rita Batista Marques.
Depois de quatro anos de tantas vitórias Portugal impreparado sofrerá com a actual crise como só sofrem os pobres. E ficará numa situação que nos arrastará para mais sacríficios sem resolver nenhum dos problemas fundamentais.
Portugal deverá sofrer uma das mais pesadas recessões num grupo de 14 países analisados num novo estudo. A dívida dará um dos maiores saltos. E temos 18% de portugueses na pobreza sem nenhuma esperança de nos próximos anos viverem melhor.
É isto o Portugal de sucesso. Um rotundo falhanço.
Os países do Sul da Europa - Portugal incluído - estavam já entre os mais frágeis antes do vírus, devido à sua estrutura produtiva e à sua elevada dívida externa. Agora junta-se a queda abrupta do sector do turismo de que tanto dependem (e que não será momentânea) e uma dívida pública ainda maior.
Antes de mais uma constatação, o modelo que o nosso país perseguiu nos últimos vinte anos foi um fracasso completo. Portugal, descontando países em guerra, deverá ter sido o terceiro pior país do mundo, em termos de crescimento económico. Só visões profundamente alienadas podem dizer que íamos bem ou que “somos os melhores do mundo”
Portugal com o actual modelo continuará a situação de pobresa sem resolver nenhum dos problemas fundamentais . Nos últimos quatro anos não resolveu nenhum.
Bloco de Esquerda : Bloco de Esquerda (BE) vai pedir a suspensão imediata dos novos registos de alojamento local em Lisboa, por considerar que a capital “continua a permitir o aumento drástico” deste tipo de alojamento. Além disso, o partido tem ainda outras medidas que vão no mesmo sentido, nas quais se inclui a criação de um gabinete de fiscalização do setor.
Do outro lado da moeda, estão três países que enviam para Portugal cada vez mais turistas: EUA, Canadá e Brasil. Até julho, cerca de 454 mil norte-americanos ficaram na hotelaria em Portugal, um crescimento superior a 84 mil pessoas em comparação com o mesmo período do ano passado. Sendo que, até julho deste ano, usufruíram da hotelaria mais americanos do que nos 12 meses do ano de 2013, de 2014 e de 2015. Do Brasil chegaram 553 mil hóspedes, mais de 57 mil que até julho de 2017. E do Canadá 148 mil, uma subida de mais de 23 mil pessoas. Os dados do Turismo de Portugal mostram que a TAP é a principal companhia aérea a fazer a ligação entre o Brasil e EUA e Portugal.
A evolução negativa do défice externo é tão significativa que os políticos nem sequer falam dela. Mas o défice externo é o primeiro e mais importante sinal de que a economia não cresce o suficiente para pagar as contas.
Nem o turismo em plena pujança chega para pagar os bens importados depois de descontadas as exportações. Estamos a pagar os salários dos trabalhadores dos países que nos vendem os bens que consumimos.
O Banco de Portugal explica que o défice nas mercadorias subiu 1.062 milhões de euros, com as exportações a crescerem 6,8% até Junho, mas as importações a aumentarem mais depressa, 8,9%.
Mas ainda há um sinal positivo. As importações de serviços intermédios e de Equipamentos cresceram o que pode querer dizer que se está a investir.
A tempestade perfeita está a chegar mais depressa do que o previsto e o tempo das reformas necessárias já passou. Com eleições à porta só podemos esperar demagogia e eleitoralismo. Mais uma oportunidade perdida por um governo PS: défice de 1 300 milhões causa preocupaçãp e dívida liquida atinge novo máximo histórico.
São os dois factores que mais influenciam o actual bom comportamento da economia. A economia de Espanha cresce desde há três anos acima dos 3% e o "boom" do turismo deve-se à fuga dos turistas de paragens menos recomendáveis em termos de terrorismo.
O governo tem pouco a ver com estas duas componentes filhas da actual situação externa. " Tem sorte, António Costa " disse-lhe António Lobo Xavier . "E porque não hei-de ter ?" respondeu-lhe o primeiro ministro.
Mas sem as reformas estruturais os problemas do país mantêm-se, o futuro é sombrio. O jornal compara o percurso luso ao irlandês, que também foi alvo de um resgate. Dublin manteve os impostos em baixa (12,5% face à média europeia de 21,5%) e criou um “banco mau” para ajudar com os ativos tóxicos. O resultado é um crescimento de 5,2% no ano passado e expectativas de crescimento de 3% em 2019, segundo o FMI.
Portugal anda pela metade em crescimento este ano e até 2019 previsões do governo. Apesar dos elogios feitos à economia portuguesa, o WSJ ressalva que não é certo que “esta recuperação surpresa tenha vindo para ficar”, baseando a sua afirmação nas perspetivas do FMI de que o crescimento luso regrida, a médio prazo, para uns menos apetecíveis 1,2%. E cita Teodora Cardoso, responsável do Conselho das Finanças Públicas: “Não há dúvida de que a economia está muito bem atualmente. (…) A questão principal é se o estado atual é sustentável a longo prazo”.
Nunca ninguém perdeu eleições quando o ciclo económico é positivo. É o que está a acontecer na Europa e no mundo. Mas mais tarde ou mais cedo se o país não se prepara agora, vem a fase menos boa e a crise é inevitável como sempre acontece no nosso país.
E Portugal mais uma vez não está a fazer o que tem que ser feito.