O escarcéu que se levantou quando se soube que num hospital com gestão privada os doentes repousavam em camas instaladas no refeitório, não teve correspondência nas anunciadas mortes de doentes em hospitais públicos por caírem da cama e fazerem traumatismos cranianos.
O facto de tal drama ter acontecido a um conhecido dirigente do PCP trouxe a questão para as primeiras páginas dos jornais, sabendo-se agora que há muitas dezenas de tais quedas por ano. O BE nunca se interessou em denunciar tais factos. Compreende-se, acontecem em hospitais públicos.
É claro, que o que está na origem de tais dramas é a enorme procura de cuidados hospitalares muito acima da oferta instalada. Quem deita a primeira pedra aos profissionais que todos os dias têm que enfrentar situações que estão muito para lá da sua capacidade ?
Mas o BE ( e também o PCP) estão muito preocupados em reduzir a oferta privada assim aumentando a pressão sobre hospitais onde morre gente que cai das camas .É que há 1,8 milhões de pessoas com seguros de saúde que recorrem aos hospitais privados, centenas de milhar de consultas e outras centenas de milhar de actos cirúrgicos executados. Há maior ajuda a um SNS subfinanciado e subutilizado na sua capacidade instalada?
Mas resolver estes problemas sistémicos que mexem com interesses instalados e proteger os mais débeis da equação é coisa difícil de fazer.
O processo traumático é gastar como se não houvesse amanhã, levar a dívida a 130% do PIB, o défice a 11,2% ou é sair da bancarrota com medidas que empobrecem colectivamente ?
A situação actual que está a tirar o país da bancarrota seria possível sem o programa da troika ? E seria possível fora do quadro da UE e da Zona Euro ? É que não podemos dispensar a disciplina orçamental e financeira a que os tratados europeus nos obrigam.
O BE já anda a pressionar o governo para gastar a margem conseguida com mais despesa pública . O PCP continua a falar em chantagem e constrangimentos . Isto é, prontinhos para levar o país novamente para a situação de que estamos a sair. O processo traumático que não podemos voltar a ter, como disse hoje António Costa, é um dos objectivos da extrema esquerda. E voltar a questionar a UE e exigir a saída da Zona Euro.
O PS olha em volta e vê os partidos irmãos a soçobrar e a desaparecerem do espectro político. Basta rever a situação em vários países europeus. Em Espanha, na França, na Alemanha, no Reino Unido ... e, manda a prudência, alinhar com as políticas europeias . Bem podem apregoar que "têm uma alternativa" mas, como está bem à vista, cumprem com os tratados europeus.
O PS e o CDS não deviam "ir além da troika" porque não só a troika foi longe demais como em várias decisões estava errada, como os próprios reconhecem.
Com as elites que temos, a classe política irresponsável e a tendência congénita para desbaratar "em mulheres e copos" a disciplina orçamental e financeira europeias são um balsamo.
Olhemos pois, para a saída do Procedimento dos Défices Excessivos e para as obrigações daí decorrentes, como uma garantia e não como uma festa.
Mas o chefe de Estado foi mais além e deixou um aviso ao Executivo: "Apelo a que se converta esta decisão em mais confiança cá dentro e lá fora em relação a Portugal, mais investimento, mais crescimento e mais emprego. (…) Amanhã, o trabalho continua." Marcelo explicou que este é um "passo fundamental mas não é o último passo".
Num dos programas sobre futebol, Eduardo Barroso, reputado cirurgião, acusou o treinador do Benfica de ter posto em risco de vida um dos seus jogadores. Enzo Peres, após violenta "bolada" na cabeça perdeu os sentidos e teve que ser reanimado pela equipa médica. Após breve paragem, Jorge Jesus insistiu na utilização do jogador que, passados poucos minutos, tornou a cair no relvado. Terá havido nova insistência para o jogador voltar ao terreno.
Eduardo Barroso diz que, perante o quadro clínico qualquer médico percebe de imediato que o jogador acusava traumatismo craniano com perda de consciência e que só após um TAC se poderia avaliar da gravidade da situação. Ao insistir na utilização do jogador , Jorge Jesus, mostrou não ter capacidade para lidar com este tipo de situações gravíssimas.
O Gabinete Jurídico do Benfica já reagiu e está a estudar as palavras de Eduardo Barroso para possível acção judicial.
Estamos perante um caso em que a pressão de "ter de ganhar" se sobrepôs à saúde de um atleta? Perante tantos casos de morte no desporto de alta competição este caso pode levar à alteração da regulamentação quanto à oposição entre o poder da equipa médica e o poder do treinador. De quem é a última palavra? Do médico ou do treinador?