É disto que Santana Lopes vive politicamente. As trapalhadas que sempre o acompanharam e que pelos vistos acompanham .
Desta vez é Vieira da Silva que vem dizer que a iniciativa de a Santa Casa entrar no sector financeiro foi de Santana Lopes e que a indicação do Montepio foi do governo.
Trapalhada por trapalhada, quando foi este governo que renovou o mandato a Santana Lopes à frente da Santa Casa fica-se com um travo amargo. As coisas nunca são como parecem mas em política o que parece, é . É esta a percepção da população.
Com Rui Rio não há trapalhadas porque é por natureza um homem rigoroso. Com ele as coisas são o que são, preto no branco. Quem é que em pleno debate teria a insensatez de questionar a Procuradoria Geral da República justamente quando, com Joana Marques Vidal, há tantos poderosos no Pelourinho ?
Mas com Rui Rio não há trapalhadas embora possa haver incómodos politicamente incorrectos. Com Rio já estamos a avançar na transparência e na verdade. Ele diz o que tem a dizer. Não é isso que todos procuramos na classe política ?
Admiro-o por isso, há poucos como ele na classe política mas quando aparecem são mal quistos. Não nos podemos queixar.
Vejam as declarações de Vieira da Silva, como tenta na sua habitual linguagem de trapos, convencer-nos que na Europa investir na banca é o mesmo que tomar posição societária num banco em grandes dificuldades. E numa Mutualista falida. E valorizar uma participação que avalia um banco em 2 000 milhões quando o Montepio não vale nem metade. Em Espanha a notícia que o dinheiro dos pobres vai ser utilizado para salvar um banco é notícia.
Estamos conversados quanto a trapalhadas.
São estas as trapalhadas em que Santana Lopes se deixa envolver
Que trapalhadas ? As que deram a certeza absoluta a Jorge Sampaio que demitindo Santana Lopes e indo para eleições antecipadas dava uma maioria absoluta ao PS. Como deu. Quem acredita que poderia ter sido de outro modo por muito que Jorge Sampaio quisesse o PS a governar ?
Acreditar que Jorge Sampaio sem essa certeza lançaria o país numa aventura ou colocaria novamente o PSD a governar é acreditar em fantasmas.
Cavaco Silva tinha razões mais que suficientes para demitir o governo de José Sócrates - dos que contam poucos tinham dúvidas que o país corria para a bancarrota - mas ainda assim não o fez. Porquê ? Porque a vitória de uma alternativa a Sócrates estava longe de ser certa.
E que dizer de uma proposta de governo que assentava ( assenta) numa solução conjunta que nunca foi apresentada como possível aos eleitores ? Há mais forte razão para demitir ou não dar posse ?
É preciso descrever as trapalhadas uma a uma ? Eu ainda me lembro de uma que desde logo me inquietou. Na tomada de posse com Santana Lopes sem saber o que fazer aos papéis a anunciar Paulo Portas como ministro "do mar" e a televisão a apanhar a total surpresa do visado que perguntava aos mais próximos " do mar" ?
A má vontade de Jorge Sampaio era completa e nem sequer a escondia mas, Santana Lopes, nunca teve o golpe de asa de descolar desse carimbo de incompetência com que o então presidente sempre o marcou.
É esta e não outra a opinião que os eleitores têm da passagem de Santana Lopes pela função de primeiro ministro . Como mostram as sondagens que dão invariavelmente Santana Lopes como o candidato pior colocado para vencer António Costa.
Ganhar o partido para perder o país ? As sondagens que o PSD não deixará de mandar fazer vão tirar as dúvidas e serão determinantes. Não acredito que os militantes do PSD escolham um candidato que não tenha condições de disputar o lugar de primeiro ministro.
O que também é verdade para Rui Rio, evidentemente.