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BandaLarga

as autoestradas da informação

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O futuro passa pelo trabalho precário

Assim o querem cada vez mais empregadores e trabalhadores . São escolhas de vida que privilegiam o "ser" e o "experimentar " em detrimento do "ter". Dão preferência ao aprender, ter realizações, em alternativa ao status, dinheiro e estabilidade. E, sim, exigirão modelos familiares alternativos em mobilidade geográfica constante.

Mas o vínculo precário dos nómadas digitais será um estímulo para que um número maior de empresas opte por este perfil de colaboradores?

Fernando Mendes, fundador do espaço Cowork Lisboa que celebra sete anos de existência, é de opinião que sim. "Antes havia uma desconfiança da entidade empregadora para com os empregados que não estavam no local de trabalho . Mas essa ideia mudou."

As pessoas vão-se tornar cada vez mais especialistas, auto responsáveis e auto empregáveis, avaliadas pelo trabalho que fazem e que entregam . O trabalho das nove às cinco vai desaparecer, assim como o trabalho indiferenciado.

As novas moedas são o tempo e a mobilidade para criar um estilo de vida sofisticado, de aprendizagem e desenvolvimento passado a viajar, no lazer e na vida familiar .

As preferências de uma nova geração (os millennials) pela integração saudável entre vida profissional e pessoal virão consolidar ainda mais esta tendência que já é evidente em Portugal.

O emprego para toda a vida, com vencimento certo no fim do mês, à espera da progressão automática na carreira tem os dias contados para uma grande parte das pessoas . É, claro, que haverá sempre profissões onde a presença física é necessária .

Nas fábricas por exemplo, os robots tomam contam da produção, o cão toma conta da fábrica e o engenheiro residente toma conta do cão. Em casa , por turnos, os engenheiros vigiam o trabalho dos robôts, corrigem-nos e inovam-os .

Bil Gates, o homem mais rico do mundo e um dos mais visionários já anda por aí a dizer que é preciso taxar os robots.

 

 

Um em cada quatro desempregados voltou a trabalhar em 2015

Um em cada quatro portugueses que estavam desempregados no primeiro trimestre de 2015 conseguiu voltar ao mercado de trabalho no trimestre seguinte. Em Portugal, 25% das pessoas que estavam desempregadas no início de 2015 conseguiram transitar para uma situação de emprego, uma percentagem superior à média de 18,6% da União Europeia. As restantes 58,6% permaneceram desempregadas e 16,3% passaram do desemprego para a inactividade.

Globalmente, a situação portuguesa é melhor do que na média dos 28 países da União Europeia.

O comportamento da criação de emprego é um dos factores que melhor explica o resultado das recentes eleições. Se a situação fosse de calamidade social como por aí se aventa nem por sombras a Coligação no governo teria ganho . 

1/3 dos trabalhadores produzem os restantes 2/3 consomem

Cá por mim acho que não é bem assim. O estado, se bem organizado, orientado para o contribuinte e eficaz é, também ele, um factor de crescimento económico. Mas o exemplo de Portugal não nos afasta muito de "1/3 dos trabalhadores produzem os restantes 2/3 consomem". Há quem não queira perceber isto e até coloca a equação ao contrário. Mas a despesa pública é mesmo isso. Despesa.

Portugal é uma economia assimétrica, "onde 1/3 [dos cidadãos] são produtivos e competitivos e 2/3 ficam à espera que lhes ofereçam serviços sem custos para o utilizador", o que é inviável. Mais: o Estado Social, como está configurado, não só sorve recursos públicos, como é ele próprio um factor de agravamento das desigualdades, porque "o que é preciso extrair ao terço que produz destrói o crescimento, já que este tem de ser todo distribuído para os 2/3 que não produzem e que dependem da assistência distributiva".
"As políticas públicas não são todas despesistas, e não podem ser apenas analisadas do ponto de vista do custo directo que têm, porque elas têm uma lógica e uma razão de ser" e podem ser um factor de crescimento económico.

Uma das formas de solução é encolher o sector público e aumentar o sector privado mas, para isso, é preciso ultrapassar clivagens ideológicas que têm impedido que discussões fundamentais se façam, como é o caso da ampliação da concessão de funções públicas ao sector privado da economia. 

Nós andamos nesta discussão há 40 anos com os resultados conhecidos. Somos os mais pobres e os mais desiguais na Europa.

 

O 1º de Maio é uma conquista dos trabalhadores em democracia

É neste sistema, injusto, que é possível evoluir. Tem sido neste sistema que os direitos adquiridos e todos os outros que iremos adquirir são possíveis. A história do 1º de Maio é mais um exemplo. Com sangue, suor e lágrimas.

Uns anos mais tarde já após a revolta de Haymarket, em 1868, o presidente norte-americano Andrew Johnson promulgou finalmente uma lei proibia que se trabalhasse mais de 8 horas por dia. Foram 19 os estados que adotaram práticas semelhantes com um limite máximo de 10 horas de trabalho diárias.

Na Rússia, em janeiro de 1905, camponeses e operários juntaram-se para protestar contra a opressão vivida no império do czar Nicolás II e exigir melhores condições laborais. Contudo, as manifestações acabaram em violência com confrontos entre protestantes e a Guarda Imperial que fez centenas de mortos. Os historiadores batizaram esse dia como “Domingo Sangrento”.

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Trabalhar em tempo parcial melhora a qualidade de vida

Uma significativa percentagem de trabalhadores aceitariam trabalhar em tempo parcial (part - time), com redução de salário mas com mais tempo para dedicar à família. E consideram que a natalidade cresceria com essa medida. 

Segundo o inquérito realizado pela Netsonda em todo o país, 61% dos inquiridos mostrou-se favorável ao trabalho a tempo parcial e 70% afirmaram que aderiam a esta medida. Nas famílias com três ou mais filhos, 92% disseram concordar com esta medida e 88% disseram que aderiam ao trabalho a tempo parcial. Por outro lado, 46% dos portugueses consideraria ter mais filhos, na sequência da aplicação desta medida.

Esta opção também contribuiria para dar oportunidades de trabalho a quem não o tem, reduzindo significativamente o desemprego. É uma ideia que não é nova mas que está a abrir caminho entre os trabalhadores. As questões que se levantam são do foro psicológico, da forma de encarar a vida, muito mais do que das questões técnicas ao nível do emprego e da manutenção da produtividade.

PS : as novas tecnologias de informação facilitam este tipo de abordagem

Despede 620 trabalhadores mas readmite 400

O Estado vai encerrar  os Estaleiros de Viana do Castelo. É, claro, que tem que despedir os 620 trabalhadores da empresa mas,  e aqui é que está o detalhe, a Martifer que ganhou o concurso internacional da concessão dos terrenos e equipamentos, vai readmitir 400 trabalhadores. Vamos ter 200 trabalhadores desempregados que são muitos mas, ainda assim, não são 620 como diz o título na imprensa.

Há quanto tempo os ENVC andam nisto, numa morte lenta sem fim à vista ? Nas mãos do Estado a saída para a crise nunca foi nenhuma como sempre foi óbvio. Os outros estaleiros não têm tido uma vida tão conturbada. Em Setúbal é mesmo um caso de grande sucesso estando os estaleiros  classificados entre os três primeiros na Europa. Entram lá, todos os dias, 1 200 trabalhadores necessários para corresponder à carteira de encomendas.

Dizem por aí que a Martifer deu "um passo maior que a perna". Vamos esperar para ver mas para já os estaleiros ganharam estabilidade que nunca tiveram na última década.

O mercado de trabalho também é global

Estive à conversa com um homem de meia idade que há dois anos trabalha no Brasil. Aproveita o muito trabalho que a Copa de Futebol e os Jogos Olímpicos exigem em infraestruturas. A falta de profissionais é tanta que é frequente as obras pararem por não estarem disponíveis . Pedreiros e ajudantes, carpinteiros, serralheiros , mecânicos ...

Há vinte anos atrás a migração foi em sentido inverso. Portugal recebeu milhares de Brasileiros que foram atraídos pelas obras públicas. Mas, claro, a obra pública é trabalho precário. Acaba-se a obra acaba o trabalho a tentação é continuar a fazer mais até que alguém, dono do dinheiro, diga basta.

Dizia-me ele que na embaixada do Brasil, esta tarde, havia um monte de jovens à procura de obter visto.

Daqui a dois meses (passado o Natal) volta para S. Paulo onde vive com a mulher brasileira. À pergunta, e voltará de vez? Olhou-me duvidoso!

Morrer por excesso de trabalho

Isto não é vida. Digo-vos eu que tive ataques de pânico durante quase um ano. E nunca fiquei em casa. E como eu conheço outros a quem aconteceu o mesmo. Nos casos que conheço de excesso de trabalho não se tratou de ambição ou de regulação excessiva por parte da empresa mas de centralização excessiva. Ainda há pouco tempo tivemos o exemplo de Horta Osório o gestor português que em Londres está a recuperar um banco à beira da falência.Teve que se refugiar em casa durante vários meses.

Os jovens com ambição desmedida, que deviam namorar durante uma boa parte do tempo, são as vítimas desta sociedade que aparentemente oferece o céu. Cabe a cada um saber dosear os seus objectivos, o que nem sempre é fácil, mas também não cair na tentação de que é possível ter emprego para toda a vida sem prestar contas.

Hoje em que temos que lamentar a morte de um Português que atingiu elevados cargos de prestígio internacional, seria bom que reflectíssemos sobre a singularidade da vida e do seu inexorável fim.

O trabalhador público tem um vínculo mais estável que o trabalhador privado

"O trabalhador público terá, ainda assim, um vínculo muito mais estável do que um trabalhador privado" Rosário Palma Ramalho, professora catedrática da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, alerta que, apesar das mudanças, os trabalhadores do sector público continuam a ter mais garantias no emprego do que os do privado.