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BandaLarga

as autoestradas da informação

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Onde está a surpresa nas sondagens ?

Depois de quatro anos muito difíceis com as medidas da Troika o PSD mesmo assim ganhou as eleições legislativas. Nessa altura já a economia crescia, havia espaço para a devolução de rendimentos e para a redução da carga de impostos.

António Costa para salvar a pele tirou o coelho do chapéu, criou a geringonça e fez à esquerda o que o PSD teria que fazer à direita. Os objectivos eram os mesmos só as medidas eram diferentes.

Devolver rendimentos mais pausadamente, reduzir a carga fiscal, manter o défice controlado e baixar a dívida. O programa de compra do BCE, baixando os juros a níveis nunca vistos, criou a almofada financeira, juntamente com a criminosa redução do investimento e a degradação acentuada da qualidade dos serviços públicos muito especialmente no SNS.

O PS está a gora a beneficiar da mesma visão que os portugueses tiveram com o PSD nas últimas legislativas. Há que deixar que o PS de António Costa siga o seu caminho até se ver se o porto é ou não seguro. No próximo ano e no ano seguinte já se saberá.

Sem as reformas que o BE e o PCP não deixam fazer ( vejam como Catarina e Jerónimo gritam para que os avanços se mantenham e como temem as alterações à lei laboral e a CGTP ameaça que 2020 será um ano agitado) a economia irá entrar novamente numa pasmaceira que Costa teme. Centeno já deu mostras que está de mal aviadas e não quer enfrentar esse ciclo económico em baixa.

Ora, tudo isto será mais fácil de enfrentar se o PS tiver maioria absoluta e não precisar de ceder às reivindicações dos partidos à esquerda. Bastam os problemas que não conseguirá evitar.

Mudaram todos em relação às eleições legislativas anteriores menos o voto do povo. Que o PS acabe o que começou.

A Zona Euro está a dar a grande surpresa que alguns esperavam

Pensamento do dia:

Sobre o RU, o Brexit, a UE, e as suas políticas económicas.

Economia do RU ao longo de 2017:

- PIB crescimento: 0,3% (a caminho da recessão, e um crescimento já inferior à inflação, o que denota já entraram num processo de empobrecimento)
-Queda enorme no poder de compra, e nos níveis salariais.
-Inversão da trajectória da Taxa de desemprego
- Inflação 2,9% (a mais alta dos últimos 5 anos)
- Moeda: Libra face ao Euro e Dollar, já acumula uma desvalorização superior a 15% com tendência para agravamento, existindo estimativas que apontam para uma desvalorização superior a 20%.
- Balança comercial altamente deficitária.
- Contas públicas: dívida pública continua em crescendo, deficit público inverteu a tendência de descida.
- A balança de capitais que até então apresentava um saldo altamente positivo, desde o Brexit, passou a deficitária, o que demonstra fuga de capitais, e diminuição brutal da entrada de investimento externo.
- Já há empresas a deslocalizar as suas bases no RU, para dentro da UE, e
este processo praticamente ainda nem se iniciou. Muitas são as empresas que
estão somente a aguardar os resultados das negociações do Brexit, para
tomarem essa decisão.
- Rating do RU em tendência negativa.

Economia da ZONA EURO 2017

- PIB com crescimento de 2,1%, e pela primeira vez desde a
sua fundação, TODOS os países membros estão a
conseguir crescer em simultâneo.
- Inflação: 1,3%, e 0,8% sem combustíveis.
- Crescimento do PIB é quase o dobro da taxa de inflação.
- Crescimento real de salários e de poder de compra.
- Prossegue a trajectória de diminuição da Taxa de
desemprego, tendo até aumentado o ritmo da sua descida.
- Moeda: Euro e face a Libra e Dollar - Euro a valorizar
novamente, e a estabilizar acima de 1,1 de USD, com
perspectivas optimistas. E a caminho da paridade com a
Libra.
- Balança comercial com superavit, e a bater recordes
nos seus excedentes.
- Contas públicas: dívida pública do conjunto dos países da
zona euro continua numa clara tendência de diminuição,
face ao PIB total.
- Deficits Públicos do conjunto dos países da zona euro, continuam a sua trajectória de diminuição, a caminho do objectivo de eliminação total, tendo atingido o valor mais baixo de sempre desde a criação da moeda única. E apesar
da contínua diminuição do peso dos gastos dos Estados nas economias, a zona euro consegue crescer de forma sustentada e comum a todos os países da eurozona, como nunca antes aconteceu.
- A balança de capitais com saldo positivo, o que demonstra que a zona euro está a captar investimento externo, e está a receber capitais provenientes das suas exportações para fora da zona euro.
- Rating da zona euro, em claro crescimento e com tendência positiva.

Para os amantes do Brexit, para os anti União Europeia, para os anti Euro, para os anti contas públicas sérias, equilibradas, e não deficitárias, a que erradamente e estupidamente muitos chamam de "austeridade", e para os amantes e defensores de endividamentos e acumulação de dívidas públicas, podem continuar nessa vossa senda da defesa do indefensável, pois só atesta a vossa ignorância.

O que vocês teimam em não querer ver, ou fazem de conta que não vêem, a sacana da realidade faz questão de vos esfregar na cara, o oposto de tudo o que vocês representam.

Já agora, para os que previam a implosão da UE e do euro, com a saída do RU, desenganem-se. Não só não aconteceu, como não irá acontecer, como a União está mais forte, vai ficar ainda mais forte e mais coesa sem os britânicos. Os factos assim o estão a comprovar.

Para vocês, tenho só as seguintes palavras: os factos e os números, resultantes da adopção das políticas contra as quais vocês estiveram e continuam a estar, são tão clarinhos e tão limpinhos, que nem é preciso dizer mais nada.

Um método orçamental mesquinho usado há décadas

Como quando José Sócrates nos deixou com um défice de 11,4% . Estadista, fez-nos crer que caminhávamos para o melhor dos mundos. Ainda há quem fale no PEC IV . Mas alguém quer saber de más notícias como as que nos chegam todos os dias de lá de fora a quem já pedimos ajuda e, pelo andar da carruagem, pediremos novamente ?

Centeno trouxe novidades a esta tragédia clássica sem, no entanto, alterar a base do enredo. Primeiro, tem tido a sorte que faltou a Teixeira dos Santos. A política de juros baixos do Banco Central Europeu, além de maquilhar a falência técnica do Estado português, permitiu uma redução de mais de 650 milhões nos encargos financeiros, só ultrapassada pela feroz queda do investimento público de mais de 1100 milhões. Esta é a segunda originalidade: o total desinteresse pelo aparelho produtivo, colocando o investimento estatal no valor mais baixo dos últimos 22 anos.

A terceira inovação é a descarada contradição no discurso. O governo apresentou-se desde o princípio como abertamente antiausteridade, repudiando os terríveis cortes e apertos dos últimos anos, para depois os agravar impiedosamente. Pior, o instrumento preferido foi a "captivação", que só por si manifesta a duplicidade e a dureza do exercício: as verbas são prometidas, mas nunca chegam a ser disponibilizadas. Este método mesquinho é usado há décadas, mas os 843 milhões de 2016 são raros, devido aos violentos e compreensíveis protestos dos serviços afectados. Protestos esses que, desta vez, primaram pela ausência.

Isso criou um momento histórico: o primeiro episódio de violenta austeridade conseguida sem tumultos e por um governo que mantém a popularidade.

Um clima assim teria criado, pela primeira vez em décadas, uma real oportunidade para uma verdadeira reforma do aparelho de despesa pública. Oportunidade certamente ilusória, devido aos compromissos impostos no acordo à esquerda. Esse autoriza, quando muito, a dose de cuidados paliativos aplicada, evitando a indispensável intervenção cirúrgica.

Os feitos orçamentais de 2016, e a forma paradoxal da sua obtenção, estão sem dúvida entre os mais notáveis da nossa atribulada história financeira. Apesar disso, os verdadeiros problemas das contas do Estado e do aparelho produtivo mantêm-se inalterados. O colapso, quando vier, parecerá uma surpresa e um acidente. Como em 2009.