Como ficou claro com o recente caso da TSU e vai continuar cada vez mais claro a solução governativa não serve. Não tem solidez política para resolver os problemas de fundo .
Só a maioria absoluta poderá tirar o PS das sete varas em que se meteu. Mas é muito dificil de obter e não a obtendo e não podendo ir mais longe nas cedências ao PCP e ao BE ( como se vê com a TSU ) o PS ainda se vai arrepender muito desta solução conjunta à esquerda .
Porque no que diz respeito à União Europeia e à Zona Euro não se vê como o PS poderá engolir mais sapos e, ainda, as inevitáveis reformas estruturais a que a Europa obriga e de que o país precisa só as pode conseguir aliado ao PSD . A quadratura do círculo político em que Costa se meteu parece ser o limite da sua habilidade política .
Por outro lado Passos não desarma e o PS não poderá a partir de agora fazer de conta que não sabe que não tem maioria estável e credível na Assembleia. A tempestade que se adivinha à volta das PPPs na saúde são o próximo impasse e outros vão chegar .É que azeite e água não se misturam.
E é por tudo isto que Francisco Assis disse o que disse ( eleições antecipadas ) e que Trigo Pereira fale em moção de confiança. Ambos dirigentes do PS .
E talvez ainda mais significativo, Manuela Ferreira Leite sentencia que o governo acabou , a mesma que andava a fazer o funeral a Passos Coelho . E que dizer do ataque descabelado de Marques Mendes ? Os sinais são cada vez mais fortes .
Em relação ao PCP e ao BE dificilmente haveria outro caminho mas em relação ao PS não foi sempre esta questão que esteve em cima da mesa? Não foi por isso que o PS nunca antes aceitou esta "solução conjunta" ? O PS mesmo na campanha das legislativas (que perdeu) nunca teve a coragem de preparar o eleitorado para a actual solução governativa. Todos sabemos bem porquê.
António Costa, em desespero, depois de andar a empurrar Seguro por causa das vitórias eleitorais "poucochinhas" não tinha outro caminho senão juntar-se à extrema esquerda. Mas sempre disse que a posição do PS em relação ao modelo de sociedade e da União Europeia não era a mesma do PC e do BE. Sempre soube isso e nunca o escondeu.
É por essa razão que foi e é tão atacado, porque a sua decisão é contra natura, mais tarde ou mais cedo teria que escolher entre Bruxelas e os seus apoiantes. Admito que não esperasse que os investidores fugissem, que teria a má vontade da UE, que as agências e os mercados escrutinassem como nunca a evolução do país, mas se assim foi, não tem que se queixar senão de si próprio.
Creio que António Costa continua a contar que PCP e BE não têm outro remédio que não seja apoiar o governo e que, a capacidade dos dois partidos da extrema esquerda de engolir sapos vivos é muito maior do que a que andaram anos a vender-nos. Mas, Costa, não contou com a viva reacção dos mercados. E, pior, não fazia ideia nenhuma de qual seria a evolução das exportações portuguesas e vendeu ao país o reforço da procura interna e do consumo privado tantas vezes tentado sem sucesso.
A verdade é que Costa teve que escolher entre juntar-se à extrema esquerda ou terminar a sua carreira política. Escolheu a sua sobrevivência política. O custo está a ser pago pelo país.
PCP ( vejam-se as ameaças de Jerónimo) e BE sentindo o governo apertado, atarraxam.