Os subsídios europeus estão a chegar. A última empresa socialista de que me lembro foi a que apareceu nos fogos de Pedrógão. Bem, também temos a da exploração do lítio. E a das golas...
E para o hidrogénio, não há nada, nada, nada ? Ou ainda não há ?
A estratégia é estar no chão e de joelhos de mão estendida à espera do dinheirro da Europa. O desígnio deste Governo é pedir e manter. Não se vê uma visão, uma vontade de mudar, como se os salários de miséria fossem uma inevitabilidade, pedintes e sem sair do fundo da Europa. Passamos a fronteira e ganhamos mais e pagamos menos impostos. Porquê? Essa é a reflexão que se impõe. O que temos é pouco.
O Estado socialista português, e em António Costa, é gordo e pesado. Flexibilidade é anátema liberal. Quando há uma crise cai como os outros, ou um pouco mais por causa dos desequilíbrios macro, mas não se consegue reerguer com a velocidade e genica dos outros europeus. Fica mais tempo no chão e de joelhos, de mão estendida na figura do coitadinho a pedir ou exigir compaixão. Um Estado de pobres, dependentes e tementes ao chefe. Tudo se faz com o Estado, nada contra o Estado. Salazar estaria orgulhoso…
Sem investimento a riqueza não cresce mas foi a opção do actual governo e dos seus apoios parlamentares. Este ano o investimento público em Portugal deverá ser o terceiro mais baixo da União Europeia. Apenas Itália e Espanha deverão registar um investimento menor.
O PS andou este tempo todo a fazer o que de melhor sabe. A fugir entre os pingos da chuva. Mas é possível enganar muita gente durante algum tempo mas não o tempo todo. E palpita-me que o maior problema do PS é que há mais gente do governo de Sócrates a vir à baila, por ventura alguns que são ainda hoje ministros.
Militantes do Partido Socialista avançam com manifesto onde criticam as politicas do governo.
A iniciativa é da Corrente de Opinião Esquerda Socialista e é apresentada como uma reunião que “congregará dezenas de militantes socialistas descontentes com o rumo que António Costa está a imprimir ao país e ao partido”.
O manifesto alerta que “os indicadores da evolução económica e do emprego são muito preocupantes”. E questiona: “O que vai acontecer quando o estado de ilusão, de torpor e de campanha eleitoral em que vivemos esbarrar nas suas insanáveis contradições: a economia e a Europa?”.
O documento considera ainda que “à semelhança dos seus congéneres europeus, o Partido Socialista vem dando manifestos sinais de declínio como bem ilustram os resultados das últimas eleições europeias e a derrota nas recentes legislativas”.
Com o PCP a fazer a sua função histórica de cortar fôlego à sua esquerda parece que a vida para os socialistas portugueses é mais simples do que em Espanha e na Grécia.
Por ironia, a grande mudança que António Costa celebrou na passada semana está ser feita à custa do esfrangalhar dos partidos socialistas. Primeiro do PASOK. Depois, muito provavelmente, do PSOE. Goste-se ou não, na Espanha e na Grécia, boa parte dos eleitorados da esquerda democrática está a radicalizar-se e a dar o seu voto a líderes que num passado não muito distante teriam considerado inapresentáveis.
O próprio António Costa chegou a secretário-geral rodeado de uma aura de pensamento mágico que seria ridícula caso não fosse perigosa: acreditava muito boa gente que bastaria afastar Seguro para que o PS galopasse nas sondagens. Agora mostram-se impacientes porque tal ainda não aconteceu.Da impaciência à desilusão – na esquerda nunca se cometem erros, têm-se ilusões e desilusões – vai um caminho muito curto. E potencialmente perigoso.