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BandaLarga

as autoestradas da informação

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Um sistema insustentável

João César das Neves : é, muitas vezes, proscrito de entre as maiores referências económicas em Portugal. E só porque é polémico como só ele sabe. E porque há uma esquerda muito pouco tolerante em Portugal. Pessoas essas que deviam, por muito que não gostem, ler o seu mais recente “As 10 questões do colapso”. Uma explicação clara dos principais problemas que a economia portuguesa enfrenta e outros que teima em ignorar.

E para quem acha que o mesmo defende uma luta entre esquerda e direita na maneira como vê e apresenta soluções para a economia não podia estar mais enganado. Trata-se apenas de constatação de que “a segunda geração da democracia” criou um sistema insustentável, onde os direitos intocáveis dos cidadãos “implicam um total superior à riqueza que a economia consegue gerar.” Um sistema que criou a dívida galopante que está longe de estar dominada.

A Grécia a copiar o modelo Português

93% das medidas do acordo helénico são impostos e contribuições. Tudo aplaudido pelos que cá dentro diziam que o Syrizas era corajoso e patriótico. É verdade que Deus não manda vencer manda lutar, mas o povo grego está fartinho de lutar e não ganha nada com isso.

A Grécia perdeu e não foi pouco nestes três meses de braço de ferro. No inicio estava bem melhor do que está no fim. Tinha uma economia a crescer e saldos primários positivos. O desemprego está em 26% mais do dobro que em Portugal. É difícil descortinar neste cenário uma vitória.

Espero que lá mais para a frente a Grécia beneficie de medidas que por enquanto estão na reserva dos deuses. E que essas medidas abram a porta para uma maior integração europeia. A não ser assim a União Europeia pode implodir formando grupos com países de proximidade geográfica : os países nórdicos, os países bálticos, os países do centro, os países a Leste e os países do sul. As grandes diferenças de poder económico intra grupos desaparecia e tornava mais fácil controlar as diferenças inter grupos .

O problema, e que problema, é que os perigos estratégicos para a Europa estão nos balcãs e no Sul da Europa, os países mais frágeis. Com Putin a aplaudir, a NATO, liderada pelos americanos,  voltaria em força para o velho continente. Aliás, já está a reforçar a frente Leste para defender a Ucrania.

O sonho de uma Europa com 600 milhões de consumidores, um território próspero e em paz, esfumar-se-ia. Perdida a capacidade de ombrear com países que, pela sua dimensão, são autênticos continentes, a Europa rapidamente perderia a liderança social, politica e tecnológica que a tem mantido como o refugio e o sonho de todos os deserdados.

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Dedicado aos que criticam o sistema político Europeu

Nunca tantos viveram com esta qualidade de vida durante tanto tempo. Aos que querem deitar o menino borda fora com a água do banho.

A afirmação é propositadamente provocatória. Há seres humanos ilegais só por estarem fora do espaço em que nasceram e cresceram? E quanto, neste conceito, há de antiquado? A Europa pode continuar a fechar as portas aos milhares de desgraçados e desesperançados que querem vir para cá? É possível - eu há anos que o nego - um polo tão rico como a Europa viver rodeado de miséria, sem se tornar numa atração irresistível? É possível a integração dos que imigram?

Não lhes dês um peixe ensina-os a pescar.

A opção é entre um sistema possível e um sistema idealizado

Numa Europa zangada seria de esperar que a esquerda se juntasse, apresentasse um programa comum progressista mas possível. Mas não é isso que acontece. A extrema direita aproveita e cresce. Não se queixem!

A clivagem ocorrida em 2011, quando uns se sentaram à mesa com a troika e os outros se recusaram a fazê-lo, não foi apenas um jogo eleitoral de curto prazo, antes traduziu a clivagem eterna entre os que estão dispostos a governar um mundo possível mesmo que imperfeito e os que só aceitam o seu mundo idealizado. Isso é claro quando pensamos no PCP, onde se continua a sonhar com uma Cuba ibérica, ou quando olhamos para os sectores mais ideológicos e assumidamente revolucionários do Bloco. Mas isso também é verdade quando pensamos em todos os que julgam que, neste quadro de crise e de políticas impopulares, é possível dar “sentido prático à resistência e ao protesto” propondo um plataforma política que é apenas uma definição de trincheiras.

O ensino dual vai ser um sucesso. Basta ler este artigo de opinião

O sistema dual não é uma invenção portuguesa. É praticado noutras latitudes, como na Alemanha e que tem demonstrado bons resultados. Ter um neoconservador a antecipar o sucesso, numa tentativa de, desde já, encontrar justificações para o sucesso é a melhor prova que muitas coisas importantes vão acontecer.

Em relação a todas as mudanças, esta gente defende a educação centralizadora e sindicalizada. Não há uma só mudança que apoiem, como se estivéssemos no melhor dos mundos. Sistematicamente, estão contra toda e qualquer mudança. Matam no ninho tudo o que possa ter vida própria fora dos seus esquemas mentais que tão maus resultados têm dado.

Há décadas que transformaram o ministério da educação numa enorme máquina burocrática que se auto-alimenta e os alimenta. Contra tudo e contra todos os sistemas e modelos que procuram novos caminhos.

Muitos sucumbem aos extremos

Henrique Monteiro (Expresso) : De um lado estão os que querem acreditar que todos os que ficam para trás são fracos ou incapazes ; do outro os que entendem que todos devemos ser iguais, sem olhar ao esforço, mérito, inteligência...mas entre os que ficam para trás há os que sucumbem por terem azar ou por serem doentes, os que se esforçam sem resultados; e que entre os que vão à frente há os que pisam os outros, os que usam a inteligência para enganar meio mundo.

Como explicar que o caminho feito, apesar de tudo, é muito  melhor do que hoje nos parece? ( Portugal, para quem viveu e conheceu antes do 25 de Abril é um caso excepcional de sucesso). Como pedir a alguém , neste clima crispado, que não escolha um lado, mas persista em encontrar o que há de melhor em todos? Que apesar do que perdemos nestes dias, vivemos várias vezes melhor do que qualquer geração anterior? Como aceitar estas provações e imperfeições do sistema e saber que nunca nenhum sistema há-de ser perfeito?