Era então ministro da Administração Interna António Costa: Numa altura em que o país vive uma situação de emergência com o covid-19, a rede de comunicações SIRESP terá um papel fundamental. Mas será que está em condições? O especialista e deputado do PSD Paulo Moniz diz que não.
As fragilidades actuais do SIRESP são as mesmas de 2017 que ajudaram à morte de mais de cem pessoas nos grandes incêndios. Estamos com os níveis de robustez, fiabilidade e resiliência das redes de comunicações públicas (móveis e fixas) em circunstâncias semelhantes às que se encontravam aquando dos grandes incêndios de 2017. Dito de outra maneira, estamos praticamente ao mesmo nível de fragilidades do que nos incêndios de 2017.
O SIRESP começa a funcionar "na sua versão paga" a 3 de julho de 2006. O valor da proposta inicial foi de 580 milhões, apresentada pelo consórcio constituído por PT, Motorola, Esegur, Grupo Espírito Santo, Caixa Geral de Depósitos e Sociedade Lusa Nacional. Após renegociação liderada pelo então ministro da Administração Interna, António Costa, chegou-se ao valor de 485 milhões. Na altura, António Costa justificou a decisão com a garantia de que "o SIRESP assegura comunicações móveis de elevada qualidade a estes operadores, bem como a possibilidade de todos comunicarem entre si, o que é decisivo em termos operacionais e não é assegurado pelos atuais sistemas de rádio."
Acontece que fruto do abaixamento dos valores iniciais, que contemplava por exemplo uma solução redundante soberana e própria de feixes hertzianos, acabou por se comprometer determinantemente a fiabilidade e a robustez de funcionamento como veio a demonstrar-se em 2017 e com custos no final global muito mais elevados do que a aparente poupança negocial... Assim, julgo que não andaremos muito longe se dissermos que o sistema SIRESP, que termina o seu contrato com o Estado em junho de 2021, terá tido um custo global ao longo de 15 anos, entre 500 e 600 milhões de euros, se incluirmos também o encargo com a aquisição dos rádios em utilização. Apesar deste custo galáctico o seu desempenho e prestação foi o que todos infelizmente conhecemos. É caso para dizer que o que nasce torto tarde ou nunca se endireita...
A Altice antecipou-se e reforçou a sua posição accionista para 52,7% na SIRESP SA e o Estado ficou com 33% e com o direito de nomear dois administradores entre eles o Presidente.
Mas pergunto eu : que sabe o Estado de comunicações para poder influenciar as decisões da SIRESP SA ?
Na verdade trata-se de uma boa maneira de dar cobertura à ALTICE em caso de calamidade como a que aconteceu no ano passado. De que tem medo António Costa ele que atirou para cima da ALTICE toda ou quase toda a responsabilidade dos incêndios do ano passado e agora concede-lhe a maioria accionista ?
Logo após assumir funções, o atual ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, disse que o Governo estava a tomar medidas para que o Estado viesse a deter 54% do capital da Siresp SA. A ideia, disse Eduardo Cabrita a 23 de outubro do ano passado, era a de garantir que o Estado viesse a “ter uma palavra decisiva na gestão da empresa”.
Palavra ?
PS :
#SIRESP#Tudonamesma 1. Defenderam o Siresp quando este falhou gravemente, afinal era uma herança de António Costa. 2. Atacaram o Siresp, quando perceberam que afinal era um projecto falhado que tinha custado muitos milhões e dezenas de vidas. 3. Atacaram a Altice porque o Estado, que detinha participação no Siresp, entendeu que tinham sido as linhas a falhar. Não tinham. 4. Anunciaram com pompa, e sempre para abafar a desgraça dos maiores incêndios de que temos memória, que o Estado ia assumir a liderança no Siresp, recomprando a maioria. 5. Investiram 18 milhões só este ano no Siresp. 6. Afinal não conseguiram mais do que 33%, e a Altice aumentou grandemente a sua posição tornando-se maioritária.
Parabéns Geringonça, é sempre a somar... Falhanços!
Em conferência de imprensa um dos administradores da Altice/PE disse alto e bom som que o SIRESP não falhou.
O modelo de comunicações está desenhado (foi comprado) segundo determinadas capacidades e limitações e não pode ser julgado se o ambiente em que opera ultrapassa essas capacidades e limitações.
É como comprar um carro com velocidade limite de 120Kms/hora e depois querer que a viatura acelere aos 200Kms/hora.
De quem é a culpa ? Antes de tudo de quem compra ( António Costa) mas o vendedor também tem culpa. Um e outro quiseram fazer negócio e deixaram para mais tarde a análise da capacidade. Entre um momento e outro quem perdeu com os incêndios e a incapacidade do SIRESP foi o Estado.
É por isto que o primeiro ministro tanto ataca a empresa. Andaram anos a esconder o problema até que uma tragédia humana obrigou os responsáveis ao passa culpas. E, pelos vistos, não foi possível resolver o problema atrás da cortina como tantas vezes se faz em Portugal.
Se calhar a Altice, que primeiramente, nem sequer tinha capacidade para comprar as primeiras empresas( pequenas) não precisa do governo para comprar a PT e a TVI.
Há cinco (5) hipóteses segundo o governo que explicam a tragédia dos incêndios :
Estas são as quatro primeiras versões (há uma quinta, já lá vamos). Recapitule-se: (1) a de o SIRESP ter funcionado com toda a normalidade; (2) a das falhas do SIRESP terem sido de “menor relevância”; (3) a de que o SIRESP falhou excepcionalmente num momento de emergência; (4) a de que há um problema efectivo no SIRESP. Ora, apesar de contraditórias, estas versões têm em comum um único foco de responsabilidade: o SIRESP, a sua gestão e a sua articulação com o Estado. Primeiro, para o ilibar. Depois, para o comprometer cada vez mais.
Agosto, surja a quinta versão dos factos, desta vez pela boca do primeiro-ministro, para que fique definitiva: o SIRESP “colapsou” mesmo e a responsabilidade afinal é da PT. Vendo para além dos relatórios e dispensando as conclusões da comissão de peritos que o parlamento convocou, António Costa já apresentou a sua (nova) versão dos factos. Uma versão particularmente conveniente, diga-se. Por um lado, iliba o governo e anula as suas co-responsabilidades. Por outro lado, faz de bode expiatório uma empresa (Altice, detentora da PT) à qual declarou guerra e contra a qual tem direccionado as suas críticas – e, já agora, ameaça-a com a mudança do SIRESP para outra operadora. Situação win-win
Os bombeiros e o restante pessoal que estiveram no terreno com risco da própria vida estão a mentir acerca do SIRESP . A verdade está inteirinha com o primeiro ministro, arguto comprador do sistema de comunicações e principal decisor sobre a PPP que entregou a gestão à privada.
Espero que o BE tire as necessárias ilações depois do chumbo às mãos do PS da sua proposta para nacionalizar a gestão do SIRESP. E a verdade é clarinha. Segundo Costa o sistema teve umas falhasitas nada de importante e sem nenhuma relevância para a consumação da tragédia.
O argumento usado por António Costa é extraordinário tendo em vista que o SIRESP não teve nenhuma relevância :
"Nas respostas, Costa explica também que segundo a GNR "até ao momento em que se verificaram as mortes, não foi comunicada àquela força de segurança qualquer decisão operacional relativa à necessidade de encerramento da N236-1, não tendo sido recebida qualquer informação que alertasse para uma situação de risco, potencial ou efectivo, em circular pelavia em causa".
Isto é, apesar de não haver problema nenhum relevante com as comunicações morreram pessoas porque não havia informação nenhuma sobre o potencial perigo na N 236-1.
Isto sim é o que se chama repor a confiança nas populações.
O SIRESP cujo concurso ( muitas suspeitas...públicas) foi público, foi muito mau e a sua gestão privada também não colhe pela competência. O BE para quem a nacionalização é o remédio de todas as coisas, quer a gestão pública do SIRESP.
Eu acho bem. Se não funciona então tente-se uma alternativa. Mas isso leva-nos a outro problema. Os paióis de Tancos. Vamos privatizar a sua gestão ? É que os paióis estão à guarda do exército e que se saiba a sua gestão é pública . Isto mostra bem que o remédio do BE não passa de uma aspirina ideológica e que só por si não resolve nada. Investimento público, gestão pública, propriedade pública. O que não é, isso também é óbvio, uma proposta que vá ao encontro do interesse público.
PS : e a gestão das cantinas da Força Aérea também é pública. Privatiza-se ? E o PS votou contra
Estão lá todos incluindo o melhor amigo de António Costa. Trata-se da PPP do SIRESP . Uma bela história cheia de sombras . E o final não é feliz como tantas outras.
"António Costa acabou por confirmar a adjudicação do SIRESP ao consórcio da Motorola por 485,5 milhões de euros (aproximadamente o valor de um dos submarinos comprados pela Marinha) depois de uma renegociação em que cortou 53 milhões de euros ao preço da adjudicação inicial realizada pelo Governo anterior do PSD/CDS. No entanto, fê-lo reduzindo valências sem obrigar o consórcio a reduzir o preço: o custo previsto seria de 538,2 milhões de euros."
"A operadora da Sonae garantia ter soluções para manter as comunicações operacionais mesmo quando o sistema fosse abaixo. Antes de se passar ao modo de DMO — como aparentemente aconteceu durante o incêndio quando as comunicações falharam — a Optimus apresentava duas alternativas para manter o sistema a funcionar."
"O então ministro da Administração Interna, António Costa, escudou-se numa série de pareceres antes de se decidir por uma nova adjudicação do SIRESP ao mesmo consórcio. Para além da Motorola, esse consórcio reunia o que um antigo responsável da Optimus define como os “suspeitos do costume” — Portugal Telecom, SLN/BPN e BES (acionista da Esegur com a CGD). Para além do parecer do Conselho Superior do Ministério Público que disse que a adjudicação era “nula”, António Costa tinha um parecer da Inspeção-Geral das Finanças a dizer que, do ponto de vista da Parceria Público-Privada (PPP) em causa, “a presente parceria não apresentava vantagens para o Estado”. Portanto, era preciso renegociar as “incertezas económico-financeiras apuradas” para o processo de adjudicação poder prosseguir."
E o SIRESP falhou e falha e ninguém é responsável .
É preciso apurar responsabilidade e incompetências . Não podemos continuar a fazer de conta que não se passa nada.
A “incompetência do Governo não pode encontrar justificação na meteorologia”, berrava o BE em 2015, face a 28 mil hectares queimados e, suponho, morto nenhum. Agora, a actriz Catarina Martins implora no Twitter: “Que venha a chuva. Bom dia”. A brandura é partilhada pelo PCP, o qual, salvo por um patético “pedido de esclarecimento”, refugiou-se no luto. “Luto”, aqui, é código para “ganhar tempo”. Não surpreende a cumplicidade dos partidos comunistas no arranjo. Não surpreendem os esforços do PS na elaboração do arranjo. Não surpreende o aval do PR ao arranjo, visto que já só os ceguinhos não vêem a verdadeira função do prof. Marcelo. E não surpreende a ajuda das televisões e dos jornais à eficácia do arranjo.
O SIRESP ( sistema de comunicações para emergências) pode incumprir nas...emergências.
Está escrito na página 20 do contrato . O SIRESP pode incumprir em caso de incêndios, trovoada, raios, intempéries e assim por diante. Pode deixar de funconar nos casos para que foi comprado e que por isso custou quase 500 milhões.
Pode crer que leu bem. Já o ano passado tinha falhado e agora falhou novamente mas o vendedor não tem obrigação contratual nenhuma. Bem, tem, diz lá no contrato que tem que aprender, tirar as ilações e ir melhorando. Vá lá, uma sorte o estado não ter que pagar uma indemnização.
Os vendedores são gente conhecida. O BPN através da SLN e a PT e uma terceira de que não me lembro. Os donos disto tudo que estiveram em todos os grandes negócios do Estado e que nos levaram à bancarrota.
E com estas falhas morre gente ? Nenhuma responsabilidade dita o contrato, o sistema pode incumprir. E agora sai mais um inquérito para ficarmos a saber que o SIRESP falhou é porque pode incumprir.
Está no contrato na página 20 . Sem desconto, sem desculpas e sem vergonha.