A liberdade sindical de Salgado Zenha posta em causa no Porto de Setúbal
É a Federação de Sindicatos dos Estivadores que denuncia a instrumentalização pelo SEAL - Sindicato dos Estivadores do porto de Setúbal - da luta dos trabalhadores para controlar o movimento sindical nos portos a nível nacional.
A greve não é uma luta dos trabalhadores é uma agenda política que volta 40 anos depois de Salgado Zenha se ter batido pela liberdade sindical.
Em comunicado, a FNSTP refere que, desde o início do conflito, que tem denunciado que a motivação do conflito laboral promovido pelo SEAL/Sindicato dos Estivadores e Atividade Logística “não reside na situação dos trabalhadores portuários de Setúbal, mas no seu desejo de ser o sindicato único, ou seja, de eliminar os outros sindicatos de trabalhadores portuários dos outros portos nacionais e de atingir a unidade sindical”.
MOVIMENTO SINDICAL, UMA QUESTÃO DE UNICIDADE
Uma das lutas políticas mais importantes para a definição do tipo de regime e pelo poder em Portugal após o 25 de abril travou-se entre o Partido Socialista e o Partido Comunista Português a propósito da lei da unicidade sindical. O Partido Socialista, na altura liderado por Mário Soares e Salgado Zenha, opôs-se à tentativa do PCP de implantar em Portugal a unicidade sindical em oposição à unidade sindical, em que diferentes centrais sindicais se unem para lutarem por um objetivo comum.
A unicidade defendida pelo PCP impunha que os sindicatos existentes se unissem numa frente unitária que seria liderada pela CGTP, formada imediatamente após a Revolução de Abril de 1974, a partir da Intersindical e que dominava o mundo sindical.
A luta política e doutrinária à volta da “unidade sindical” versus “unicidade sindical” constituiu um dos momentos históricos mais agudos do combate político travado durante o PREC.
Um exemplo disso foram as comemorações do 1º de maio de 1975. Ao contrário do que ocorrera um ano antes, em que a harmonia fora dominante, permitindo consagrar o triunfo dos Capitães de Abril, as celebrações de 1975 decorrem sob o signo da discórdia. Os incidentes tiveram como palco a cidade de Lisboa, deixando patente o fosso que se cavara entre o PCP e PS. O sonho unitário, imortalizado um ano antes, com o abraço de Soares e Cunhal, desfazia-se definitivamente.