Os sectores prioritários, exportadores, são há muito conhecidos, é só preciso não gastar mal como habitualmente.
Apostar nos setores errados e em empresas sem viabilidade não gera crescimento, antes pelo contrário como aprendemos nas últimas décadas. Por muito generoso que este pacote possa parecer, os outros países também vão receber muito mais. Nas ultimas décadas, Portugal atrasou-se face aos restantes países da convergência. Se agora se voltar a atrasar, pode ser para sempre…
Do lado dos mais prioritários surgem as indústrias exportadoras, como a indústria automóvel, da pasta de papel, agricultura, madeiras, maquinaria, transportes e têxteis e também, serviços de consultoria informática. Já do lado dos menos prioritários, surgem principalmente atividades imobiliárias e de turismo. Curiosamente, o setor dos transportes aéreos está no grupo dos menos importantes, mas foi para já o que recebeu mais apoio, com o empréstimo de 1200 milhões de euros para a TAP, e que será provavelmente o primeiro de muitos…
Analisar o emprego por sectores é bem mais importante do que discutir a seriedade dos números do INE do emprego e do desemprego .
(...)em quatro anos de crise, há hoje mais licenciados empregados do que havia há quatro anos. É um detalhe importante e surpreendente que ninguém tem referido e que resulta bem evidente do seguinte quadro:
Ora aqui está um “efeito da crise” com que eu próprio não contava e que contraria muitos dos discursos dominantes. Aquilo a que assistimos nestes quatro anos é que os empregos que desapareceram foram os ocupados por trabalhadores menos qualificados, os que só tinham até ao secundário.
O maior crescimento tem sido entre os licenciados: temos hoje mais 24% de licenciados empregados do que tínhamos há quatro anos. É um salto enorme, e que contraria a ideia feita de que se está a desperdiçar “a geração mais qualificada de sempre”.
onde foi que desapareceram os famosos 312,2 mil postos de trabalho?
Este quadro é tão ou mais interessante que o anterior. Se repararem bem, a soma dos postos de trabalho perdidos só na agricultura e na construção chegam para justificar o total de postos de trabalho perdidos, pois o que se perdeu na indústria ganhou nos serviços.
Isto significa que o emprego que, como se costuma dizer com ar grave, foi “destruído”, era emprego que não tinha futuro ou viabilidade. Os sectores onde o emprego começa a recuperar, especialmente o dos serviços, como já se nota comparando trimestres homólogos, 2015 com 2014, são os que têm futuro.