No PCP é dado como adquirido que não haverá acordo
Quando Jerónimo de Sousa diz que " o PS só não será governo se não quiser " esquece-se, como sempre, de dizer " se aceitar as nossas condições." Ora, a verdade é que as condições impostas pelo PCP são inaceitáveis .
Não se apagam 40 anos de divergências numa negociação imprevista, apressada e sujeita a ser avaliada pelos cidadãos como uma trapaça. Insistir nesta loucura será um acto de desespero muito em breve celebrado pelos principais visados da operação: o PSD e o CDS.
Mas mesmo que a conformidade com o texto constitucional esteja garantida, a manobra de bastidores de António Costa justifica a sensação de que a democracia portuguesa se transformou numa trapaça feita à vista de todos. Qualquer governo do PS apoiado pelo Bloco e pelo PCP não escapará a este pecado original. É um nado-morto que ameaça arrasar a credibilidade que resta ao PS.
O eleitorado do PS é por definição moderado e votou num programa prudente. Por acaso acredita Maria Lurdes Rodrigues que se o PS se apresentasse às eleições com o mandato de fazer um governo negociado com os partidos à sua esquerda teria 32.5% dos votos? Por acaso não lhe parece que uma boa parte, talvez até a maior parte dos 1.7 milhões de cidadãos que votaram no PS estão irritados com as negociações em curso?