"Unimor-nos numa comunidade permite-nos viver em prosperidade e legar o modelo social europeu aos nossos filhos e netos. E, em geral, a situação actual da Europa até é positiva.
Todos os estados membros da zona euro estão a crescer e a zona euro, como um todo, assiste a um crescimento ininterrupto há 16 trimestres. Tudo isto mostra que as reformas estruturais e uma política orçamental responsável têm os resultados desejados. Portugal é o melhor exemplo disso."
A "velha raposa" abandonou recentemente a linha da Europa federalista que apadrinhou ao longo de décadas . Sempre defendendo a Europa, assumiu em Junho último, à saída de uma reunião em Bruxelas, que as alterações da "União" são neste momento praticamente impossíveis.
Agora, diz, é a altura para fazer uma maior integração a partir de uma base intergovernamental .
O ministro das finanças alemão elogia o caminho que Portugal tem trilhado desde o memorando da Troika.
Elogia o trabalho de Vitor Gaspar num contexto muito dificil e o trabalho de Mário Centeno na consolidação orçamental.
De passagem refere-se a 2016 e ao 2º resgate que esteve perto já depois da tomada de posse do actual governo. Foi nessa altura que Centeno, conhecedor, inverteu as prioridades, largando o crescimento do consumo interno e voltando às exportações. As exportações são uma treta dizia a ignorante Catarina Martins
Schäuble aproveitou para recordar as críticas deixadas ao país no final da primeira metade de 2016 . “Sempre que as despesas de um Estado altamente endividado saem fora do controlo, deixa de haver acesso a novos créditos nos mercados financeiros e, em última consequência, poderá ser necessário aplicar um programa de assistência. Lançar alertas nesse sentido pode não ser uma medida popular, mas o contexto mantém-se válido.
Recentemente o Sr Schauble, produziu uma série de intervenções elogiosas aos resultados das nossas finanças publicas. As nossas esquerdas, que antes o vilependiavam e sempre o acusaram de estar errado na sua teimosia e ortodoxia sobre a necessidade de todos os países da zona euro colocarem as suas contas publicas em ordem, eliminando os deficits, e reduzindo a divida publica, agora passaram a elogiar aquele a que antes chamavam de besta.
E para poderem esconderem a sua incoerência, e não admitirem que anteriormente estavam errados em toda a linha, quer sobre o sr. Schauble, quer e sobre a absoluta necessidade de termos que colocar as contas publicas, em ordem, justificam a sua nova opinião, alegando que o sr Schauble é que alterou o seu pensamento.
Caras esquerdas, lamento informar-vos, mas não foi o sr. Schauble que mudou. Foram vocês que mudaram. Foram vocês é que andavam a prometer fazer uma coisa, e tiveram que fazer outra, engolindo um sapo do tamanho do mundo. E o sr Schauble basicamente limitou se a dar conta disso, e elogiou o facto de terem mostrado algum juízo.
Quem abandonou a ortodoxia, foram as nossas esquerdas, ao terem descontinuado as políticas despesistas baseadas em aumentos de despesas publicas financiadas por deficits públicos.
Quem deixou de ser besta, não foi o sr Schauble. Foram vocês.
Portugal pagava taxas de juro de dois dígitos e agora paga 4% .O problema é que a dívida cresceu irresponsavelmente e o problema é o mesmo. Uma factura que a débil economia, a crescer a 1,4%, não consegue pagar. Não se fale pois de injustiça.
O Euro deu a países mais pobres e com economias menos robustas acesso a um mercado de financiamento abundante e com taxas de juro muito baixas.
É preciso não esquecer que apesar do efeito “anestesiante” da política monetária do BCE, as taxas de juro a 10 anos de Portugal estão neste momento no limiar daquilo que o país aguenta e que os mercados aceitam. Com as taxas a 10 anos acima dos 4% desde há mais de 4 meses, dificilmente as taxas voltarão a descer desse patamar.
Esse facto coloca duas questões: a primeira é como vão reagir as taxas de juro de Portugal quando o efeito do BCE se reduzir e esgotar? Subirão para valores em torno dos 5%-6%? A segunda é como vai Portugal financiar-se nos mercados em 2018 e 2019, se as taxas subirem para esse patamar dos 5%-6%?
Desde o início de 2016 que o IGCP não faz um leilão, mas apenas operações sindicadas, denotando insegurança e algum receio face à reação dos mercados.
Desde então, os investidores estrangeiros quase desapareceram das compras de dívida pública. Estamos no mercado primário de novo a sustentar as emissões no setor financeiro nacional (e em parte num aumento significativo do retalho) e no mercado secundário com as compras do BCE e do Banco de Portugal, via “Quantitative Easing”.
as agências de rating não vão subir a notação de Portugal, pelo que é expectável que esta se mantenha em “lixo” nos próximos tempos. Note-se que a entrevista do ministro Centeno ao Financial Times a semana passada, a queixar-se das agências de rating, é um sinal de desistência.
Os avisos que nos são enviados pela Comissão Europeia e pelas outras instituições financeiras não deviam ser ignorados . Factos são factos .
A gente até nem acredita. Soluções intergovernamentais pedem Jerónimo e Schauble embora não procurem a mesma coisa. Mas o método é o mesmo. Se não é com a União Europeia vai com os países "à la carte".
Jerónimo quer reverter os tratados europeus ( à revelia dos povos ) e Schauble quer fazer avançar as soluções centralizadoras ( à revelia dos povos). Os extremos encontram-se sempre mais tarde ou mais cedo. Mas por mais vezes que tal aconteça é sempre com estupefação que damos conta como é uma realidade.
"O resultado do referendo britânico, em suma, na perspectiva de Jerónimo de Sousa, constitui "uma oportunidade para se enfrentarem e resolverem os reais problemas dos povos, questionando todo o processo de integração capitalista da União Europeia e abrindo um novo e diferente caminho de cooperação baseado em Estados soberanos e iguais em direitos".
"Wolfgang Schaeuble rejeitou a ideia de reagir ao "Brexit" retirando poderes a Bruxelas e devolvê-los aos Estados membros: "Isso não resolve os nossos problemas. Agora não podemos lidar com as mudanças complicadas nos tratados que exigem a unanimidade", disse ele."
Bastou António Costa dizer que Portugal ia muito bem muito obrigado, que estávamos a cumprir com as regras europeias, que a economia ao contrário do que diz Centeno está de óptima saúde, para o ministro das finanças alemãs vir dizer que estávamos mesmo a pedir um resgate.
"Eles têm de cumprir as regras europeias ou então vão ter dificuldades", disse o ministro das Finanças alemão em Berlim.
O Ministério das Finanças português já garantiu que "não está em consideração qualquer novo plano de ajuda financeira a Portugal, ao contrário do que o governante alemão inicialmente terá dito". No comunicado lê-se ainda que "o governo continua e continuará focado no cumprimento das metas estabelecidas para retirar Portugal do Procedimento por Défices Excessivos".
De vitória em vitória até à derrota final eis o caminho da geringonça. Que dirá disto Jerónimo e Catarina ? Vão continuar a apoiar Costa quando a verdade chegar ? Isto promete, infelizmente.