Quando o povo quiser a revolução o sargento Coelho estará ao seu lado. Com armas letais mas que não podem ser usadas levianamente. Ora é isso mesmo que se espera do sargento Coelho. É, que, Portugal tem uma maioria na Assembleia da República, um governo legítimo e os órgãos do estado democrático a funcionar. E, há quarenta anos que o povo, sistematicamente, vota "nos tais partidos". E as sondagens apontam que vai continuar a ser assim.
O sargento Coelho confunde desejos com a realidade e, que se saiba, ninguém lhe encomendou o sermão para, num país democrático, vir falar de revolução de mentalidades que, pelos vistos, o sargento Coelho ( grande orientador do voto do povo) quer que passem a ser iguais à sua. O que é antidemocrático é que, o sargento Coelho, esconda a natureza da sua militância ideológica com a neutralidade que a sua farda exige.
A mim também me cortam a pensão e eu não vou entregar carta nenhuma a Belém. Os militares deviam ser os últimos a protestar contra a austeridade. Porque fazendo-o, agora, parece estarem a tomar partido e, isso, num militar, é coisa feia.
Para além do estatuto que lhes reconheço e não esqueço, nunca vi os militares irem a Belém dizer ao Presidente da República que estavam muito preocupados por terem colégios onde o custo por aluno é três vezes maior que nos outros colégios. Que só em Lisboa têm quatro hospitais e que só ao fim de quarenta anos é que os juntaram num só. E não estou a contar com o hospital militar do Porto. Quantos milhões se desperdiçaram nestes quarenta anos?
Os militares, ou as suas associações, deveriam cuidar da sua reputação quase sempre exemplar e não se meterem em guerras que não são suas. Porque se formos "limpar armas" todos nós temos muitas culpas de isto ter chegado ao "estado a que isto chegou" como disse na noite memorável, o herói de Abril, Capitão Salgueiro Maia!