Já são conhecidas há muito por essa Europa fora. Com o atraso habitual estão a chegar agora cá.
A ideia-chave é a criação de um modelo social que defenda diretamente as pessoas em vez de proteger corporações.
O dinheiro dos impostos deve ser investido diretamente nas pessoas, não se perde em estruturas e corporações. O Estado não tem de ter hospitais e escolas, até porque sabemos o caos dispendioso dessa realidade; o Estado tem, isso sim, de auxiliar diretamente as pessoas através de seguros (na saúde) e cheques-ensino (na educação). O soberano deve ser uma garantia forte e ágil, não um prestador gordo e ineficaz.
As Parcerias- Públicas -Privadas são um bom exemplo .
O Aliança de Pedro Santana Lopes só tem dois meses de vida, período de tempo insuficiente para lhe dar visibilidade mas, assim mesmo, arranca com 4% das intenções de voto.
O PCP anda por cá há muito tempo e anda pelos 7%, o BE pese embora o apoio de grande parte da comunicação social também não vai acima dos mesmos 7% e o mesmo se diga do CDS . E a experiência tem-nos mostrado que não irão muito mais além.
Quanto ao PSD que já ganhou muitas vezes e perdeu outras tantas pode sempre recuperar e não parece que desça muito mais. Mas também não irá crescer muito mais.
Estas considerações mostram bem que os 4% da Aliança são notáveis atendendo ao potencial de crescimento com o aumento de visibilidade que os próximos meses trará. E se Santana Lopes agarrar três ou quatro grandes questões políticas que o actual governo, por manifesta falta de apoio do PCP e do BE, não conseguiu colocar em cima da mesa pode ser um caso sério.
A saber : 1) aliviar a carga fiscal sobre as empresas por forma a que possam pagar melhor aos trabalhadores 2) diminuir a carga fiscal sobre o consumo por forma a que os trabalhadores possam ter maior poder de compra 3) incentivar o investimento privado 4) repor o investimento público .
O que vem aí é uma redução do crescimento da economia o que se combate com as propostas acima expostas e não com mais despesa pública . Guterres com o pântano e Sócrates com a quase bancarrota mostraram bem que assim é.
Se não for este o caminho o SNS vai contra a parede e os doentes vão continuar a esperar mil dias para serem tratados.
Santana Lopes tem experiência de governação suficiente para saber como se faz.
Os desafios internos e externos com que Portugal e os portugueses se vão defrontar são demasiado exigentes e complexos para que o país fique dependente da agenda política de um partido como o Bloco de Esquerda. O PS debateu e fez o balanço dos resultados eleitorais durante as últimas semanas e percebeu que o país precisa de centrar as suas preocupações nos próximos anos em matérias que têm pouco a ver com uma agenda política extremista, estatizante e não reformista.
"É politicamente correto dizer-se que não pode haver prospeção de petróleo na costa portuguesa. Mas porquê? Prejudicar o turismo? Riscos de derrames nas costas? Em Portugal fazemos tudo para sermos mais pobres do que os outros. Os que já são ricos ainda fazem mais prospeção de petróleo. Faz-me confusão os preconceitos e ir atrás dessas correntes de opinião."
A recente sondagem mostra que Rui Rio ganha folgadamente a Santana Lopes e que vai ser o próximo presidente do PSD.
Depois tem dois anos que vão ser muito difíceis para António Costa para mostrar o que vale. A economia crescerá menos que em 2017, grande parte do aumento de salários e pensões já é despesa efectiva, o BCE está a apressar a retirada da compra de dívida o que fará subir os juros e o petróleo vai na casa dos 70 dólares o que não acontecia há vários anos.
E a dívida em valor absoluto vai manter-se ao nível que está o que quer dizer que os juros a pagar vão continuar ao nível a que estão : 7,4 mil milhões a maior rubrica do orçamento logo após a despesa da saúde.
PCP e BE com o caderno de encargos mínimo concretizado vão agora subir a parada com novas exigências e já se admite que quer no Novo Banco quer na CGD os muitos milhões lá injectados são uma espada afiada sobre o cepo do défice.
É preciso afastar da área do governo os partidos anti-União Europeia .
Hoje na televisão Rui Rio deixou escapar " que ele (Santana) tem os mesmos números (sondagens) que eu e sabe que vai atrás por isso desce o nível do debate com ataques pessoais".
Por outro lado é no norte que o PSD tem mais militantes e é também por isso que os dois candidatos se centram naquele região onde Rui Rio é mais conhecido e apreciado.
Mas a festa acabou. Estes últimos dias de campanha têm que ser decisivos no esclarecimento do país quanto aos programas eleitorais propostos. Em que é que são diferentes e como esperam bater Costa ?
Numa chamada à primeira página de uma entrevista a Rio, um dos jornais diários publica que "Rio pode apoiar um governo PS" . Isto é um tremendo tiro no pé, é a última coisa que um PSD quer ouvir . E a nível nacional será apreciada a posição de Rio se essa for a única forma de tirar PCP e BE do poder ? É que sem maioria absoluta o PS continuará prisioneiro da extrema esquerda.
Pior do que as fragilidades de Santana Lopes é não as reconhecer. Pelos vistos, quem diz que Santana venceu o debate acha que este provou que o seu governo não tinha feito trapalhadas nenhumas, que Jorge Sampaio foi um malandro em ter corrido com ele e que Sócrates conquistou uma maioria absoluta por obra e graça do Espírito Santo. Esses analistas também valorizaram aquela jogada de fino recorte ético que foi Santana ter falado de uma entrevista de Rio um mês depois de aquele ter sido nomeado primeiro-ministro, logo, e por definição, antes das trapalhadas e em que, claro está, Rio teria elogiado o companheiro de partido
A assuntos como o gigantesco problema que temos com a justiça e com o funcionamento do Ministério Público e à forma como Rui Rio, de forma corajosa e impopular, o abordou não foi dada qualquer importância; à coerência da sua opinião sobre financiamento partidário - também impopular - não foi dado qualquer destaque. Rio só mereceu elogios quando cedeu ao método santanista de debate e falou de uma vontade de o antigo provedor da Santa Casa Misericórdia de Lisboa, velha de 1996, fazer um novo partido.
E que engenho o de Santana Lopes que foi capaz de há uma semana ter dito que achava que o financiamento partidário devia ter todo origem privada e na quinta-feira mudou de opinião sem que ninguém tivesse dado por nada. "Santana deu um baile", alguém disse. Deve ter sido por Santana Lopes ter mostrado preocupação com a segurança do país, nomeadamente a enorme problemática das caixas multibanco.
Santana Lopes tem fragilidades que não há como esconder. Tal como António Costa. Um debate entre os dois ameaça tornar-se num combate de boxe. Sem regras e com golpes baixos que, como se sabe, são ténicas que exigem especialistas.
A entrevista de Santana Lopes transmite uma energia, um entusiasmo e uma confiança que é todo um programa.
Percebe que o caminho que António Costa trilha é poucochinho, que sem crescimento económico sustentado e duradouro o resultado será o mesmo de sempre. Aqui ao lado, em Espanha, o PIB cresce 3% há três anos consecutivos. E o que nos vale é Espanha, a França e a Alemanha que crescem e que são os nossos principais compradores . E já agora o BCE com o seu programa de compra de dívida. Logo que estes factores terminem vamos olhar à volta e percebemos que estamos no lugar que sempre ocupamos. O fundo da tabela.
Santana Lopes não se resigna e não consegue aceitar que Portugal pelo menos não seja igual à média europeia. O PS gosta de governar com o PCP e o BE que tudo fazem para que o país saia da União Europeia e da Zona Euro . Governo este que cumpre escrupulosamente os ditames de Bruxelas. Se fossemos ouvir o que dizia António Costa antes das legislativas, o que ele disse dos compromissos de Passos Coelho com Bruxelas.
Os mesmos que aplaudiam o "menino de ouro" são os mesmos que hoje aplaudem este governo que se apoia no PCP e no BE . E quanto ao "menino de ouro" depois viu-se o que foi.
Em vez de um governo poucochinho apoiado em partidos que tudo fazem para que Portugal não tenha sucesso numa Europa de sucesso, o país tem que seguir uma linha de entusiasmo só possível para quem acredita no objectivo que procura alcançar.
A reorganização do território sector de que António Costa foi ministro e que os incêndios e as mortes mostraram a situação caótica a que chegou . A saúde que tem listas de espera de doentes cada vez maiores e que não paga a fornecedores e que tem médicos e enfermeiros indignados. A Segurança Social com um ministro fragilizado e que paga pensões profundamente desiguais. Sem nenhuma reforma estrutural à vista, são sectores que Santana Lopes elege como prioritários.
Este entusiasmo e esta confiança em Portugal e na União Europeia é o caminho certo, percorrendo-o com quem acredita nele e não com quem só o percorre por razões tácticas de curto prazo.
É muito e mais que suficiente para não haver dúvidas . Caso ganhe cá estarei a favor de Santana e contra a geringonça ou quem a substituir.
Santana Lopes que é como é, com as suas qualidades e os seus defeitos. Agora dá o dito pelo não dito e rectifica a entrevista ao Expresso, não a corrigir-se a si próprio mas ao jornal.
... comunicado da candidatura de Santana Lopes a desmentir as afirmações deste sobre Rui Rio na entrevista que deu ao Expresso. Afinal para Santana Lopes Rui Rio não é "limitado e paroquial". Tem apenas "uma visão limitada" e uma "visão muito paroquial". Felizmente que a candidatura estava atenta e corrigiu as falsidades do Expresso.
Mas algumas pessoas acham mesmo que o melhor é a gente discutir o futuro porque o passado e agora o presente estão cheios de trapalhadas e isso num primeiro ministro não interessa nada.
É disto que Santana Lopes vive politicamente. As trapalhadas que sempre o acompanharam e que pelos vistos acompanham .
Desta vez é Vieira da Silva que vem dizer que a iniciativa de a Santa Casa entrar no sector financeiro foi de Santana Lopes e que a indicação do Montepio foi do governo.
Trapalhada por trapalhada, quando foi este governo que renovou o mandato a Santana Lopes à frente da Santa Casa fica-se com um travo amargo. As coisas nunca são como parecem mas em política o que parece, é . É esta a percepção da população.
Com Rui Rio não há trapalhadas porque é por natureza um homem rigoroso. Com ele as coisas são o que são, preto no branco. Quem é que em pleno debate teria a insensatez de questionar a Procuradoria Geral da República justamente quando, com Joana Marques Vidal, há tantos poderosos no Pelourinho ?
Mas com Rui Rio não há trapalhadas embora possa haver incómodos politicamente incorrectos. Com Rio já estamos a avançar na transparência e na verdade. Ele diz o que tem a dizer. Não é isso que todos procuramos na classe política ?
Admiro-o por isso, há poucos como ele na classe política mas quando aparecem são mal quistos. Não nos podemos queixar.
Vejam as declarações de Vieira da Silva, como tenta na sua habitual linguagem de trapos, convencer-nos que na Europa investir na banca é o mesmo que tomar posição societária num banco em grandes dificuldades. E numa Mutualista falida. E valorizar uma participação que avalia um banco em 2 000 milhões quando o Montepio não vale nem metade. Em Espanha a notícia que o dinheiro dos pobres vai ser utilizado para salvar um banco é notícia.
Estamos conversados quanto a trapalhadas.
São estas as trapalhadas em que Santana Lopes se deixa envolver