Basta o estado sacar menos para os trabalhadores ganharem mais
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No privado há já muita gente com a angustia de não ter salário ao fim do mês.
Avizinha-se o fim do mês. Para muitos, para além da chatice da quarentena e do, maior ou menor, pânico quanto aos efeitos do covid19, a angústia não passa por saber se têm salário ao fim do mês. São funcionários públicos, uma designação que ganha um sentido especial em todos os que estão diretamente (indiretamente, temos de estar todos) envolvidos na luta pela salvaguarda da saúde pública.
Em muitos mais lares de trabalhadores do setor privado, a angústia domina. E muitos, como os trabalhadores dos supermercados, mercearias e de todas as empresas que trabalham para garantir o abastecimento público, merecem ser incluídos naqueles que, às 22 horas, aplaudimos. Também eles prestam um serviço público. E, no entanto, mesmo entre eles haverá os que, na melhor das hipóteses, verão o seu salário reduzido pela via do lay-off, enquanto outros terão no desemprego o seu destino imediato e no respectivo subsídio a sua fonte de rendimento.
Os salários dos professores portugueses são francamente abaixo dos alemães e holandeses, estão pouco abaixo abaixo dos finlandeses, são iguais aos franceses e aos espanhóis e superiores aos italianos, quatro países com níveis de PIB e de rendimento per capita bem acima do nosso.
É um dos resultados da captura do Estado português pelos sindicatos dos professores. Com um salário que é cerca de 40% do finlandês, 45% do francês, 50% do italiano e 60% do espanhol, o português médio paga de impostos tanto como os cidadãos destes países para que os salários do seus professores sejam iguais aos praticados nestes países.
PS - Daniel Bessa - Expresso
Quando não se quer chegar a um entendimento qualquer argumento serve. Agora a Comissão de Trabalhadores quer um aumento de salário de 6% que é o dobro do proposto pela administração da fábrica.
Isto quando a inflação não chega aos 2% mas os sindicatos querem somar-lhe o que prevêem de aumento da produtividade tendo em conta o número de viaturas fabricadas com o novo horário de 24h, incluindo o sábado e com descanso ao domingo.
Se os salários estivessem relacionados a um prémio extra segundo os objectivos alcançados esta questão não se colocava. Objectivos negociados, alcançados, e os trabalhadores receberiam o combinado. Mas este esquema conhecido há tanto tempo nunca vingou nesta e noutras empresas por cá. É que aumentar o salário é uma forma de ganhar mais no presente e no futuro sejam quais forem as condições económicas e financeiras da empresa.
Transforma-se um custo variável num custo fixo. No fundo é tentar que o processo salarial usado nas empresas do estado e na própria administração pública seja adoptado nas empresas privadas que, ao contrário das públicas, vivem em mercado concorrencial.
E a Autoeuropa vai-se desgastando e perdendo credibilidade neste conflito sem fim à vista . Qual será a exigência que se segue ?
Não vale a pena mentir e dizer que se vai aumentar salários e pensões e descongelar carreiras e, ao mesmo tempo, reduzir o IRS . Quem o diz é um economista deputado do PS.
Não é possível.... Os cenários alternativos que apresentamos ao nosso é não haver quase nenhum desagravamento fiscal. Veja, no nosso cenário base está previsto um desagravamento do IRS nos dois primeiros anos, do IRC em 2020 e 2021 e do IVA só em 2021. Mas é um desagravamento muito moderado. 200 milhões em IRS é quase nada.
Não é possível, ao mesmo tempo, descongelar carreiras, aumentar emprego público, fazer actualizações salariais, pagar a fornecedores da Saúde e reduzir impostos. Isto não é possível, é do domínio da alquimia. Para não estarmos no domínio da alquimia, temos de trabalhar com pacotes de medidas. Não podemos discutir medidas casuisticamente, temos de discutir pacotes de medidas .
A esquerda [BE e PCP] tem que escolher, mas tem que escolher dentro do menu. Se quer aumentar pensões, então tem de dizer que não é importante descongelar os salários na função pública. Do nosso ponto de vista, a prioridade deve ser descongelar salários e carreiras, porque estão congelados há muitos anos e isso tem consequências na qualidade do funcionalismo público. Essa deve ser a prioridade. No nosso cenário não está um novo aumento extra de pensões! Os partidos à esquerda do PS têm de saber muito bem o que é que querem. O desagravamento fiscal não deve ser a bandeira da esquerda. É a da direita. Se quiserem adoptar a agenda da direita de reduzir os impostos, então não há dinheiro para descongelamento das carreiras.
Não vale a pena tentar parar as águas de um rio com as palmas das mãos . Da mesma forma não vale a pena tentar parar a robotização do trabalho porque ela é inexorável. Quando o primeiro tear mecânico chegou a Inglaterra a Rainha Vitória vetou a sua utilização . E sabe-se a luta que os trabalhadores travaram para impedir a industrialização da economia.
Mas se a robôtização vai tirar postos de trabalho é preciso desde já preparar os trabalhadores para as novas tarefas que os esperam. Porque serão criados novos sectores em que a presença humana será necessária ( tomar conta de crianças e idosos por exemplo ) libertar "massa cinzenta" que só o ser humano possui . Acelerar a investigação e a inovação, criar novos produtos cada vez mais inovadores e mais baratos que chegarão a todos.
E, quanto aos problemas da taxação dos impostos para o estado e para a Segurança Social ? Taxar os robôs, ou seja, taxar os postos de trabalho seja a função exercida por robôs ou por seres humanos ? Ou pagar um salário universal a todos os trabalhadores sem trabalho ?
A produtividade continuará a crescer em flecha , a riqueza produzida será muito maior, com muito menos custos . Acredito que no curto prazo este caminho possa ser controlado até certo ponto mas, a médio e longo prazo estaremos perante "uma crise de transição" bem mais profunda do que a que vivemos actualmente.
É preciso começar a pensar ( o que exige mais gente a investigar e a formar-se) para fazer o que só o homem pode fazer. E isso, não há robô que o faça.
Na Finlandia entrou-se num teste que vai durar dois anos e que envolve 9 000 pessoas desempregadas. Como é que os envolvidos vão reagir recebendo 560 Euros sem trabalhar ?
Finlândia tornou-se o primeiro país da Europa a pagar aos seus desempregados um rendimento básico mensal, no montante de 560 euros, uma experiência social inédita que pretende cortar a burocracia, reduzir a pobreza e fomentar o emprego.
Vai ser muito interessante observar como as pessoas se vão comportar”. “Vai levá-los a experimentarem diferentes tipos de empregos? Ou, como alguns críticos acusam, vai torná-las preguiçosas, depois de saberem que vão receber um rendimento básico sem fazerem nada?”.
Se não há trabalho para todos o melhor mesmo é deixar as pessoas optar por diferentes formas de estar . É bem melhor do que ter um exército de funcionários públicos a trabalhar a tempo inteiro a controlar , que é uma forma de não fazer nada com custos acrescidos.
Portugal é um bom exemplo, basta contactar por uma vez os serviços de emprego.
Estamos contra, não aceitamos, exigimos este caminho de reposição de rendimentos...depois vamos ver amocham como os outros.
Ver o velho e coerente PC amarrado de pés e mãos e a engolir o próprio veneno dá que pensar. Como todos os outros há que ceder nos rendimentos e pensões para segurar os transportes estatais. E a tristeza de ver a CGTP a fazer de conta que se vai a eles...
Se o que está a acontecer fosse com um governo PSD não faltariam manifestações de rua mas como se trata da geringonça nem piam. Jogos de poder tal como todos os outros. Esperemos que acabe de vez aquela história da defesa intransigente dos trabalhadores em qualquer circunstância.
A UGT não ameaça, está disponível para negociar. Em 2017 os salários congelam. Mais uma palavra dada que não é honrada.
Uma vez nos idos de setenta li um cartaz levantado por um trabalhador que dizia " Dá-me o teu aumento que eu dou-te o meu ordenado". Ficou gravado.
No entanto não havia as disparidades que hoje encontramos nas grandes empresas. Creio que o salário deve reflectir o valor do trabalho produzido por cada trabalhador mas é por isso mesmo que me questiono sobre os valores que podemos encontrar na lista seguinte. Qual é o limite ? Veja aqui:
A narrativa é sempre a da igualdade. Somos um dos países da UE onde há mais desigualdade mas sempre que há uma oportunidade cavamos ainda mais o fosso. Se não vejamos :
De acordo com as contas da consultora, um funcionário público que receba 1.600 euros mensais brutos vai receber em janeiro mais 22,87 euros líquidos (2,08%) do que dezembro, enquanto um que receba 2.000 euros mensais ganhará mais 2,61 euros (0,19%).
Nos ordenados mais altos, um trabalhador do setor do Estado com um salário bruto de 3.000 euros por mês vai auferir mais 50,84 euros líquidos (2,95%) e um outro com um ordenado de 4.000 euros mensais vai levar para casa mais 54,97 euros ‘limpos’ (2,55%).
Quando trabalhava em empresas industriais ouvia muitas vezes quando passava " dá-me o teu aumento que eu dou-te o meu ordenado". Era uma frase que me afligia porque no essencial correspondia a uma injustiça que se justificava por as percentages de aumento se aplicarem a vencimentos base muito diferentes. Quem ganhava mais, mesmo com uma percentagem de aumento mais pequena, passava a ter uma diferença ainda maior para os que ganhavam menos. Nunca houve, nem há, a coragem de congelar os salários mais altos para que os salários mais pequenos possam crescer e a diferença reduzir-se.
As carpideiras de serviço não tardam voltam à carga a apontar a desigualdade. Não fazem é nada para que diminua. Que falta fazem 50E a quem ganha 4 000 euros?