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BandaLarga

as autoestradas da informação

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Com a descoberta das vacinas a TAP quer ser como sempre foi

Os sindicalistas querem que os cenários para a TAP levem em conta a descoberta das vacinas. Como se antes da pandemia a companhia fosse viável. Quem sempre viveu de subsídios não aceita viver de outra forma.

“As projeções de evolução do mercado subjacentes ao Plano datam de outubro de 2020, e nelas não se encontram refletidas as evoluções recentes da situação da pandemia Covid-19, designadamente o impacto da descoberta das vacinas e dos planos de vacinação que se encontram neste momento em elaboração”, escreve o sindicato ao ministro.

A vacinação ainda nem começou e a imunidade da população vai demorar a chegar lá para 2022/23. Entretanto há uma estrutura de custos que absorve cerca de 100 milhões/ mês. Que o país não aguenta.

Além disso ninguém ainda é capaz de dizer o que será o negócio aéreo pós covid19. A única certeza é que muito vai mudar e que companhias com a dimensão da TAP dificilmente terão lugar, entaladas entre as grandes companhias (3 ou 4 na europa) e as low costs. Mas isto há muito que se sabe, não é em vão que as companhias se foram juntando e que essa concentração vai acelerar.

E sabem uma coisa ? Ninguém aceitou a TAP como parceira.

A TAP com menos trabalhadores, menos aviões e menos rotas

Vai ser com muita dor e com muitos custos e já ninguém tem coragem de dizer o contrário. A TAP vai ser mais pequena, regional, para atender às necessidades de um pequeno país e à diáspora .Ou então vai juntar-se a um grande grupo internacional como já fizeram todas as grandes companhias aéreas europeias com excepção da Alitália..

Dito de outro modo, ninguém quis e ninguém quer a TAP. Talvez após a reestruturação, perdidas as ilusões ideológicas de ter uma companhia de bandeira.Menos trabalhadores, menos aviões e menos rotas. Entretanto os contribuintes pagam.

A empresa não foi nacionalizada mas o ministro e os sindicatos aplaudem como se o tivesse sido. Quando a factura começar a chegar com milhares de trabalhadores despedidos vamos ver se a paixão é para durar.

O accionista privado levou 55 milhões por 25% de uma companhia falida .Há uma explicação para este negócio de Neeleman, o pecado original: O parassocial que lhe foi dado em 2016 quando foi renegociada a posição acionista do Estado para 50%. Com aqueles cintos e suspensórios, só podia dar nisto, independentemente da narrativa política deste negócio.

Com certos amigos não precisamos de inimigos.

A TAP vai encolher muito em rotas e em trabalhadores

Os accionistas privados não aceitam converter os empréstimos em capital e, sem isso, o accionista Estado não mete lá os 1,2 mil milhões já e os 300 milhões que já se falam para meter lá para o fim do ano.

A Comissão Europeia exige uma reestruturação o que implicará uma redução drástica da companhia em aviões, rotas e trabalhadores. E a eventual nacionalização não resolve nenhum desses problemas. Sem isso não há dinheiro europeu para a companhia.

Os accionistas têm que negociar e encontrar uma solução a tempo de a situação não piorar. É que as outras companhias europeias já o fizeram e estão a iniciar a recuperação. E vão começar a voar para Faro, Porto e Lisboa com os aviões da TAP em terra. 

Sem  ajuda imediata a companhia ficará sem liquidez em poucas semanas, em ruptura financeira. Mas as regras europeias exigem a repartição de encargos com accionistas e credores, retirada de rotas deficitárias e alienações e medidas comportamentais que limitam a actuação da empresa.

E a questão é bem óbvia e clara. Como pode a TAP ser uma companhia de bandeira num sector onde há tão forte concorrência ?

A reestruturação da dívida levada a efeito pelo Banco Central Europeu

A política monetária do BCE executou a reestruturação da dívida que tantos exigiam.

Por ocasião da 11.ª avaliação do Programa de Assistência Económica e Financeira (a última antes da saída oficial da troika do país), o FMI previa que em 2018 a despesa com juros atingiria 8,6 mil milhões de euros (4,5% do PIB), aproximadamente o mesmo do que o Serviço Nacional de Saúde. Este elevado valor dos juros era explicado pela conjugação de uma dívida pública elevada com a expectativa de uma subida futura dos custos de financiamento.

Há dois elementos cruciais na política seguida pelo BCE desde 2014: a redução sistemática das taxas de juro e o programa de compra de títulos da dívida pública (conhecido como PSPP). A principal taxa de juro do BCE, que era de 1% quando Mario Draghi tomou posse em 2012, já havia caído para 0,25% no final de 2013 e continuou a cair até atingir 0% em 2016 - com a promessa de que assim permaneceria por muito tempo (o que aconteceu até aqui).
Tão ou mais importante, a partir de 2015 o BCE deu início ao PSPP, um programa que se traduziu na compra de títulos de dívida dos Estados membros da zona euro num valor superior a mais de dois milhões de milhões de euros (o equivalente a dez vezes a riqueza produzida num ano em Portugal).
O BCE tornou-se assim o maior detentor de dívida pública nacional, com mais de 36 mil milhões de euros de títulos na sua posse. Embora o programa tenha sido interrompido em 2018, o BCE anunciou que os montantes que receberá quando os títulos atingirem a maturidade serão reinvestidos, assegurando dessa forma um elevado nível de procura das obrigações do tesouro.

Os pândegos dizem que devemos sair do Euro !!!

Relatório da dívida no fundo da gaveta

O relatório para a restruturação da dívida pública vai direitinho para a gaveta. O governo faz bem, não tem ponta por onde se pegue.

Faz bem. Como aqui se mostrou, a tal "reestruturação" é ficção política e as poucas medidas de gestão da dívida pública que fazem sentido são as que já estão em execução há muito. Nomeadamente o reembolso antecipado ao FMI, cujas obrigações rendem juros mais altos.

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Então sobre reestruturação da dívida estamos conversados ?

Afinal a proposta apresentada para a reestruturação da dívida pelo BE e PS não propõe nenhum corte, nenhum perdão de dívida. E as razões são fáceis de entender.

Se não pagássemos aos credores internacionais o país ficaria fora dos mercados financeiros durante 20, 30 ou mesmo 40 anos ( veja-se o caso da Argentina).

Se o estado não pagasse, cá dentro, aos bancos e aos restantes credores ( indivíduos e famílias) todos iriam para a falência.

Realmente ficaríamos todos com as pernas a tremer mas não seriam os alemães. A extrema esquerda e os seus populismos em todo o seu esplendor . A montanha  pariu um rato .

E porque é que ninguém teve coragem de se atravessar por uma “reestruturação”, se durante tanto tempo a apregoaram?

Para responder a isso, é preciso perceber quem são hoje os detentores da dívida pública Portuguesa (dados de abril do IGCP). A nossa dívida pública de médio e longo prazo ronda os 240 mil M€ (240 bis). Destes, o setor financeiro (banca e seguros) tem 53 bis; os particulares nacionais (retalho) têm 31 bis; a Segurança Social tem 8 bis e o Banco de Portugal (via QE) tem 20 bis (valores aproximados para todos). Ou seja, os nacionais têm neste momento 112 bis, o que perfaz quase 50% da dívida pública.

A restante dívida está nas mãos do BCE (15 bis, via QE e sobretudo via SMP), no FMI (15 bis), nos instrumentos Europeus (50 bis) e nas mãos de investidores estrangeiros (60 bis).

Ou seja, uma reestruturação que apenas afetasse os investidores estrangeiros colocaria Portugal fora dos mercados financeiros por muito tempo (20, 30 anos, e não só para o Estado, mas também para os bancos, empresas e famílias), com gravíssimos conflitos judiciais (vide Argentina), e reduziria a dívida de 130% do PIB para 100%. Uma reestruturação que afetasse os investidores estrangeiros e nacionais, reduziria a dívida para uns 90%, mas implicaria além do fecho dos mercados internacionais, a falência do setor financeiro nacional. Uma reestruturação que colocasse a dívida pública em 60% do PIB teria de atingir o Banco de Portugal e BCE, colocando em sério risco a permanência de Portugal na zona Euro.

Então sobre reestruturação da dívida estamos conversados ?

Bloquista admitem ruptura ainda em 2016

E avisam que pode levar à ruptura. Reestruturar a dívida é a exigência do BE . Já vimos o mesmo com o Syriza. Deu em mais um resgate. Alguém acredita que será Bruxelas a ceder?

Tenho para mim se e quando houver contas nacionais consolidadas haverá da parte da UE uma maior abertura para reestruturar a dívida. Não será difícil com a quantidade de dívida nacional que o BCE comprou. Alargar prazos de pagamento, manutenção de juros baixos, pagamento dos dividendos do BCE ao accionista Portugal com contrapartida do pagamento da dívida. Tudo isso é possível mas leva tempo e obriga a politicas que  o BE não pode aceitar. 

Por isso, "sem outra política para a dívida, muito dificilmente o Orçamento do Estado para 2017 continuará o sentido de mudança que, mesmo mitigada, encontramos no OE deste ano. A reestruturação da dívida continua no centro da nossa alternativa", lê-se no texto que o i reproduz.

"Não é difícil antecipar que as exigências e imposições da UE vão agravar-se no contexto da preparação e discussão do próximo Programa de Estabilidade (PEC) e do OE para 2017, elevando a tensão política e a pressão sobre o Governo".

A chantagem a que António Costa se expôs vai ganhando forma e pressão. O PS sempre soube que seria assim.

Os apoios a encurralar o governo

O PCP quer o Novo Banco nacionalizado e o BE quer renegociar a dívida. Dois tiros no porta aviões. O PS vai dizendo que está aberto a discutir os assuntos. A dívida discute-a quando e se a Comissão Europeia o fizer . Por enquanto só há negociação da restruturação da dívida para a Grécia no quadro do 3º resgate em curso. Quanto à nacionalização do Novo Banco, Bruxelas parece entender que a banca portuguesa deverá ficar sob controlo da banca espanhola.

O BCE, com uma aparente passividade das autoridades portuguesas, defende actualmente que a actividade bancária em Portugal deve apenas ser repartida por quatro bancos: Banco Santander, BBVA, Caixa da Catalunha e Caixa Geral de Depósitos. Significaria isso que aproximadamente 80% do financiamento empresarial em Portugal ficaria não só em mãos estrangeiras, como ficaria dependente de apenas um único país estrangeiro.

A nacionalização do Novo Banco impediria a sua compra pelo Santander. No Banif houve mais interessados que foram afastados por interferência directa de Bruxelas. E qual será a posição de Bruxelas quanto à possível nacionalização ?                                                                                   

Não custa perceber que vamos ter aqui duas duras batalhas de onde ninguém sairá airosamente. De mal com Bruxelas por amor do PCP e do BE ? Não me parece. António Costa não irá contra a Europa.