Quando um primeiro ministro não consegue remodelar o governo fora do seu circulo de amigos é porque não encontrou gente disponível no seu próprio partido .
António Costa entrou na fase de cruzeiro esperando ansiosamente por eleições. Na actual formulação ( apoiado por dois partidos antieuropa e antizona euro) o PS já não tem condições para empreender qualquer reforma de que o país precise. Agora é esperar que o tempo se esgote.
Aliás, mesmo nos dois anos que passaram, o governo não conseguiu mais do que satisfazer as clientelas partidárias a troco de apoio parlamentar. A reação do governo e das bancadas comunistas foi particularmente significativa quando a bancada do PSD propôs a António Costa que levasse à Assembleia da República uma " Moção de confiança ".
Esta formulação governativa está esgotada é agora necessário que o PS em eleições consiga ganhá-las com maioria absoluta. Não parece fácil mas bem pior são os limites impostos à governação pelos dois partidos extremistas .
Os jornais anunciam que o valor do défice vai ser prejudicado para se encontrar o dinheiro necessário ao inicio da recuperação das zonas ardidas.
Bem pregavam os que aconselhavam maior moderação nas reversões e nos aumentos salariais na função pública . Com o PS acaba sempre assim . Não há dinheiro .
Além do afastamento de Centeno, Rangel exige que esta seja acompanhada da “inibição de Mourinho Félix fazer parte da equipa do próximo ministro das Finanças”. Isto porque acredita que a “remodelação feita esta segunda-feira pelo Governo já tinha um objetivo escondido. O Governo sabia que Centeno podia ter que abandonar o cargo e pôs Mourinho Félix a número dois, para que o substituísse. Foi uma manobra. Uma cortina de fumo para preparar a saída de Centeno.”
O deputado europeu admite que esta demissão, a acontecer, seria “má para o país, mas é pior para o país ser visto como um estado que tem uma equipa ministerial capaz desta promiscuidade. É a credibilidade junto das instituições europeias que está em causa”. Rangel atira ainda aos parceiros de Governo do PS, dizendo que o PCP e o BE “que eram no passado tão moralistas, agora são o detergente que lava mais branco.
Paulo Rangel não vê outro caminho senão o afastamento de Centeno, depois de se saber que “o Governo, através do ministro das Finanças e do Secretário de Estado Mourinho Félix andaram a fazer uma lei especial com escritórios privados.” O eurodeputado acrescenta ainda que esta “já não é a primeira vez, depois de levarem um administrador privado a negociar com a Comissão Europeia e o BCE a recapitalização do banco público. Isto demonstra a promiscuidade desta equipa das Finanças.”
Segundo fôlego. O governo com caras novas e nova organização, pode agora empunhar a bandeira que tem sido do PS. Retoma da economia ( este trimestre foi o primeiro desde há dez trimestres que a economia cresce) e emprego. Se a tendência de inflexão se confirmar o governo pode ainda apresentar resultados até 2015. E a confiança e credibilidade serão reforçadas com a moção de confiança. Os novos elementos trazem mais valias para o governo. É gente com currículo profissional fora da política. Faltam ainda os secretários de Estado em que podem ser substituídos os que não têm apresentado resultados . Portas tem, enfim, o desafio do qual sempre fugiu. Desta vez tem que chegar mesmo á outra margem.
Falta saber qual será a evolução dos nossos parceiros europeus. Uma coisa parece certa.Sem mudança nas condições externas Portugal dificilmente sairá sozinho da situação.
Cavaco agora deu em arriscar. São tantas as coisas que podem correr mal que é, quase certo, que uma pelo menos vai mesmo correr mal. A curto prazo afastou de vez as eleições antecipadas e, com isso, chateou PS, BE e PCP. E chateou o PSD e o CDS porque se afastou do governo.
Ganhou tempo para acabar com o memorando da Troika ao mesmo tempo que chama ao serviço os três partidos democráticos. Que estão chateados com ele.
A médio e longo prazo manda um sinal para o exterior e para os mercados. Se não for com este governo será com uma personalidade aceite por todos. A verdade é que o verdadeiro objectivo de Cavaco foi mesmo dar um sinal de estabilidade. Agora os dados estão lançados, todos sabem que instabilidade só a partir de Junho de 2014. E tira o tapete a Portas e à sua estratégia de estar ora como PSD ora com o PS.
Portas afiava o dente à repartição dos muitos milhões do QREN. Esqueceu-se que Cavaco raramente esquece e nunca perdoa.
Quem acredita que tendo a UE aprovado a proposta de remodelação do governo, o Presidente da República diga não? Mas é uma forma de Cavaco Silva sempre poder dizer que ouviu toda a gente se a solução correr mal. Claro que o país pode bem aguentar duas semanas, até porque o governo está em funções.
Entretanto a 8ª avaliação atrasa-se. São danos colaterais ínfimos comparados com os seis meses de letargia se fossem decretadas eleições antecipadas.
Quem não entende isto não percebe nada e vai continuar a pedir remodelações profundas e até a substituição de Gaspar.A manutenção do centro de poder do Governo na dupla Passos/Gaspar evidencia também que a resolução dos problemas do País joga-se, na perspectiva do primeiro-ministro, sobretudo, na Europa, na relação com o ministro das Finanças da Alemanha e com a ‘troika'. Particularmente esta semana, por causa da reunião que decorre hoje e amanhã em Dublin, mas nos próximos doze meses, até ao fim da presença dos credores externos em Portugal.
Está em preparação a remodelação governamental. Reforço da posição do líder do CDS na coordenação política do Executivo (com a sua ascensão a vice primeiro-ministro?), podendo Luís Montenegro, actual líder parlamentar do PSD e que mantém uma ótima relação com o CDS, ficar como ministro adjunto ou dos Assuntos Parlamentares.
Para o lugar de Álvaro Santos Pereira - que continua a ser dado como remodelável, o nome mais apontado no PSD e no CDS é o de Pedro Reis, atual presidente da AICEP. A criação de uma nova Secretaria de Estado da Indústria poderá estar em causa, surgindo o nome do deputado do PSD, Luís Campos Ferreira, como hipótese.
As autárquicas tem sido o calendário para Passos Coelho mexer no executivo. Mas vai ter que o fazer antes. Como disse Marques Mendes hoje no seu programa na SIC, é preciso dar sinais fortes que se fecha uma fase da governação e se abre outra, a da economia.
"Eu acho que é necessário reforçar a capacidade política deste Governo, a capacidade de coordenação política deste Governo. Falta muitas vezes capacidade e competência política a este Governo. E falta, do meu ponto de vista, dar uma outra prioridade ao tema importante da economia, nomeadamente outra eficácia na captação de investimento”, afirmou o presidente da Mesa do Conselho Nacional do CDS-PP.“E isto provavelmente implica reforçar o Governo, eventualmente remodelar. Eu penso que esse seria um sinal importante e inequívoco que o primeiro-ministro daria no sentido do compromisso que tem de levar esta legislatura até ao fim, com um Governo eficaz, com um Governo competente e com um Governo preparado para agarrar os desafios fundamentais que temos nesta segunda fase da legislatura”, acrescentou Pires de Lima.
Achamos todos. Oxalá Passos Coelho, Cavaco Silva e António José Seguro também pensem o mesmo.