O governo foi à TAP privada e exigiu ser accionista maioritário à custa de cedências várias. Gritou-se "nacionalização" e êxitos de homens amigos do PM e muito capazes. Vai-se a ver e a TAP é gerida pelos privados e o governo não manda nada. De tal forma que o ministro diz agora que o Estado está de mãos atadas e que não pode ceder a chantagens. E que pode ir à falência.
Os privados fizeram crescer imenso a companhia com o aumento da frota de aviões e de rotas . E há mais 2 000 trabalhadores. Parte dos aviões são alugados a uma companhia do privado americano . A estratégia de crescimento foi apanhada pela pandemia e a maior oferta não tem procura.
Há outras companhias aéreas europeias com os mesmos problemas que se estão a redimensionar mas como são privadas seguem os caminhos conhecidos nestas situações. Cá nós temos o problema da TAP ser de bandeira e isso muda tudo para pior.
O ministro a semana passada gritava aos deputados que o Estado não deixaria cair a TAP, hoje já não grita e diz que a companhia até pode ir para a falência. Isto é, o Estado não tem estratégia nem dinheiro.
Resta-nos a consolação de termos lá uns gestores públicos com salários milionários e que recebem uns bónus como se estivessem numa companhia lucrativa. A sorte da companhia é que são todos amigos do peito do PM.
A reestruturação é inevitável nos CTT e já vem tarde. Já se sabia em 2001 o que se sabe hoje. O correio tradicional está a ser substituído pelo correio electrónico e o BancoCTT demorou a arrancar. Caíram os lucros mas, atenção, os CTT continuam a dar lucro e não têm passivo bancário.
Há quem ameaça os CTT com a nacionalização ou o resgate do contrato de concessão. Da nacionalização, não é preciso dizer nada, pois não? Seria feita como? Com os nossos impostos? Se há virtude neste plano é precisamente essa, a de não usar dinheiros públicos, como sucedeu por exemplo no setor financeiro. Os CTT estão a tratar da sua vida, com os seus meios. A concessão, essa, tem regras e exigências de serviço que têm de ser cumpridas, mas convém ter em conta, quando se lança a discussão, qual é a alternativa. Vai agora o Estado criar uma empresa de raiz para prestar o serviço postal universal? O Estado, hoje, não paga nada pela concessão…
Quando foi a última vez que Catarina e Jerónimo enviaram uma carta ?
Reestruturar a dívida pública só de prazos e de juros e de acordo com a Europa. Baixar a taxa de juros para 1% e aumentar o prazo para 60 anos.
A parte da dívida que seria objecto desta reestruturação é a que o país tem em relação à Europa e a dívida na posse do Banco de Portugal. Os outros credores (mercados) não seriam chamados a este esforço.
Claro que esta proposta só se fará ao nível europeu e poderá ser estendida a todos os outros países com dívida elevada e em processo de recuperação das suas economias.
Uma extensão da maturidade média dos 51,6 mil milhões de euros de dívida à União Europeia e da Zona Euro dos actuais 15 anos para 60 anos; a redução da taxa de juro média cobrada dos actuais 2,4% para 1%; e a manutenção indefinida no balanço do Banco de Portugal dos 28 mil milhões de euros de dívida pública que o banco central terá acumulado no final deste ano no âmbito do programa de compra de activos do BCE (PSPP). A estas medidas acrescentariam outras quatro de poupança em juros que dependem apenas do Governo.
No que diz respeito a Portugal esta proposta a ser aceite teria os seguintes resultados :
De forma simplificada, estima-se que o valor presente da dívida pública (estimativa equivalente à "dívida de Maastricht") cairia de 130,7% para cerca de 91,7% do PIB", lê-se no relatório, que estima uma redução da despesa com juros de 450 milhões de euros em 2018, que cresceria para 1.900 milhões em 2023, ano em que poderia mesmo chegar aos 2800 milhões de euros, caso o PSPP fosse estendido no tempo.
E sem os calotes desejados por aqueles que querem sair da Zona Euro.
Sabem mesmo do que estão a falar ? Quais são as consequências ? Há duas formas de reestruturar a dívida. Uma é fazê-la contra os credores, o país ficar fora dos mercados , não conseguirmos dinheiro e as taxas crescerem até ao desastre. Vejam no que deu a bravata na Grécia.
A outra forma é :
No caso da dívida pública, o objectivo – totalmente consensual – será diminuir o peso dos seus encargos. No caso português, quais são os instrumentos possíveis para alcançar isto? Um primeiro instrumento, que é um objectivo em si mesmo e até mais importante do que diminuir o peso da dívida, é crescer de forma robusta e sair da estagnação dos últimos 16 anos. Com mais PIB, o rácio da dívida sobre o PIB irá diminuindo naturalmente, para o mesmo nível de défice público.
Se queremos crescer mais não devemos reverter as reformas do tempo da troika cujo objetivo era exatamente esse, nomeadamente no mercado de trabalho, nem afugentar investidores com reversão de privatizações e contratos de concessão.
Um segundo instrumento para diminuir os encargos com a dívida é reduzir o défice público, o que ajuda por duas vias: porque a dívida se vai reduzindo e porque o bom comportamento se traduz em taxas de juro mais baixas.
O caminho não é certamente assustar investidores (da economia real), que leva à desaceleração da economia, que faz cair as receitas fiscais, que coloca as metas orçamentais em causa, que afasta investidores financeiros e faz subir as nossas taxas de juro.
Máro Centeno respondeu bem. Renegociar a dívida só no quadro europeu e em negociação com os credores. E, também disse, que só assim se mantém a credibilidade. Só não disse que basta o PCP e o BE deixarem de apoiar o governo para as taxas de juro baixarem de 3,6% para menos de 1%. E baixar as taxas de juro é o primeiro passo para a renegociação da dívida.
A dívida cresce todos os meses desde a entrada deste governo em funções e, nesta matéria, é o próprio governo a admitir esta verdade que dá cabo do país. Mais dívida com taxas de juro altas ( apesar da ajuda do BCE) é o desastre anunciado.
Este é o elefante no meio da sala entre PCP, BE e PS. Para PCP e BE reestruturar a dívida é não cumprir os compromissos com a União Europeia e os credores. Para o PS reestruturar a dívida é ganhar a confiança e a credibilidade que o governo perdeu quando chamou o PCP e o BE para a solução governativa. Basta ver o gráfico das taxas de juro desde o início deste governo e, menos esperado, o aumento da dívida.
Basta o PCP e o BE assumirem uma "política patriótica e de esquerda". Saírem do governo.
Para países como Portugal só o crescimento da economia é solução para os nossos problemas. Uma dívida tão elevada como a portuguesa só se paga com crescimento económico . Se assim não for for estamos a dar a razão toda aos países do norte da Europa que querem impor sanções aos países relapsos do sul.
"Eu não conheço os detalhes da situação portuguesa, mas tudo depende de saber se conseguem voltar a ter crescimento económico, porque só se pode lidar de forma eficaz com a dívida pública a um nível tão alto se a economia recuperar, como se tem visto na Irlanda." diz David Vines, economista e professor.
Mas para isso é necessário que o estado seja amigo da economia de mercado, não afugente o investimento com taxas, taxinhas e impostos. E, pior, com regulação que pretenda travar a iniciativa da sociedade civil. Este apoio parlamentar ao governo nestes nove meses já deu para perceber quanto nos custa.
E, hoje, em comunicado as associações patronais não deixaram para outros o que lhe compete a elas dizer acerca desse assunto. O estado nem sequer cumpre os acordos estabelecidos em concertação social.
Enquanto se caie não dói nada só dói ao bater no fundo.
O FMI aponta medidas que resolvem o problema da Grécia. O Fundo Monetário Internacional (FMI) deixou ontem bem clara a divergência de análise face à Europa em relação à dívida grega. O Fundo considera que a Grécia precisa de uma reestruturação da dívida e não vê possível mais ajuda ao país sem que esse alívio se concretize. As contas de Washington apontam ainda para que Atenas precise de 52 mil milhões de euros em três anos, mais ajuda da Europa e um período maior sem reembolsos aos credores.
O FMI costuma ser o "durão" mas nesta guerra entre a União Europeia e a Grécia coube-lhe o papel de "bonzinho". Não podia deixar de ser. Alguém tinha que desatar o nó.
Como se vê os próprios sabem que a TAP tal qual é inviável. No mercado aberto internacional em que a TAP opera não pode ter o dobro de trabalhadores por avião dos seus concorrentes.
Para o sindicato dos pilotos a questão não é que a TAP seja privatizada. "Os pilotos não têm nada contra ou a favor da privatização. Os pilotos querem uma empresa que cresça e que orgulhe os portugueses. Queremos uma empresa bem gerida, quer seja na esfera pública, quer seja na privada", afirmou Manuel Santos Cardoso
Em qualquer dos casos, acrescentou, "essa reestruturação vai sempre obrigar a haver reduções do número de trabalhadores".
Quem defende a TAP pública por razões ideológicas não percebe esta questão elementar
O PS não tem dinheiro para pagar a luz, a água e a renda para além da enorme dívida que tem perante a banca. Aqui está um teste para avançar com a sua reestruturação da dívida. Conseguir perdão de uma parte da dívida, baixar as taxas de juro e prolongar o prazo de pagamento. Se é possível a nível da dívida pública bem mais fácil será com a sua própria dívida.
O partido está a pensar penhorar as sedes para assegurar um empréstimo bancário e assim pagar em todo ou em parte os 11 milhões de euros em dívida. Diz o director financeiro que não é nada do outro mundo. Pagar a dívida é um assunto normal em todas as organizações. Ficamos à espera da tal imaginação financeira para gerir a dívida que não se paga...
Entretanto, estão à porta as eleições cuja campanha custa muito dinheiro.
A reestruturação da dívida está aí em pleno. As taxas de juro da dívida pública recuam para níveis históricos. As razões são as melhores . As taxas de juro implícitas nas obrigações europeias têm vindo a descer, com países como Portugal, Espanha e Itália a verem as "yields" a recuarem para níveis nunca antes vistos. A contribuir para este comportamento tem estado a resolução da crise na Europa e as medidas anunciadas pelo Banco Central Europeu (BCE).
Resolução da crise, medidas do BCE, baixa do preço do petróleo, exportações a crescerem, PIB a crescer, desemprego a diminuir. Noutro país, com outra maturidade política e cívica, haveria um Natal Feliz. Como somos o que somos andamos todos os dias com greves às costas e petições indignadas.