O BE já fez saber que quer acompanhar a evolução das cativações face à degradação dos serviços públicos . Há falta de médicos e enfermeiros na saúde. Na Educação fecham escolas sem aquecimento e com a chuva a cair em cima dos alunos. As progressões prometidas não avançam e a Frenprof ameaça com paralisações . E na segurança as viaturas estão paradas por falta de reparação.
Quer dizer basta um arrefecimento na economia para nos afundarmos nos mesmos problemas da crise anterior. Não há reformas estruturais . E não está nas nossas mãos o comportamento da economia que depende do exterior . E os juros vão subir com o fim do programa de compras de dívida do BCE.
No seu discurso como presidente do Eurogrupo, Mário Centeno disse: “temos de nos preparar para a próxima crise”. Afirmou-o no contexto das reformas que a Área do Euro tem de fazer. Temos de nos perguntar se Portugal (também) está a preparado ou a preparar-se para enfrentar a próxima crise, que sabemos que acontecerá, só não sabemos quando.
A resposta simples é “não, não estamos preparados” para enfrentar no curto prazo uma recessão ou crédito a taxas de juro mais elevadas. Ou seja, se ocorrer uma crise no curto prazo corremos o sério risco de ter de adoptar medidas tão brutais como aquelas que foram concretizadas na era da troika. Estamos a falar de cortes nos salários dos funcionários públicos e nas pensões de reforma assim como, consequência da recessão, um aumento do desemprego e uma destruição de postos de trabalho inéditos.
Esta política não pode continuar pese servir o governo mas não serve o país .
Os nove economistas apresentaram um trabalho sobre a dívida que procura encontrar receitas extraordinárias para dessa forma aumentar receita e com essa margem fazer despesa. A velha fórmula de empurrar os problemas com a barriga.
O relatório do grupo de trabalho sobre a sustentabilidade das dívidas externa e pública explicitou um consenso que vai agora do CDS ao Bloco de Esquerda: temos um grave e pesado problema de dívida pública que não pode ser resolvido sem a colaboração dos nossos credores. E como os economistas que fizeram esse trabalho bem sabem, a cooperação dos credores passa sempre por algum tipo de condições a quem deve. O slogan “não pagamos” caiu.
O maior problema da proposta do aumento dos dividendos do Banco de Portugal está no destino que se quer dar ao dinheiro. Pretende-se que ganhos que são extraordinários, irrepetíveis, sirvam para pagar despesas permanentes, quando por esta via se podia também aproveitar para reduzir o peso da dívida, por pouco que seja.
Na prática, os nove economistas não fazem nenhuma proposta de reestruturação de dívida que dependa apenas de nós. Olhando para os números perceberam a dimensão do problema que iriam criar aos bancos, às seguradoras, à segurança social e aos aforradores portugueses que apostaram na compra de dívida.
Para cumprir os objectivos vai ser necessário cobrar mais 17 434 mil milhões nos últimos quatro meses do ano. A UTAU diz que não se afigura verosímil.
Ontem veio cá um comissário europeu alemão dizer que " é possível um segundo resgate" hoje, temos a Unidade Técnica de Apoio aos deputados dizer que dificilmente se cumprirão os objectivos. O governo e os apoiantes reagem dizendo que são chantagens na véspera do orçamento para 2017.
Quanto à receita fiscal, a UTAO escreve que, "com o contributo do mês de agosto, a receita fiscal acumulada desde o início do ano passou a diminuir face ao período homólogo, ampliando-se a diferença para o crescimento previsto para o total do ano".
Só chantagens, leituras erróneas, interpretações da direita reaccionária. E o país sabe para onde vai ?
Por muitas cambalhotas que o governo dê o dinheiro não está a entrar nos cofres do estado ao ritmo que devia. A explicação para este descalabro da receita só pode estar na economia,ou melhor, na falta dela. Alguém se enganou nas contas.E muito.
Desde já o ano passado que não faltaram avisos sobre o optimismo das previsões do governo. Todas as previsões das entidades financeiras cá dentro e lá foram estão no intervalo ( 1,3% - 1,6% ). O governo inscreveu no orçamento 1,8%. Menos riqueza criada menos impostos cobrados.
E agora ? O PS já ensaia a desculpa. É Angola e Bruxelas por tudo e por nada. Esta vai ser a estratégia dos próximos meses. Costa vai culpar tudo e todos pelo erro que cometeu.
Em apenas três meses o desvio orçamental já vai nos 700 milhões de euros. E, ao contrário do que se possa pensar é nas receitas que as coisas vão mesmo mal. Um enorme buraco onde o governo se ( e nos) enfiou.
PS : a partir de um texto Expresso - João Vieira Pereira
A execução orçamental vai ser determinante para o futuro do governo e da posição conjunta que o apoia. Despesa temos e muita quanto à receita é que vamos ter um problema de todo o tamanho. Com o investimento estagnado e a actividade empresarial, previsivelmente, a perder gás, é natural que alguns indicadores venham a ressentir-se no futuro.
A previsão para o crescimento da economia vem a decair e já há quem aponte para 1,3% contra os 1,5% de 2015. A receita não vai crescer o suficiente e vão ser necessárias mais medidas. O aumento do IVA em 1% é equivalente a 300 milhões é mais do que certo para Junho/Julho.
Entretanto o imposto sobre os combustíveis já levou a manifestações de rua das empresas transportadoras e o consumo está a diminuir com as empresas a abastecerem em Espanha.
O PCP não perde uma oportunidade para o lembrar. 122 deputados são mais que 107 graças aos deputados do PCP e do BE. Fora do Parlamento, António Costa, que sempre pediu a maioria absoluta, perdeu em toda a linha. E isso vê-se pelo comportamento dos partidos que apoiam o governo.
A CGTP já está na rua com greves e manifestações. O BE recomenda que o governo não se esconda atrás do Banco de Portugal nos casos do BES e do Banif . O PCP lembra a todo o momento que não integra o governo. mantém a sua autonomia politica intacta.
Centeno não é capaz de dizer onde vai buscar mais receita para cobrir o aumento da despesa mas, é óbvio, que o reajuste dos escalões do IRS não é mais que um aumento dos impostos . Os mesmos de sempre, pagam.
Este PS fraco serve à esquerda radical, a quem mais serve? Na companhia do PCP e do BE, Costa pode repor rendimentos e aumentar impostos. Mas preparar o país para competir no mundo do euro, da UE alargada e dos mercados abertos, e construir um sistema social eficiente e sustentável, como tenta Matteo Renzi em Itália ou propõe Emmanuel Macron em França?
O PS está na posição que o PCP sempre quis . Graças à ambição de António Costa.
Deixem as ideologias e partidarites de lado e leiam com atenção . Temos um país a sair em marcha acelerada do buraco em que o meteram. E isso explica as sondagens .
O crescimento da despesa é mais do que compensado pelo acréscimo de receita que as administrações públicas conseguem no mesmo período, com uma subida de 2,43% face aos primeiros dois terços do ano passado, ou seja, mais 1173 milhões de euros de receita conseguida.
O défice orçamental caiu mais de 1400 milhões de euros de julho para agosto devido a um crescimento considerável da receita do Estado, em especial da receita com IVA, baixando para menos de quatro mil milhões de euros.
Do lado da despesa da Administração Central, o que sobe mais é o investimento. Segundo as contas da DGO, o investimento estará a subir quase 40%, um aumento de 421,7 milhões de euros face ao registado há um ano.
Consolidação das contas públicas está a comportar-se melhor do que as previsões até Julho. Os meses que faltam até ao fim do ano são historicamente melhores que os primeiros meses do ano. Há todas as razões para acreditar que as contas nacionais estão controladas e que o país vai sair do grupo de países com "deficit excessivo", o que permite acesso ao Fundo Juncker de 315 mil milhões de euros para investimento.
"No mesmo período, o défice primário foi de €624,5 milhões o que traduz uma melhoria de €455,8 milhões face ao ano anterior", pode ler-se no mesmo comunicado das finanças."
O crescimento real da economia é a razão principal para este comportamento . Cresce o IRC porque as empresas estão a obter lucro ( apesar de a taxa ter baixado de 23% para 21%). Cresce o IRS porque há mais pessoas a trabalhar ( sem aumento de taxa). Cresce o IVA porque há mais consumo( sem mexidas na taxa).
É preciso continuar neste caminho e não voltar às politicas do passado que o PS defende. As mesmas politicas dão os mesmos resultados . Miseráveis como estamos a sentir na pele.
Apesar da taxa ter descido de 23% para 21% é preciso recuar a 2009 para encontrar uma receita tão elevada como a verificada em Julho. São mais 800 milhões que igual mês do ano passado só no IRC.
O Estado arrecadou nos primeiros sete meses deste ano mais 978 milhões de euros em impostos do que no mesmo período do ano passado.
É o resultado do crescimento da economia com as empresas ( especialmente as maiores) a voltarem aos lucros. Grande parte deste aumento veio do IRC, o imposto pago pelas empresas, cujo comportamento está a ser influenciado pela retoma da actividade económica e também pelas novas medidas de controlo dos reembolsos e fiscalização dos inventários.
Os contribuintes vão mesmo ser beneficiados com a devolução de parte dos impostos que pagaram a mais do que o previsto ( IRS e IVA ) . O nível da retoma económica não deixa margem para dúvidas.
Apontava-se para 4,4% depois para 4%. Estamos entre 3,5% e 3,7%. Á custa de 2/3 na redução na despesa e de 1/3 na receita como mandam os cânones. Um brilhante resultado que poucos esperavam.
Trazer o défice em 2015 para 2,7% é agora bem mais fácil . O orçamento para 2015 parte de um valor mais favorável, as receitas vão crescer alavancadas pelo crescimento económico que por sua vez beneficia da baixa do preço do petróleo. As taxas de juro com a operação do BCE serão ainda mais baixas.
Com o desemprego a baixar diminuem os encargos sociais e aumentam as receitas em sede de IRS e na Segurança Social.
Marques Mendes criticou o Governo por não aproveitar para vender esta ‘vitória’ política e considerou que os governantes “em matéria política são uns anjinhos, uns meninos de coro”. É realmente impressionante como é que o governo não promove uma conferência de imprensa para dar ao país estas boas novas. Se a confiança dos agentes económicos é importante, e é, então o governo não deveria ter medo de ser adjectivado pela oposição que, evidentemente, veria nessa acção, uma operação de propaganda. Para mais em ano de eleições.
Ou os partidos da coligação estão à espera de uma maior proximidade da data das eleições para anunciar estas e outras boas notícias por enquanto no segredo dos deuses?