A bomba relógio
Muito dinheiro em circulação faz subir a inflação que por sua vez faz subir os juros. Já começou e é uma verdadeira bomba relógio para quem tem uma dívida monstruosa como a nossa.
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Muito dinheiro em circulação faz subir a inflação que por sua vez faz subir os juros. Já começou e é uma verdadeira bomba relógio para quem tem uma dívida monstruosa como a nossa.
A União Europeia está ainda longe de encontrar a resposta suficiente para gerir a terrível crise económica provocada pela covid-19 e para se reerguer quando o vírus for vencido. Mas só o pessimismo mais impenitente ou o antieuropeísmo
mais feroz permitem afirmar que as medidas aprovadas ontem são um
fracasso, uma prova acabada da falta de solidariedade ou uma vitória inequívoca dos falcões ricos sobre os pobres do Sul. Com os planos mais ambiciosos para a reconstrução remetidos para um Conselho Europeu no futuro próximo, o que se esperava da reunião do Eurogrupo aconteceu: os Estados-membros foram capazes de um acordo, reduziram a crispação, afastaram o espectro de uma
derrota colectiva e conseguiram mobilizar 540 mil milhões de euros para os problemas imediatos. Como disse o Presidente, “é um começo”. Não foi fácil chegar lá porque nada é fácil numa União que continua minada pela noção de um suposto risco moral que faz com que os “responsáveis” do Norte receiem pagar os desmandos dos “perdulários” do Sul. Mas as clivagens que há duas semanas
implicaram palavras duras e o regresso real do perigo de um desentendimento fatal extinguiram-se à custa de uma negociação que revelou espírito de compromisso e a noção de que todos teriam a perder com a falta de um acordo. Ao contrário do que aconteceu na crise do euro, os mais fortes não Æcaram de um lado e os mais débeis do outro. A Itália e a Espanha, com Portugal no mesmo
lado da barricada, tiveram como aliados tácitos a Alemanha e a França. Os planos foram aprovados, a condicionalidade no acesso aos fundos aligeirou-se e a Europa acordou ontem com um novo estado de espírito para os próximos passos.
Como o que falta fazer a seguir é muito mais exigente em termos de volume financeiro do que os 540 mil milhões de euros do Mecanismo Europeu de Estabilidade, do Banco Europeu de Investimentos e do programa europeu SURE, preparemo-nos para novos atritos. A emissão de dívida mutualizada (os
eurobonds) está fora da carteira e como qualquer estratégia alternativa só fará sentido e terá substância se os países mais ricos assumirem uma parcela dos riscos dos mais pobres, é fácil imaginar o que se segue — até porque, para a
reconstrução da economia europeia, será necessário muito mais dinheiro. Mas depois da forma como o Banco Central Europeu decidiu uma intervenção musculada no mercado da dívida soberana sem o habitual queixume alemão e
depois do acordo do Eurogrupo, a União respira melhor. Se recuperou o ânimo para a incerta batalha da reconstrução, essa é uma pergunta sem resposta
Manuel Carvalho - Público
Foi uma cópia só que incompleta. Baixar o preço dos bilhetes sem aumentar a oferta do transporte. O resultado só pode ser um. Passageiros em terra.
Em alguns países da Europa a medida já foi implementada nos últimos anos com resultados muito bons. Numa cidade alemã a redução de carros privados foi de 60%. Mas lá fez-se o trabalho de casa. Melhores autocarros, melhores transportes ferroviários, melhor metropolitano e construção de parques na periferia da cidade para conter a entrada de carros.
Por cá fez-se o mais fácil, o mais barato e o que deu mais votos. Os cidadãos é que começam a fazer contas.
Como se adivinhava a redução dos preços dos passes dos transportes públicos atraiu cerca de 160 000 utentes (só em Lisboa) mas não atraiu mais barcos, comboios ou autocarros. Resultado ? O caos .
Trata-se de uma fraude, acenar com um preço mais baixo para atrair cidadãos para um serviço que não existe.
As desculpas são as do velho charlatão apanhado com a boca na botija ( tipo Joe Berardo...). A culpa, bem entendido, é dos trabalhadores e das suas greves, os investimentos que não se fizeram e que deixaram apodrecer comboios e barcos são agora alegremente previstos lá para 2022 porque não há stocks deste tipo de maquinaria. Há que produzi-los primeiro coisa, claro, que não era possível prever.
Num país decente o que é que aconteceria a um governo que vende um serviço que não existe ? E que leva ao engano 200 000 utentes em todo o país ? E que lhes fica com o dinheiro dos passes ?
Com cobrador mas sem maquinista. Esta não lembrava ao Joe...
Nem é pública nem é privada. A companhia aérea foi mais uma ideia manhosa que está a dar maus resultados para o Estado . Com o selo de António Costa .
Nada foi feito e a soma de uma péssima privatização – onde, descansem, também respondíamos por mais de 600 milhões de dívida da TAP - com uma má renacionalização parcial - onde o Estado tem uma influência limitada mas responde pelos montantes necessários para recapitalizar a TAP sempre que os capitais próprios atinjam valores inferiores a 571,3 milhões de euros negativos – é sinal de permanentes má notícias.
Ou há lucros e o Estado passa de ter 50% para receber apenas 5% dos mesmos, ou há prejuízos e de repente é como se a empresa fosse pública. Isto é um pesadelo para o contribuinte. E o Governo deve-nos uma explicação.
Milhares de cirurgias foram canceladas com óbvio prejuízo dos doentes senão mesmo com mortes à mistura. Os direitos dos doentes têm que ser respeitados como muito bem diz a ministra da Saúde. Não se encontrando solução nos hospitais públicos o SNS está a recorrer aos hospitais privados. É para isso que servem os protocolos existentes entre o público e o privado.
Se alguém considera que os direitos corporativos dos enfermeiros estão acima dos direitos dos doentes tem na presente greve uma boa reflexão. Deixam-se morrer doentes atrasando-se cirurgias há muito programadas ?
Atrevam-se com aquele argumento estúpido que o estado não deve pagar aos privados porque o dinheiro é "público". A morte e o sofrimento também são públicos ?
Francisco George ex- Director Geral da Saúde diz que nos hospitais privados pode haver médicos que prolongam desnecessariamente a vida dos doentes para assim o hospital facturar mais. Com a mesma lógica podemos dizer que nos hospitais públicos haverá médicos que antecipam a morte para terem mais camas vagas.
Se nos hospitais privados se estica a vida para aumentar a factura a pagar pela família nos hospitais públicos apressa-se desnecessariamente a morte para reduzir a factura ? Não está mal para inicio de conversa
É caso para dizer que o ex-Director-Geral tem uma fraca opinião sobre a classe médica a que pertence.
Mas esta questão Público versus Privado estupidifica toda a discussão em vários sectores da sociedade não é só na saúde. Na Educação fecham-se boas escolas por serem privadas e financiam-se más escolas por serem públicas.
Mas basta olhar o problema pela óptica do doente no caso da Saúde e do aluno no caso da Educação para se perceber que a questão Público/Privada é só uma questão ideológica.
Não é assunto que interesse as famílias .
O "Público" publicou ontem um grande trabalho da Cristina Ferreira, a respeito do colapso da PT. O artigo recupera alguns factos que já tinham sido noticiados e revela outros que ainda não eram do conhecimento público, dando-nos uma perspectiva bastante completa daquilo que de facto aconteceu na PT. É jornalismo de qualidade. Mas hoje, o ex-primeiro-ministro José Sócrates atira-se ao "Público" e à Cristina Ferreira por causa deste artigo, chegando ao ponto de colocar em causa a sua honestidade enquanto jornalista. Isto não se faz e tendo eu acompanhado o sector das telecomunicações como jornalista especializado, entre 2007 e 2013, choca-me a forma como Sócrates tenta reescrever a História com subterfúgios e meias-verdades. Sem querer entrar nas questões que estão sob investigação judicial, há três argumentos invocados nesta resposta do ex-primeiro ministro que sei, à partida, serem infundados:
1. Sócrates diz que o seu Governo foi neutral na OPA da Sonae. E alega que a Caixa - onde pontificava o seu amigo Armando Vara - decidiu votar contra a OPA puramente por razões financeiras, não tendo sido decisiva na derrota da Sonae. De um ponto de vista formal, tem razão. Mas na realidade não é bem assim, pois a Caixa foi decisiva neste processo. A Caixa, banco do Estado, emprestou centenas de milhões de euros a accionistas do chamado "núcleo duro" anti-OPA, recebendo em garantia acções da PT. Se isto não é tomar partido de forma decisiva, não sei o que será. Estamos agora a pagar a factura desses e de outros créditos concedidos pela Caixa durante a era Sócrates.
2. Sócrates diz que foi no seu consulado que a PT perdeu mais quota de mercado, ficando sem o seu histórico monopólio. Isto é, mais uma vez, uma meia-verdade. Pois essa perda de quota de mercado deveu-se à cisão da PT Multimédia, detentora da TV Cabo, que teve lugar após a derrota da OPA da Sonae. Os accionistas da PT - como o BES, Caixa, Berardo, Ongoing e Visabeira - receberam como 'despojos de guerra' as acções da PT Multimédia. A PT perdeu o monopólio, sim senhor, mas os seus accionistas não, pois a PT Multimedia também era deles (e assim continuou a ser até que, já depois de Sócrates sair do Governo, a ZON fundiu-se com a Optimus e deu origem à NOS).
3. Como se sabe, Sócrates chumbou a primeira tentativa de venda da Vivo à Telefónica, em 2010, utilizando a célebre 'golden share', argumentando com a necessidade de a PT continuar presente no Brasil. Hoje, garante a pés juntos que não sugeriu à PT fazer a ruinosa fusão com a Oi, que foi o negócio que levou verdadeiramente ao colapso da empresa. Mais uma vez, uma meia-verdade. O que aconteceu é que Sócrates disse aos accionistas da PT que só aprovaria a venda da Vivo à Telefónica se a operadora portuguesa tivesse uma alternativa no Brasil. Ora, na altura, só havia no Brasil uma grande empresa de telecomunicações que a PT conseguiria comprar, por razões políticas e financeiras: a Oi. Para bom entendedor...
As extrema esquerda não apoia ninguem para por omissão apoiar a extrema direita. Em França e também em Portugal .
Nestas duas semanas que faltam até à decisão definitiva dos franceses, antecipo muita tergiversação, muita confusão ideológica e muito preconceito. Mas nunca como hoje é importante saber de que lado se está — e, sobretudo, como se está. Essa é uma decisão crucial, nomeadamente à esquerda. A esquerda que acredita poder roubar os votos nacionalistas à direita através de uma recusa do projeto europeu acaba por reforçar o argumentário que leva uma Marine Le Pen até perto do poder.
No Público : Quanto mais centralizada é a tomada de decisões políticas, mais assimétrico se torna o acesso dos cidadãos aos decisores e mais se cava o fosso entre os políticos e aqueles que soi-disant representam. Assistimos, tradicionalmente, em Portugal a uma acumulação de poder nas elites políticas que é absolutamente grotesca. A lógica centralista de tomada de decisões em Portugal filia-se na tradição napoleónica do nosso Estado, uma tendência pesada, em grande medida responsável pelo atraso estrutural que nos coloca endemicamente na cauda da Europa. O nosso desempenho enquanto país é medíocre, porque os nossos alicerces democráticos são muito débeis e impedem uma efectiva seleção e escrutínio democráticos, que permitiriam elevar a fasquia da qualidade da nossa democracia e, consequentemente, a qualidade dos políticos e das políticas.
Têm surgido nos últimos anos em Portugal várias iniciativas e movimentos com o propósito de responder a este grave problema, lutando por mudanças no sistema político. Acontece que, atendendo à natureza político-constitucional do nosso sistema de representação, em que os partidos detêm o quase monopólio, aliada à inexistência de uma sociedade civil forte e mobilizada, a probabilidade de as mudanças ocorrerem impulsionadas por dinâmicas geradas de fora para dentro do sistema é francamente diminuta."