A propósito disso, há quem, sobretudo nas redes sociais, mas também na opinião escrita, queira convencer-nos que o programa de ajustamento com a “troika” terá sido negociado e da responsabilidade de Passos e Catroga. O problema desta mentira é que têm mesmo perna curta. Mas se fosse verdade, seria ainda mais grave. Então, o primeiro-ministro Sócrates e o ministro das Finanças Teixeira dos Santos assinaram um acordo que vinculou a República a um programa extremamente doloroso e que foi negociado por duas pessoas que à data de 3 de maio de 2011 não tinham qualquer cargo público eleito?
E nos três casos, o governo em funções é do Partido Socialista. O que não é propriamente coincidência, pois desde 1995, em 24 anos, o PS governou cerca de 17 anos (entre final de 1995 e meados de 2002 com Guterres; entre meados de 2005 e meados de 2011 com Sócrates e desde novembro de 2015 com António Costa). O PSD, sempre em coligação com o CDS, governou pouco mais de sete anos (entre meados de 2002 e 2005 com Barroso e Santana e entre meados de 2011 e novembro de 2015 com Passos Coelho). Ou seja, o PS governou, desde 1995, cerca de 70% do tempo e a coligação PSD/CDS cerca de 30% do tempo.
Há uma subida do PS (1,4%) e uma descida do PSD ( 0,5%). O CDS cresce e passa a CDU . BE mantém-se com 9,2% . PS+BE somam 44% perto da maioria absoluta. A CDU torna-se irrelevante para o governo. PSD+CDS chegam aos 40%.
Após três meses de governo é a primeira vez que PS se afasta do PSD. Mas esta é uma Eurosondagem sempre mais favorável ao PS : Como outras são mais favoráveis ao PSD.
PS com 35,5% e a coligação com 34%, já depois do debate televisivo mas já não apanha o debate radiofónico.
No estudo da Eurosondagem feito para o Expresso e para a SIC, o partido socialista consegue 35,5% das intenções de voto elegendo entre 95 a 101 deputados. Já a coligação arrecada 34% conseguindo 99 a 102 lugares no Parlamento. Ou seja, se os resultados das legislativas fossem estes, os dois blocos podem facilmente reclamar vitória.
Era só o que nos faltava ter um governo PS prisioneiro do PCP e do BE que querem sair da UE, do Euro e do Tratado Orçamental. Um governo nas mãos de dois partidos comunistas numa UE social democrata e socialista
Para lá das sondagens a que damos muita atenção há indicadores muito importantes a que é preciso dar mais atenção. Marques Mendes hoje na sua prédica semanal na SIC chamou a atenção para estes números . Os eleitores que aqui respondem e que não dão confiança às promessas feitas são os tais indecisos que umas vezes votam PSD e outras vezes votam PS. E que dão vitórias eleitorais e maiorias .
É esta a mensagem que está a passar. O PS, sem gás, ajuda, mas a economia a crescer também ajuda. Hoje foram publicados os resultados das principais empresas. Regressaram todas ao lucro incluindo a banca. E a semana passada soubemos que as receitas do IVA e do IRS estão bem acima do previsto o que dá margem para o governo acenar com a devolução de parte dos impostos.
E, agora, já é possível comparar o provável desenrolar da dívida e verificar que daqui a quatro anos o PSD/CDS propõe 107% do PIB e o PS 117% do PIB. Quando as taxas de juro estão a 2,5%, e é preciso pagar rápido, antes que subam ( o governo já começou a pagar ao FMI). Estes 10% de diferença que o PS quer gastar são o acumulado dos déficites das contas nacionais que, pelos vistos, o PS quer continuar a alimentar. Gastar mais do que se tem. Ainda nos lembramos desta receita?
“O que aqui está não abre buraco em lado nenhum – é realizável” diz Passos, piscando o olho à solução encontrada pelo PS para a Segurança Social - gasta agora e paga depois.
É uma ideia genial, ainda para mais sendo executada por militantes do PS. Como sei que isto anda tudo ligado o António Costa é que já deve estar a congeminar uma explicação. São os "seguristas" ou mesmo "os Sampaio da Nóvoa". A Maria de Belém não é mulher para ter um lampejo destes e o Henrique Neto é um homem sério. Resta quem ? Francisco de Assis ? Álvaro Beleza ? Não creio. Costa tem mesmo que deixar Sócrates entrar na campanha.
O PS desceu 8 pontos percentuais desde a entrada de António Costa fixando-se agora em 37% das intenções de voto. A maioria PSD/CDS subiu 6 pontos percentuais estando agora com 38% das intenções de voto. A quatro meses das eleições ainda muita água correrá debaixo das pontes mas o PS não pode queixar-se de ninguém a não ser de si próprio. O seu discurso é incoerente, ziguezagueante, oferece tudo e mais alguma coisa. Ora esta forma de estar é a que mais se aproxima da forma de fazer política de José Sócrates, justamente o contrário do que devia fazer. Mostrar que as políticas de Sócrates pertencem ao passado.
Desde as obras públicas e o investimento público ( embora não se saiba onde está o dinheiro) até à Segurança Social que ameaça descapitalizar, o PS aposta em trilhar o caminho que nos trouxe ao desastre. Que as exportações estejam a ter um comportamento excepcional ( e o dinheiro desviado para as obras públicas fica a faltar nas empresas produtoras de bens transaccionáveis) e que o emprego suba sustentadamente, não é suficiente para o PS arrepiar caminho.
Para 64% das pessoas o governo "é mau" mas dá segurança e os resultados positivos são cada vez mais consistentes. O que PS oferece é demasiado pobre para os eleitores trocarem a segurança pela incerteza.
Todos dizem que é preciso tomar medidas para travar a corrupção mas quanto a medidas nem vê-las. Desta vez foi a maioria que apresentou uma proposta para, no essencial, obrigar aos titulares de cargos políticos a justificarem o património que detêm.
O PCP apresentou como argumento para não apoiar a proposta de lei a possível inconstitucionalidade do documento. Mas está o PCP impedido de retirar da proposta o que considera inconstitucional ? É preferível matar à nascença um instrumento de combate à corrupção ? E quanto ao PS e aos partidos de extrema esquerda ? É só porque, militantemente, não apoiam nenhuma proposta apresentada pelos partidos da maioria? Esse principio é mais importante que combater a corrupção ? E o PSD/CDS estão a querer tramar alguém em especial ?
Mas se é a inversão do ónus da prova, aí estou de acordo. É preferível um culpado fora da prisão do que destruir os princípios em que assenta o estado de direito.