Um orçamento que quer ir a todas mas que não consegue estabelecer prioridades. Distribui esmolas e não apoia as empresas.
O "Orçamento é mau", se "não combate o desemprego", se "não apoia as empresas", "distribui o que tem e o que não tem", se não dá sinais de recuperação à classe média, se "tem défice de transparência", se "pré-anuncia um Orçamento Retificativo" e, ainda para mais, "se o PSD não serve nem para evitar uma crise política", a decisão a tomar é óbvia: entrega a chave do entendimento a Costa, Catarina Martins e Jerónimo de Sousa.
"Se o primeiro-ministro diz "É de outra maneira", estamos livres; estamos livres para votar contra um OE que se esforça por agradar ideologicamente ao PCP e ao BE, que esquece o futuro e que manifestamente não é um OE que visa a recuperação económica de Portugal."
António Costa de cócoras perante as exigências de BE e PCP. E não, este não é o caminho como se viu nos últimos vinte anos. Se a economia não cresce os problemas não se resolvem.
O PSD propõe que o Estado possa contratualizar médicos de família, consultas e exames, bem como reforçar os cuidados paliativos com o sector privado. Na apresentação de algumas das propostas da área da saúde do programa eleitoral, Rui Rio desvalorizou a natureza pública ou privada dos serviços, preferindo colocar a tónica na resposta mais eficiente e económica ao utente.
Segundo a proposta do PSD, o SNS coopera com os sectores privado e social na realização de prestações públicas de saúde, relação que deve “assentar sempre em exigentes regras de transparência e imparcialidade”. A iniciativa prevê que “sempre que seja vantajoso para o Estado e para o SNS” podem ser feitos contratos em regime de PPP com entidades privadas e do sector social. A proposta define ainda que “o Governo pode estabelecer incentivos à criação de unidades privadas, em função das vantagens sociais decorrentes das iniciativas em causa” e prevê que “a lei pode fixar incentivos ao estabelecimento de seguros privados de saúde”.
São dois cenários claros que os portugueses têm nas próximas eleições legislativas .
Esse é o ponto central da nossa análise económica - as nossas medidas são desenhadas para aumentar a competitividade da economia portuguesa. Elas são baseadas em três drivers fundamentais: aumento do investimento, por um lado público, mas sobretudo privado; aumento das exportações; poupança. Recalculámos o cenário-base do Conselho de Finanças Públicas e chegámos a taxas de crescimento que vão em crescendo, mas que, face àquilo que é o Programa de Estabilidade do governo, tem uma diferença do ponto de vista nominal de cerca de 0,5%.
O PSD entende que as empresas são o ponto central para a criação de riqueza e para a criação de emprego. Só a criação de riqueza é que permite depois aumentar os salários por um lado e, por outro lado, cobrar impostos que depois permitam políticas redistributivas, seja em sede de IRS seja em sede das prestações sociais em dinheiro e em espécie ou seja, o Serviço Nacional de Saúde, o sistema de educação, etc. As empresas estão no centro dessa opção de política económica. Mas isto não invalida que não haja de facto um problema de salários baixos.
Eu acho que isto é um exercício de transparência para os portugueses, penso que a mensagem não podia ser mais simples e mais clara, se houver crescimento económico nos próximos quatro anos, há duas opções completamente diferentes: o Governo quer gastar na máquina do Estado, nós queremos reduzir impostos. Portanto a escolha dos portugueses é muito simples e eu acho que o debate político só ganha em ter mensagens simples e que possam permitir escolhas às pessoas. Tal como disse antes, o Governo prevê o crescimento nominal de 3,5%, nós prevemos de 4%, não há uma diferença tão significativa, a composição será seguramente diferente daquilo que nós queremos fazer com esse dividendo orçamental que é dado pelo crescimento nominal. O que o Governo fez nos últimos quatro anos, e pretende fazer nos próximos quatro atendendo à informação que temos, que o programa do PS ainda não foi revelado, é continuar a aumentar a despesa corrente primária, o que nós defendemos é que essa margem deve ser sobretudo canalizada para a redução e impostos e também para a recuperação de infraestruturas.
O PSD há três meses consecutivos que encurta a distância para o PS nas sondagens. Voltou a acontecer em Abril em 5 pontos.
Não é só nas intenções de voto para as eleições europeias que o PSD se está a aproximar do PS. De acordo com o barómetro da Aximage relativo a abril, feito para o Negócios e para o Correio da Manhã, a distância entre os dois partidos na corrida às eleições legislativas encurtou-se este mês em cinco pontos percentuais, descendo para o nível mais baixo dos últimos dois anos e meio.
A trajetória descendente do PS não é propriamente uma novidade. Desde setembro, mês em que as intenções de voto no PS rondavam os 40%, que a tendência é de queda gradual, mas o que o barómetro da Aximage mostra é que o declive se agravou neste mês de abril. Já a subida do PSD impressiona. A subida de 3,4 pontos é inédita não só durante o mandato de Rui Rio mas também durante toda a legislatura.
Não é possível enganar todos durante o tempo todo.
O PSD aproxima-se do PS e nos últimos três meses cresceu 10 pontos nas intenções de votos.
Os socialistas, cuja lista é encabeçada por Pedro Marques, mantêm os 34,1% das intenções de voto já registados em fevereiro, enquanto a candidatura social-democrata, que é protagonizada por Paulo Rangel, ganha mais de quatro pontos para se fixar nos 29,1%. Esta subida é ainda mais expressiva tendo em conta que na sondagem de janeiro o PSD não ia além de 19,8%. Em apenas dois meses, os sociais-democratas subiram perto de 10 pontos percentuais para um crescimento de quase 50% nas intenções de voto.
Esta sondagem sugere que PSD e PS venham a eleger o mesmo número de deputados
António Costa já veio dizer que " há quem queira que o PS tenha um mau resultado" e César regista " que governar com o apoio do BE e PC foi "penoso". Nesta segunda feira uma sondagem no Negócios e no CM aponta para um crescimento do PSD em dez pontos nos últimos três meses . Em política não há coincidências .
O PS é tão europeísta como o PSD -até reivindica maior europeísmo- pelo que o essencial está assegurado mas como se sabe as europeias podem influenciar as legislativas . E até Outubro as notícias não vão ser boas com excepção da medida relativa aos passes dos transportes públicos de Lisboa e Porto. E o BE também muda o discurso sobre o Euro .
Rangel revela-se assim um excelente cabeça de lista, com notoriedade pública e com larga vantagem sobre um apagado Pedro Marques que carrega uma má prestação ministerial
Ou se portam bem ou voltam para o isolamento político, partidos de protesto sem influência na governação. Quem o diz é Carlos César presidente do PS. Querem mais claro ?
Entretanto para que não hajam dúvidas PS e PSD acordam no essencial da descentralização do Estado a medida mais importante tomada nesta legislatura. Significativamente PC e BE não entram no acordo.
O segundo recado foi ainda mais claro: “Nem o PS se desviou do seu percurso, nem os partidos que apoiaram o Governo querem voltar a um regime de isolamento e de falta de influência”, afirmou o socialista. A estratégia é simples: responsabilizar Bloco, PCP e PEV pelo eventual falhanço da atual solução parlamentar e pressionar os partidos à esquerda a moderarem as suas reivindicações, nomeadamente nas negociações do Orçamento. Ou isso, ou voltam à condição de partidos de protesto, sugeriu Carlos César.
Neste momento, o que ambos os líderes estão a fazer é política, cálculos, a desenhar cenários e a tentar fazer crescer os respetivos campos. O PS comanda à esquerda. O PSD tem o mesmo poder à direita. Resta ver como, neste jogo de sombras e habilidade, conseguem dividir o centro. É nisso que estão, porque não se descortina nenhuma terceira via. Só mais à frente, nas urnas, se saberá quem ganhou e perdeu.