O programa do PS no que diz respeito ao desemprego para 2015 e 2016 já está ultrapassado. Isto explica o nervosismo quando o INE revelou que a taxa já está nos 11,9%.
A taxa proposta para 2015 é de 13.6% e para 2016 é de 12.2% ambas acima da taxa actual 11.9%. O programa vai ser revisto ou o PS vai continuar a dizer que o INE manipula os números ? E as taxas que apresenta levam em consideração os tais subempregados e emigrados ? Há aqui muito por explicar. O melhor mesmo é rever tudo partindo da situação actual que nos últimos meses melhorou significativamente . Se não o fizer está a fechar os olhos à realidade e a partir de dados errados. Se o fizer vai ter que admitir que a economia está bem melhor .
Não há originalidade nenhuma na proposta que o PSD fez ao PS para que este envie à UTAO o seu programa de governo para análise prévia. Para além de ser uma proposta que parece ser positiva, países há, como a Holanda, onde tal comportamento é habitual.
Tal análise é depois colocada à disposição dos eleitores para que possam avaliar da sua justeza e dos seus efeitos. Ai, do partido que não se disponha a esta análise prévia.
Tal comportamento só tem vantagens para todos. Para os partidos porque os ajuda a apresentar propostas credíveis, para os eleitores porque os ajuda a perceberem os objectivos dos partidos. Mas por cá a primeira reação do PS foi recusar lançando mão de uma hipotética ilegalidade. Isto é, uma instituição pública como a UTAO não pode prestar esse serviço.
Ou seja, o PSD está disposto a empurrar o PS para a UTAO; os socialistas já disseram que tal é legalmente impossível; e os economistas consultados pelo PS? Bem, a equipa de Mário Centeno já disse não recear o escrutínio da UTAO e do Conselho das Finanças Públicas.
É, claro, que uma vez colocada a questão o PS não tem outro caminho que aceder à sujestão. Trata-se da credibilidade do documento. E mais uma vez percebemos que os partidos portugueses e o nosso sistema político têm muito a aprender com quem tem mais experiência e obtem melhores resultados
É claro que se o PS não deixar que se faça a análise da sua proposta macroeconómica, vai levar com a questão todos os dias a que se junta o caso de Évora. Pois se o PS tem razões para acreditar no trabalho que apresentou tem medo de quê ? Sem esta análise a credibilidade do programa levará um golpe fatal. Quem troca o certo pelo incerto ?
O PIB cresceu 1% no primero trimestre do ano o que aponta, claramente, que a economia vai crescer acima dos 2%. O PS contrapõe uma mão cheia de nada.
Com a economia a crescer mais que o esperado o actual governo pode abrir os cordões à bolsa, tirar os argumentos ao PS e tudo sem abrir clareiras nas contas públicas.
O Programa do PS apresenta medidas positivas mas há duas medidas que são potencialmente muito perigosas. Uma delas é gastar agora à conta de receitas no futuro, a outra, é querer crescer à custa do aumento do consumo interno.
A primeira medida pode tornar a abrir um rombo monumental nas contas nacionais. A segunda, pode aumentar as importações e dar cabo das contas externas.
O Programa do PS é arriscado. Vital Moreira, avisa :
Cautela
Publicado por Vital Moreira
Aumentar a procura interna, mediante descida de impostos e contribuições e aumento de rendimentos e transferências públicas, com a esperança de que ela vai aumentar o crescimento económico e aumentar a receita pública, tem de ter em conta que uma parte significativa do aumento de poder de compra não vai estimular a economia, os rendimentos e a receita pública mas sim aumentar as importações e degradar as contas externas.
O governo prevê um crescimento da economia até 2,2% bem acima do FMI e de outras instituições financeiras, como BdP e Eurogrupo . O PS prevê um crescimento de 2,6%. Era bom era. Mas esta previsão tão acima de todas as outras aponta para um exercício contabilístico e não para um exercício económico. Quanto é preciso crescer para acomodar toda a despesa ? 2,6 %? Então que seja. Uma questão de fé.
Por outra lado que o PS acredite num crescimento tão robusto é uma bela homenagem ao trabalho do governo. Afinal sempre foi possível a austeridade e, ao mesmo tempo, crescer.
É que este crescimento de 2,6% permite a arrecadação de mais impostos (+- 6 000 milhões ? ) e a redução do desemprego para baixo do limite de 10% (7,4%). Tudo com o tal passe de mágica. Prever o crescimento da economia em 2,6% valor que nenhuma outra instituição se atreve a prever.
Há até muito boa gente, conhecedora, que diz que um dos grandes problemas da Europa é conseguir crescer acima dos 2% tendo em conta a demografia ( milhões de idosos ) e a baixa natalidade bem como o nível a que as suas economias já chegaram.
Mas como se vê nada é impossível quando a fé é muita .
É o melhor resumo para a proposta do PS . E outra leitura é que o PS reconhece que a austeridade funcionou. O PS conta com o andamento actual da economia para pagar no futuro o que quer gastar já.
"Globalmente, com algumas exceções, este programa é parco em detalhes sobre as receitas que podem ser geradas para compensar os aumentos da despesa. Num contexto em que as incertezas sobre o futuro da zona euro são elevadas, aumentar em Portugal a despesa com poucas garantias de compensação do lado da receita poderiam facilmente tornar Portugal um dos elos mais fracos da união monetária."
E como é que o PS resolveu esse problema? Com previsões de crescimento ainda mais optimistas do que as do Governo, logo muito mais optimistas do que as da Comissão Europeia. É simples: como o Rossio não cabia na rua da Betesga, o PS tratou de alargar a rua da Betesga. Assim é fácil, sobretudo nas folhas de excel – mas é ilusório.
O PS acredita que para pagar mais despesa vai converter o país num "tigre ibérico".
Não chega. Representa apenas 40% dos postos de trabalho perdidos. Feitas as contas a partir do Programa de Estabilidade e Crescimento do governo é isto que dá.
Esperemos o que o programa do PS nos trás na próxima 3ªf. Oxalá que, sem demagogias, nos apresente caminhos que possam favorecer a criação do emprego . Será que flexibilizar as metas das contas públicas, aliviando os impostos de empresas e famílias, se criam condições para mais investimento e mais emprego? Se sim, será muito bem vindo.
A discussão no sentido de criar mais emprego apoia-se em duas visões distintas. O PS quer dar prioridade ao alivio das famílias. O governo quer essa prioridade para as empresas e vai adiantando que uma das reformas é a redução de impostos (IRC e IVA ) e da Taxa Social Única. A outra é o plafonamento nas pensões.
António Costa quer reduzir o IRS e o IVA e nem quer ouvir falar em baixar pensões. Parece que o custo destes, digamos, desejos, andará à volta dos 1,7 mil milhões. As estratégias começam a estar em cima da mesa.