No estudo acima referido, uma importante estratégia sugerida para a valorização da profissão passa pelo processo de recrutamento que avalia as competências profissionais dos candidatos e mecanismos de avaliação dos professores. Avaliar e compensar os professores poderá ser uma maneira para atrair os melhores alunos, para ter bons professores.
A apregoada autonomia das escolas deveria permitir seleccionar aqueles docentes cujas competências, características e experiência melhor se ajustassem ao seu projeto educativo; ou estabelecer uma discriminação positiva para quem aceitar o desafio de leccionar nas escolas mais problemáticas.
Bem dizia o alucinado sindicalista Nogueira que as escolas não tinham condições para abrir. O que ele não nos disse é que seria por falta de professores.
Uma golpada só possível na escola pública onde ninguém é responsável por nada. E como todos têm a progressão na carreira garantida, faltar ou não faltar vai dar no mesmo.
Depois não querem os ranking publicados onde as escolas públicas ficam nos últimos lugares. Tudo a funcionar em circuito fechado, paredes opacas e um ministério incapaz de implementar as medidas necessárias.
Haverá professores com doenças que aconselham ficarem em confinamento ? Claro que sim, mas essa não é uma razão mais que expectável que merecia uma solução que protegesse professores e alunos e as escolas a funcionar ?
Nas escolas privadas por cada professor que falta há um professor que o substitui. E isso nota-se !
Todos querem em Setembro a escola com alunos menos o alucinado sindicalista da Frenprof.
Temos de nos habituar a viver com ele”, é o que nos dizem a toda a hora, com excepção do dirigente da Fenprof.
Estou certa de que a esmagadora maioria dos professores tem um espírito de missão que os torna pilares essenciais de qualquer sociedade que se quer mais justa, e por esse motivo é inaceitável que a sua imagem seja desfigurada por um sindicato que se diz seu representante, conduzindo a opinião pública a percepcionar que as exigências para regressar às aulas são inexequíveis e mais parecem um pretexto para que tal regresso não se verifique.
Por negociação entre pessoas que se conhecem e que concordam com os objectivos e processos escolares, retirando do circo anual de colocação dos professores a sorte e o azar.
Parece-me, pois, que seria importante mudar a forma de contratação dos professores. A autonomia deveria permitir às escolas seleccionar aqueles docentes cujas características, qualidades e experiência melhor se adequassem ao seu projecto educativo, como, de resto, acontece com quase todas as organizações, incluindo da Administração Pública. E, claro, exemplos de dedicação como o de Joaquim Sousa devem ser enaltecidos e incentivados, devidamente reconhecidos. ( professor da escola de Curral das Freiras na Madeira).
A municipalização das escolas em curso embora sendo fortemente criticada pelos sindicatos centralistas, deixa de fora essa possibilidade, cortando muitas das mais valias que a autonomia poderia acrescentar.
Mas o circo anual do concurso de colocação de professores dá para muitas manifestações e exigências. O bem dos alunos e dos professores logo se vê.
O primeiro ministro diz o que quer e quando quer e ninguém lhe aponta nada. Há menos de um mês ameaçava demitir-se porque o aumento aos professores descarrilava o orçamento agora, apregoa que vai aumentar os funcionários públicos e ninguém lhe chama a atenção para o descarrilamento do orçamento.
Todos estamos à espera que o governo invista na melhoria dos serviços públicos esquecendo que quem vota são os funcionários públicos. Para Costa os utentes dos serviços públicos não são preocupação.
O actual governo deu a machadada final na qualidade dos serviços públicos baixando das 40 horas para as 35 horas . O objectivo foi o mesmo. Ganhar os votos dos funcionários públicos estragando a qualidade dos serviços públicos.
Mário Nogueira ameaçou o PS e o governo com uma luta sem tréguas e que irão lamentar a posição que tiveram no processo dos professores. Para já o PS sobe e Costa continua a ser o líder político com mais apoio.
Nogueira, PCP e BE não perceberam que a sociedade, sensível ao argumento da equidade e da sustentabilidade das contas públicas, se tinha colocado contra o exigido pelos professores. PSD e CDS perceberam tarde e a más horas.
Por outro lado a opinião expressa também mostra que as contínuas exigências e manifestações dos sindicatos da escola pública perderam a eficácia, o que é significativo quando o país contínua a ser submetido a diversos graus de austeridade.
A dívida elevada, a crescente despesa pública e a maior carga fiscal de sempre calam fundo na opinião dos portugueses que não querem mais pântanos e bancarrotas.
Este cenário dos professores mostra bem que a situação do país é bem pior do que nos querem fazer crer. Por mais argumentos políticos que nos ofereçam o que está realmente em causa é a falta de dinheiro.
A dívida não parou de aumentar desde que Portugal entrou para a UE devido ao défice sistemático; ultrapassou o PIB em 2011 – ano da bancarrota iminente – e nunca mais baixou, estando hoje 25% acima do PIB.
Há, porém, algo de tão grave e revelador como a dívida, porque estrutural e condicionante do futuro a longo prazo. É a produtividade do trabalho em baixa há cinco anos seguidos. Segundo o Banco de Portugal, “Portugal tem divergido face à área do euro” devido ao crescimento do emprego de baixo valor acrescentado. O aumento do turismo e da construção civil são bem-vindos mas sempre foram actividades de baixa produtividade. A escolarização e a formação profissional, assim como a saúde – em crise sem equivalente desde a criação do SNS – são os factores que definem o chamado «índice de desenvolvimento humano».
Até que enfim que no nosso país há coragem de dizer a verdade. Aumentar a despesa pública é uma calamidade como já se viu quando Guterres chegou ao pântano e Sócrates chegou à bancarrota.
O actual governo com o seu apoio parlamentar fez crescer a despesa pública ( só pessoal) em 2 mil milhões contando com um ligeiro crescimento do PIB e a mais alta carga fiscal de sempre . Aceitar mais o aumento exigido pelos professores e logo reivindicado pelos restantes sectores obrigaria a aumentar o défice, a aumentar os impostos, a congelar os investimentos ou a aumentar a dívida. Um de cada vez ou um bocadinho em todos mas de qualquer maneira um desastre anunciado.
O argumento agora é há muito conhecido. É a política do "já agora ". Como nas obras públicas sempre se pode acrescentar mais uma despesa. É o já agora. O próprio Louçã diz que aumentar os professores era só aumentar em 0,001%. É, claro, que aumentar a despesa é sempre aumentar poucochinho de cada vez até ao dia que o governo tem que fazer cortes dolorosos.
Vejam lá quem tem estes objectivos: rebentar com o défice, não pagar a dívida e aumentar os impostos aos privados ?
Nem daqui a dez anos será possível devolver o que foi congelado aos portugueses nos tempos difíceis da Troika e que começaram ainda antes no tempo de Sócrates.
Ouvimos e vemos Mário Nogueira e ele queixa-se que as negociações entre sindicatos e governo foram uma encenação. Foi correndo o tempo, foram-se aprovando orçamentos e as negociações prosseguiam. Dum lado e outro posições inflexíveis.
Mas o governo e os seus apoiantes foram-nos vendendo que a austeridade tinha acabado embora Costa e Cereno de vez em quando avisassem. Claro que nunca foram ouvidos. Chegados à beira do pântano deixou de haver margem para mais negociações faz de conta.
Não há dinheiro, a mais básica das razões e, sem dinheiro, bem podem todos ter razão mas o diabo não se vai embora . Nem daqui a dez anos .
O dinheiro que vai para os bancos, o dinheiro para baixar o défice, o dinheiro que sobe a dívida, gritam os que não quiseram ouvir. Pois, antes de qualquer sector está o país. É disso que se trata.