Eutanásia ao serviço de uma visão totalitária do poder
Prof Fernandes e Fernandes : Eu creio bem que a questão é outra e por isso é tão preocupante sobre o estado da Política entre nós. O que está em jogo nesta corrida apressada e ligeira para uma aprovação legal da Eutanásia no Parlamento – chamam-lhe morte assistida, ao menos fossem coerentes e dissessem morte induzida por terceiros – é uma visão da Sociedade que promove a submissão dos valores fundamentais da Vida ao preconceito ideológico de que tudo compete ao Estado desde o direito de viver e também de morrer, incluindo sancionar a Morte por acto legal em despacho administrativo cumprido por próceres obedientes.
Porque as necessidades situam-se no dever que, como sociedade civilizada, temos para assegurar a melhoria e generalização de cuidados de Saúde de qualidade e em tempo útil, sem discriminação social, familiar ou económica, na difusão dos Cuidados Continuados e Paliativos, proporcionando dignidade até ao fim da Vida e minorando o sofrimento.
Esse é que é o combate fundamental, para o qual todos somos necessários e todos devemos ser convocados, na diversidade das nossas opiniões, competências e espírito de serviço. Essa é a grandeza da Política: identificar o essencial, perseguir o fundamental, melhorar a qualidade da Vida reduzindo a dor e o sofrimento e mobilizar os cidadãos com clareza e determinação. Não este exercício apressado, conjuntural, sem que tivesse havido a coragem política de o apresentar como uma proposta clara ao último escrutínio eleitoral donde emergiu o actual quadro parlamentar, um exercício político que está ao serviço duma visão totalitária, de poder absoluto que pretende tudo submeter e condicionar, desde a organização da Vida ao acto final da Morte!