Vale mais tarde do que nunca. O BE perante a dimensão do problema já deixou a trincheira da " a saúde não é um negócio" para reclamar que toda a oferta instalada na saúde seja utilizada incluindo a privada.
Como não pode deixar de ser face às necessidades do povo e dos doentes. E não é só agora é também quando o SNS soçobra com as gripes que enchem as urgências e as listas de espera onde morrem doentes sem tratamento.
"A primeira é o reforço da saúde e da capacidade de resposta dos cuidados de saúde, nomeadamente através do aproveitamento de toda a capacidade instalada no país e através da integração do setor privado sob gestão do SNS e sob planeamento do SNS, se necessário for requisitando equipamentos, profissionais e instalações que sejam necessárias para isso.
Vai dizendo que não se trata da propriedade mas tão só a coordenação e a gestão.
A ADSE tem como prioridades alargar a cobertura a todos os funcionários públicos e alargar e diversificar a rede de prestadores ( convenções com privados)
O instituto público dá protecção na saúde a mais de 1,2 milhões de beneficiários e gere acima de 678 milhões - quase tanto quanto vale o mercado de seguros privados em Portugal.
Enquanto BE e PCP e uma parte do PS clamam contra " a saúde não é um negócio" ( já as listas de espera da vergonha no SNS que alimentam o negócio das funerárias não os incomodam), o governo alarga a parceria com os sectores privados e social. Agora na ADES mas também em parcerias-público-privadas para a concepção/construção/manutenção/gestão dos novos 6 hospitais ( Novo Hospital de Lisboa Oriental- Hospital do Seixal/ Hospital de Évora/Hospital Central do Algarve , hospital de Sintra e Hospital da Madeira).
França, Reino Unido e Alemanha privilegiam a saúde e a sustentabilidade das organizações durante a pandemia. Não é por acaso.
A análise do Instituto Coordenadas também analisou esta colaboração nos principais países europeus e reflete o “modelo desastroso” implementado em Espanha, que “vai pôr em perigo uma parte importante do setor privado da saúde“. França, Alemanha e Reino Unido impuseram uma fórmula de colaboração entre o sistema de saúde público e o privado em que prevalece a oferta de serviços de saúde à população, acompanhada de um modelo de compensação económica às empresas para garantir um serviço adequado.
Pelo seu lado, o modelo espanhol fez com neste momento esteja em “grave risco” a sobrevivência de mais de 2.400 centros médicos e o emprego de quase 60 mil profissionais de saúde, como emprego direto, e o dobro dos profissionais afetados indiretamente.
A ideologia do PSOE e do Podemos a governar a Espanha. Os resultados estão à vista
Não havia uma boa solução. A menos má era o acordo com os accionistas privados.
Mesmo assim, foi um acordo caro. Em 2015, Neeleman pagou 5 milhões para entrar e agora recebe 55 milhões para sair. Bem pode agradecer á reversão de 2016.
Com este acordo fecha-se um ciclo na vida da TAP. Um ciclo que se iniciou em 2015. Julgo que se impõe fazer na TAP uma auditoria financeira a todo este período - á privatização de 2015; à reversão de 2016; e à gestão destes últimos anos. A explicação é esta: os portugueses vão meter muito dinheiro na TAP. Têm ao menos o direito de saber tudo o que se tem passado com a companhia
Se a TAP, com o boom turístico de 2028 e 2019, não conseguiu dar lucros, como é que vai conseguir ser rentável no futuro, em piores condições?
Terceiro: em termos operacionais, a TAP, no exterior, estava integrada na rede da AZUL. Por exemplo: os terminais da TAP nos EUA eram os da AZUL. Como vai ser agora? Esta questão ficou acautelada no acordo?
Finalmente: voltar a privatizar a TAP no futuro, escolhendo um parceiro credível do sector da aviação. Haverá visão e condições para o fazer?
E a TAP está em condições - alguma vez esteve - de escolher um parceiro credível?
Os accionistas privados ao não aceitarem as condições impostas pelo accionista Estado empurram a companhia aérea para a nacionalização. Dito de outro modo. Não estão interessados .
Pese embora as repetidas tentativas do Estado a verdade é que muito poucos querem a TAP. As outras companhias europeias juntaram-se mas nenhuma com a TAP. Na primeira tentativa de privatização apareceu um desconhecido colombiano que nem uma garantia bancária conseguiu arranjar. E, agora, há um accionista privado que na verdade está no negócio com duas empresas aéreas do outro lado do atlântico e que impõe as suas condições.
A nacionalização é o recurso último para manter a companhia em operação, à custa da injecção de muito dinheiro, da assunção do passivo acumulado e da devolução aos privados dos seus suprimentos.
E, toma corpo, que haverá umas alíneas no acordo secreto entre accionistas que favorecem os privados. Mais um poço sem fundo que a "geringonça" deixou aos contribuintes.
O artigo de hoje: A humilhação a que o Governo está a ser sujeito na TAP tem uma fotografia: António Costa, que para calar Bloco e PCP em 2015, admitiu a renacionalização da empresa. O mesmo primeiro-ministro que, mal se apanhou no Governo, pôs mãos à obra. Só que fez tudo mal: como os acionistas não quiseram ceder o controlo da TAP, ofereceram ao Estado 50% no capital... mantendo toda a autonomia de gestão. Ou seja, o Estado ficou com metade do risco da empresa, sem que pudesse controlar os atos da gestão (não obstante nomear o “chairman”).
O resultado está à vista: os privados “entalaram” o Estado. E este, que não quer deixar cair a empresa (seria um golpe tremendo na base eleitoral do PS e nas aspirações de Pedro Nuno Santos, que quer chegar a secretário-geral do partido), não pode tratar os privados como gostaria: com um grande “chega pra lá”. Daí o atual mal-estar, que pode pôr o primeiro-ministro e o ministro em situação ainda mais difícil quando o país conhecer a reestruturação que Bruxelas quer impor à TAP.
Moral da história: o Governo está a colher aquilo que semeou: fez uma nacionalização fictícia e, pelo caminho, pôs em causa o dinheiro dos contribuintes. Pior era difícil.
Agora serão 1,2 mil milhões de euros a voar, na TAP. No final do ano, mais uns 300 milhões. E está, o Estado - os contribuintes - amarrado aos acionistas. É o preço da “reversão” em 2017, quando Costa, com ajudinha do seu “melhor amigo”, tomou a maioria do capital da TAP e deixou privados com a maioria na gestão e decisão. Tu, Estado, mandas no capital, eu, privado mando... na gestão. E decido.
Esta palermice da “reversão” deu todos os incentivos para os privados se portarem como “gestores públicos”. Nada tinham a perder. Melhor que gestor público: o Estado não os pode despedir. O melhor emprego rentista do Mundo.
E, então, o que estes “gestores” fizeram? Secaram a TAP, em favor da “Azul” de Neelman, ficaram com as “sobras de créditos” (comissões, não é?) nas compras dos aviões, code-shares com “interesses-relacionados”, emprestaram dinheiro a bons juros... riqueza que fugiu da aérea.
Eu, demitido da função accionista, empresário e feito gestor público, também faria o mesmo.
O papel do ministro da tutela, Pedro Nuno Santos, é de uma ingenuidade confrangedora, mesmo a roçar a tolice. “São interesses que não estão alinhados com os interesses do País e do povo português”. Diz isto, em modo Maduro, referindo-se aos privados da TAP... Após meses em que gastou metade do tempo a ameaçar com a nacionalização e a outra metade com venda à alemã Lufthansa, quer, agora, que os acionistas convertam empréstimos de 220 milhões de euros (da Azul à TAP, suprimentos), em capital social! Coitadito, uma anedota, de que raio de buraco saiu?
Para gerir uma companhia aérea é preciso conhecer o negócio do transporte aéreo, ter ligações profissionais e comerciais com outras companhias do ramo e, por último, poder influenciar o fluxo de passageiros em mercados de origem e destino.
O accionista privado da TAP, a empresa de David Neeleman, opera 264 aviões que voam para mais de 100 destinos no mercado norte-americano. Ora quem opera no mercado mais competitivo do mundo, o norte americano, de certeza absoluta que tem todas as condições para gerir uma pequena companhia como a TAP.
Também no mercado Brasileiro é accionista da companhia AZUL. A companhia aérea brasileira Azul, tem como fundador o empresário David Neeleman, um dos acionistas da TAP através do consórcio Atlantic Gateway.
A TAP ganhará alguma coisa se tiver na sua administração um ou dois representantes do Estado ? Mesmo sendo génios e amigos do peito do Primeiro Ministro ?
A começar pela reversão da privatização que o anterior governo fez. Se o estado nada tem a ver com a administração da TAP só a si mesmo deve culpar. A operação de reversão foi-nos vendida como uma operação de grande nível feita por gente de grande inteligência próxima de António Costa.
O Estado e os privados não têm culpa da pandemia que amarrou em terra a frota de aviões mas, o que o governante nos diz é que mesmo antes do Covid-19 a situação da companhia já era crítica.
O que nós sabemos é que o privado americano tem duas companhias aéreas no outro lado do Atlântico. Fez o que tinha a fazer. Encaminha os passageiros da TAP para as suas companhias nas américas e encaminha os passageiros das companhias americanas para a TAP. Esta estratégia é tão racional e límpida que não deve merecer nenhuma surpresa. A não ser que o Estado e os seus representantes não percebam nada de transporte aéreo ou andem com outras coisas para fazer.
A dívida da TAP anda em cerca de 1.000 milhões e cresce para 3.300 milhões com os contratos de "leasing" dos novos aviões. Há cerca de 17 aviões a mais do que o esperado no "Plano Estratégico", plano este que foi estabelecido por todos os accionistas . O Estado sabia.
O que também já era evidente é que o único accionista que tem aviões para contratar em "leasing" é o accionista americano que fala português esquisito. Ora bem. Preciso de aviões na TAP vou buscá-los às empresas do outro lado do mar e faço chorudos contratos.
Isto é, o accionista americano que é o único que sabe do negócio de transporte aéreo e conhece os "players" chave a nível mundial, colocou a TAP numa situação( bem melhor do que antes da sua entrada na companhia) em que ganha sempre.
Salvo se levar com uma pandemia em cima depois de ter levado com uma "nacionalização" envergonhada. E o ministro há falta de argumentos fala alto. De bandeira...
Para aqueles que acham que os hospitais privados são um negócio ( com tudo o que essa designação tem de desprezível para eles) só o coronavírus estendeu a lista de doentes à espera de tratamento em cerca de 200 000. Nada mau, tendo em vista que ainda não sabemos quantos meses o SNS estará sujeito a esta pressão.
Parece óbvio ( para quem tratar os doentes é mais importante do que a dicotomia público/privado) que a oferta hospitalar privada vai ser chamada a responder. Se fosse necessário a crise veio mostrar que a oferta hospitalar privada é um activo que oferece à sociedade serviços inestimáveis. Para quem está de boa fé não há outra conclusão.
Ficamos em casa e a economia trava para em primeiro lugar não entupirmos o SNS, dando tempo a que os hospitais públicos se preparem para responder ao desafio do vírus. Mas é claro que todas as outras doenças não desapareceram por milagre. Os AVC, os enfartes e as pernas partidas têm que ser tratados onde estão reunidas as condições médicas e hospitalares para o fazerem de imediato.
Os hospitais privados que alguns na sua cegueira ideológica dizem que negoceiam a saúde. Perguntem aos doentes que se encaminham para lá voluntariamente.