Quando a riqueza produzida é suficiente todos ganham embora uns mais que outros. Nos países desenvolvidos a precariedade e o desemprego dão sinais de recuperação. Os países da União Europeia são países desenvolvidos. Vinte e sete em quarenta e oito países desenvolvidos a nível mundial.
Mas ainda há 1,4 mil milhões de trabalhadores no desemprego ou com emprego precário ( mal pagos e com pouca ou nenhuma segurança) . É preciso distribuir melhor .
O documento estima que nos países desenvolvidos, o desemprego caia para níveis anteriores à crise, enquanto no global deverá permanecer em níveis idênticos aos de 2017.
Apesar do desemprego global estar a estabilizar, a precariedade é altíssima em muitas partes do mundo, afirma a OIT. A organização estima que em 2017 cerca de 1,4 mil milhões de trabalhadores tinham empregos vulneráveis ou precários, um número que deverá crescer 35 milhões até 2019. Nos países em desenvolvimento, o emprego vulnerável afeta três em cada quatro trabalhadores.
“Embora o desemprego global tenha estabilizado, o défice de trabalho decente continua a ser generalizado e a economia global ainda não está a criar empregos em número suficiente”, afirmou o diretor-Geral da OIT, Guy Ryder, durante a apresentação do documento.
Não se pode deitar o menino borda fora com a água do banho .
Assim o querem cada vez mais empregadores e trabalhadores . São escolhas de vida que privilegiam o "ser" e o "experimentar " em detrimento do "ter". Dão preferência ao aprender, ter realizações, em alternativa ao status, dinheiro e estabilidade. E, sim, exigirão modelos familiares alternativos em mobilidade geográfica constante.
Mas o vínculo precário dos nómadas digitais será um estímulo para que um número maior de empresas opte por este perfil de colaboradores?
Fernando Mendes, fundador do espaço Cowork Lisboa que celebra sete anos de existência, é de opinião que sim. "Antes havia uma desconfiança da entidade empregadora para com os empregados que não estavam no local de trabalho . Mas essa ideia mudou."
As pessoas vão-se tornar cada vez mais especialistas, auto responsáveis e auto empregáveis, avaliadas pelo trabalho que fazem e que entregam . O trabalho das nove às cinco vai desaparecer, assim como o trabalho indiferenciado.
As novas moedas são o tempo e a mobilidade para criar um estilo de vida sofisticado, de aprendizagem e desenvolvimento passado a viajar, no lazer e na vida familiar .
As preferências de uma nova geração (os millennials) pela integração saudável entre vida profissional e pessoal virão consolidar ainda mais esta tendência que já é evidente em Portugal.
O emprego para toda a vida, com vencimento certo no fim do mês, à espera da progressão automática na carreira tem os dias contados para uma grande parte das pessoas . É, claro, que haverá sempre profissões onde a presença física é necessária .
Nas fábricas por exemplo, os robots tomam contam da produção, o cão toma conta da fábrica e o engenheiro residente toma conta do cão. Em casa , por turnos, os engenheiros vigiam o trabalho dos robôts, corrigem-nos e inovam-os .
Bil Gates, o homem mais rico do mundo e um dos mais visionários já anda por aí a dizer que é preciso taxar os robots.
A UGT já percebeu, com Carlos Silva a dizer : é preferível alguma precariedade ao desemprego. E por parte das empresas há pavor em contratar . Empresário e trabalhador têm que repartir as responsabilidades. O que implica uma cultura de mérito. Com o actual sistema há muita gente com mérito desempregada, enquanto que há muita gente com contrato vítalicio mesmo que desempenhem mal o seu trabalho. Tanto no sector público como no sector privado.
Cada vez mais o desafio do futuro é ter um emprego , mas não um emprego para toda a vida. Basta olhar em volta para o mundo já hoje. Quem defende o contrário anda a mentir e a defender as suas posições ideológicas e sindicais.
Claro que esta realidade implica o reforço do estado social, protegendo o trabalhador nas situações de desemprego.