Ao contrário do que acontece em Portugal o Brêxit, junta os conservadores ingleses pró-UE e os trabalhistas ingleses pró-UE já que nenhuma deferença essencial os separa quanto à Europa. E a formação de um novo partido pró-UE começa a tomar forma.
Por cá, bem ao contrário, os interesses partidários resultaram na geringonça. Dois partidos anti-UE foram chamados a apoiar a governação que é pró-UE. É, claro, que mais tarde ou mais cedo o cenário Luso bateria de frente no paradoxo incontornável da maioria assim constituída.
Uma vez que nenhuma questão fundamental separa os conservadores pró-UE e os trabalhistas pró-UE, já começou a delinear-se uma cooperação prática entre ambos os partidos. Mas para que qualquer aliança parlamentar deste tipo tenha legitimidade democrática, deverá apresentar-se não apenas como uma coligação de parlamentares com a mesma opinião mas sim como um novo partido político, com um programa que confronte de forma realista os desafios das mudanças tecnológicas e da globalização.
É esta legitimação democrática que António Costa não tem mas que lhe está, a ele e a nós, a custar muito caro. Como teriam votado os portugueses se o PS tivesse anunciado na campanha eleitoral que se juntaria aos partidos comunistas anti-UE ? E esta é a principal razão de o actual governo não realizar uma só reforma estrutural que faria se governasse sozinho.
Na mais velha Democracia do mundo estas golpadas não têm lugar.
Eu por mim estou no mesmo sítio. Pela União Europeia e pela Zona Euro. Mas há quem há bem pouco tempo incendiava o controlo do défice, o pagamento da dívida e o Tratado Orçamental. Nada menos.
São os mesmos que apoiam as políticas do governo PS e que para consumo das suas clientelas de vez em quando exigem a saída da Europa.
As exportações eram uma treta segundo a contorcionista Catarina, mas são as exportações que puxam pela economia, o melhor resultado de todos : em 2007 crescerão muito acima do crescimento do PIB e das importações dos países que compram os nossos produtos. As exportações portuguesas continuam a ganhar competitividade.
Voltamos a convergir 17 anos depois o que tira argumentos à extrema esquerda que teve que meter a viola no saco. Crescemos à conta das exportações (9,6%) e do investimento (8,8%) tudo vinda da europa. Mercados importadores e dinheiro para investir.
Claro que o PCP nunca perde como sabemos desde que há eleições em Portugal. E o BE com o Siryza na Grécia a ser um aluno bem comportado e o Podemos em Espanha a perder influência, só lhe resta aderir ao neoliberalismo triunfante.
Oitenta por cento dos europeus ( 72% para ser mais exacto) são a favor da União Europeia e da Zona Euro .Como é que os partidos anti-UE podem ganhar eleições com maioria absoluta? Ganhar ( com maioria relativa) podem mas não chega para governar.
Só se for como acontece em Portugal. Mas não por terem ganho eleições. Em conjunto PCP+BE valem 14% dos votos.
Em França, Le Pen, até pode ganhar eleições mas jamais fará maioria absoluta sozinha ou em conjunto com outros partidos. A maioria absoluta está do lado dos partidos pró-europeus. O mesmo se passa na Holanda onde a maioria absoluta dos mandatos são pró-UE .
Na Alemanha, Merkel e Schultz representam dois partidos ( juntos fazem maioria absoluta) pró-UE. O mesmo na Espanha e, até mesmo a Grécia,( tão fustigada pela austeridade) tem uma população maioritariamente pró-UE. O Syriza ainda não teve tempo de sair ? Mesmo o Reino Unido com o seu Brexit, abriu brechas profundas entre a Inglaterra, a Irlanda e a Escócia, e não falta quem queira voltar mesmo antes de sair.
Mas a ideia que passa na comunicação social é que estamos à beira de os partidos anti-UE, sejam de direita sejam de esquerda, tomem conta do poder e desarticulem o espaço europeu.
Estamos muito longe disso. Felizmente . Mas esta lega-lenga do sair veio para ficar