Nestes últimos quatro anos vivemos uma conjuntura global positiva . Cresceu a economia a seguir à profunda crise financeira e após as medidas rigorosas tomadas. Os juros desceram a níveis historicamente baixos . O BCE com o seu programa de compra de dívida manteve os juros baixos e a liquidez não faltou nos mercados.
Por cá, além desses benefícios, as exportações cresceram notavelmente e pela primeira vez em muitos anos as contas externas estavam equilibradas. Se é assim porque é que os países que estavam atrás de nós, mais pobres do que nós, nos ultrapassaram ?
Continuamos a ter uma das maiores dívidas, o crescimento do PIB é uma miséria , os salários e as pensões envergonham e os 2 milhões de pobres existentes em 2000 não se reduziram Temos um Estado grande e interventor que não é amigo da iniciativa privada na economia. Uma pesada carga fiscal, uma Justiça presa em burocracias e um sector financeiro e bancário assente em amiguismos e relações de interesse partidário.( Como hoje sabemos muitos milhões fugiram mas ninguém viu nada.)
O Estado está prisioneiro de interesses organizados que não compaginam com o interesse nacional.
Liberalizar a economia, reduzir o Estado, baixar impostos, reduzir a dívida, acabar com sectores da economia rentistas e ver com bons olhos quem consegue ter lucro e não pactuar com subsídios dependentes.
Empobrecer não é uma inevitabilidade tem sido o resultado de políticas pró-socialistas que deram o mesmo resultado aqui como em todos os outros países que seguiram políticas semelhantes .
Estamos na União Europeia basta seguir os que vão na frente não é preciso inventar nada.
Obviamente que nesta altura as “millions dollar questions” é saber quanto tempo vai durar a pandemia, quantas vítimas vai fazer, quantas vagas vai ter e que consequência económica vai ter.
No entanto, também estou curioso de saber quais serão as consequências políticas em diversos tabuleiros, e aqui também os meus eventuais palpites estão carregados de incerteza. Será interessante saber:
Como esta crise irá influenciar as presidenciais norte-americanas? Em tempo de crise os povos tendem a unir-se e como tal seria natural que se unissem em torno de Trump, aconteceu por exemplo o mesmo em torno de Bush após o 11 de Setembro. No entanto, a forma errática como Trump tem conduzido todo este dossiê impede-me de ter qualquer convicção.
Será que esta crise irá abalar duas das poucas teocracias que restam, a iraniana e a chinesa? No caso da iraniana talvez, embora o Paulo Casaca esteja muito mais habilitado a opinar que eu acredito que pode gerar as fissuras conducentes a que o regime trema e eventualmente caia. No caso da outra teocracia, a chinesa, ela poderá ser abalada, mas acredito que os meios de controle social de que o regime dispõe impedirá a sua queda. Chamei teocracia a ambos os regimes pois se no caso do Irão o mesmo é inspirado pelo Deus corânico, no caso da China o regime é inspirado pelo Deus Partido Comunista Chinês.
António Costa terá que conduzir uma política de extrema austeridade, que consequências tal terá para a sua popularidade? Em princípio poderíamos dizer que nenhumas pois Costa não será responsável pelo meteorito que nos caiu em cima. Poderemos eventualmente culpabilizá-lo de algumas decisões que não nos terão preparado da melhor forma, contudo até isso é discutível. Está então Costa totalmente salvaguardado de contestação política? Não absolutamente, Passos Coelho não foi responsável por ter que aplicar uma política de austeridade num país tornado insolvente por um governo corrupto, e não foi por causa disso que as pessoas não diziam constantemente “a culpa é do Passos Coelho”. Eu sei que face à esquerda há mais condescendência, ainda assim vamos ver.
Governo está a adjudicar 1400 milhões de euros diretamente a construtoras à margem da lei. “O maior programa de obras públicas que está a acontecer neste momento não segue o Código dos Contratos Públicos”,
É a mesma política de adjudicação da Parque Escolar. E sobre José Sócrates, avançou: “Só estou nesta aventura por causa dele. Porque cheguei a um momento em que achei que ele era mau demais para ser verdade”.
Desta vez é o governador do Banco de Portugal que avisa. Não é sustentável aumentar o consumo sem aumentar a produtividade .
...o crescimento baixo da produtividade portuguesa "limita maiores níveis de consumo" sem penalizar o equilíbrio externo. E as contas externas até Julho já reduziram o supéravit em 74% para um nível a caminho novamente do déficite.
"A manter-se por muito tempo este crescimento sofrível da produtividade comprometerá gravemente o aumento do nível de vida dos cidadãos", afirmou o banqueiro. Em relação à situação portuguesa, a fraca produtividade é um travão ao crescimento sustentável do consumo.
"Tendo em conta o actual endividamento público e privado, é essencial consciencializar a sociedade portuguesa da necessidade de prosseguir com a consolidação financeira e, simultaneamente, criar condições que favoreçam o investimento e a produtividade"
E os agentes indutores desse investimento e da produtividade são os agentes privados agrupados em empresas.
Uma política de procura à escala de 10 milhões de tesos e endividados é uma patetice, como a realidade está a demonstrar, diz o Prof Daniel Bessa.
O BCE já esgotou o que podia fazer mas a Alemanha pela sua dimensão podia implementar uma política de procura que levasse a mais importações com origem nos países europeus em dificuldades como Portugal. Porque Portugal só sai desta e de outras através das exportações ao contrário do que afirmam PCP e BE. As exportações só são uma treta para Catarina Martins.
Dizendo não ter a certeza de que Portugal poderá ter crescimentos fortes e sustentados, Bessa considera que se à escala europeia deveria haver uma política orçamental mais expansionista, "fazer isso à escala de Portugal é uma patetice".
"Não faz o menor sentido, não tem condições nem trará resultados, pôr a economia a crescer pela despesa é o que temos feito, não é vida para ninguém", afirmou.
Entretanto o que se vai ouvindo acerca da preparação dos orçamento 2017 é mais do mesmo, mais despesa paga por aumento de impostos.
As notícias sobre a economia em Portugal vão de mal a pior apesar do custo da energia baixo, das baixas taxas de juro e da depreciação do euro. Culpa ? A reversão das medidas do governo anterior, o tempo perdido com a campanha e eleições e a fórmula de governo encontrada.
“A recuperação económica abrandou de forma acentuada na segunda metade de 2015″ e “as reversões das reformas, aplicadas pelo novo governo, irão provavelmente penalizar ainda maiso investimento privado.
Não deverá crescer mais do que 1,2% o Produto Interno Bruto (PIB) português neste ano. O vaticínio do ING é ainda mais pessimista do que os 1,4% previstos pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e os 1,5% apontados pelo Banco de Portugal. E, também, ainda mais pessimista do que o crescimento de 1,3% previsto pela Universidade Católicana quarta-feira – uma forte redução face aos 2% anteriormente previstos.
É perante este coro de previsões menos positivas – distantes dos 1,8% que constam do Orçamento do Estado – que Mário Centeno já terá avisado os partidos da esquerda parlamentar de que vêm aí tempos difíceis.
Começa-se a perceber porque o BE acha que o " cartão de cidadão" é sexista e o PCP querer as 35 horas discutidas na Assembleia e não na concertação social.
Infelizmente, o que se antecipa para 2016 em Portugal, é turbulência política e uma economia frágil. O caminho seguido pelo governo minoritário do PS não convence ninguém lá fora. E alguém acredita que são os optimistas cá de dentro que têm razão ?
A Lei de Murphy vai fazer o seu caminho. Há muita coisa que pode correr mal em Portugal.
Os especialistas veem poucas razões para um grande otimismo em relação à economia e às empresas portuguesas – nem mesmo as exportadoras. “Receamos que o crescimento recente, suportado pela exportação e pelo consumo interno, poderá não ter muita margem para acelerar”, diz o Royal Bank of Scotland, mostrando-se pouco confiante em relação ao “impacto das medidas propostas [pelo governo do PS] no crescimento potencial”.
“A devolução dos cortes salariais no setor público coloca em risco a realocação eficaz dos recursos, ao mesmo tempo que a subida do salário mínimo deverá prejudicar as exportadoras, já que se especializam sobretudo em produtos de baixo valor acrescentado”, diz o Royal Bank of Scotland. Além disso, “as medidas com o objetivo de impulsionar o consumo podem deprimir ainda mais a poupança e o investimento, arriscando causar um aumento brusco do défice da conta corrente”, acrescenta o banco de investimento.
E a juntar a tudo isto temos um governo que terá muitas dificuldades em cumprir as determinações de Bruxelas com as exigências do PCP e do BE.
A agência de rating S & P subiu o rating de Portugal porque as politicas do actual governo são para continuar seja qual for o resultado das eleições .
A S&P considera que "apesar das eleições poderem resultar num cenário político mais fragmentado, continuamos a pensar que desvios significativos ou reversões das políticas são improváveis, reflectindo um consenso político relativamente forte e, até à data, a ausência de novos partidos populistas que poderiam ameaçar a tradicional tendência pró-europeia dos partidos políticos portugueses".
A S&P espera que "após as eleições legislativas, o novo governo irá comprometer-se com políticas que sustentem o crescimento económico e mais consolidação orçamental".
O PS nada tem para oferecer a quem quer entrar em aventuras. PCP e BE não fazem parte da solução
E é. Não tem a ver com a qualidade do ensino nem com o interesse dos alunos, é uma questão puramente política. Tem a ver com o controle do que se ensina desde tenra idade aos alunos e com o controlo sindical de cerca 200 000 pessoas entre professores e outros funcionários. E tem a ver com a centralização do poder nos burocratas do ministério. E com um sistema de circuito fechado onde, a ser possível, não haveria avaliação de professores e alunos, nem rankings de escolas.
Os alunos filhos de famílias ricas frequentam boas escolas privadas; os alunos filhos de famílias remediadas frequentam boas escolas públicas; os alunos filhos de famílias pobres frequentam más escolas públicas. Em Portugal, com a escola pública, perdeu-se o mais poderoso ascensor social. Caído numa má escola pública não há nada que livre o aluno dessa penitência.
A Constituição diz que a escola pública é gratuita e universal? Óptimo, não diz é que as famílias não podem escolher a escola, seja ela propriedade do estado ou de um privado. Não diz nem pode dizer nunca, cabe às famílias escolher a melhor escola para os seus filhos.
Mas como o sindicato diz sem vergonha trata-se de uma questão política.
Estamos a chegar ao fim de uma época onde negócios e política andaram de mãos dadas. O que se está a passar no BES resulta da cumplicidade da política com o mundo dos negócios.
Com o BES, cai uma ala incontornável do "antigo regime", aquele que vigorou no País nas duas últimas décadas. Este é o toque a finados que faltava. Com a intervenção sobre o País, ruiu um certo "modelo de desenvolvimento económico" - que tem de ser escrito assim mesmo, com aspas, para não nos rirmos demasiado da nossa tragédia colectiva.
Com a intervenção sobre o BES, ruiu um certo modo de fazer negócios e, sobretudo, de relacionamento entre o poder financeiro e o poder político.