Após a erosão do pensamento socialista que resultou da completa desqualificação do modelo comunista, o pensamento neoliberal fez o seu caminho. Desde Tatcher e Reagan. Hoje sabemos aonde tudo isto conduziu. Sociedades marcadas pelas desigualdades sociais, um continente em recessão e um desemprego assustador.
Hoje, o grande desafio é saber se quem construiu a ordem social e política - democratas cristãos, sociais democratas e socialistas democráticos - que mais tempo de paz e de qualidade de vida assegurou a milhões de pessoas de dezenas de gerações, é capaz de articular os sectores mais dinâmicos da sociedade com os grupos sociais recentemente mais prejudicados. Pede-se um funcionamento mais justo e eficiente do mercado, a promoção de uma intervenção inteligente do estado e incorporação de novos temas e causas emergentes na sociedade.
O cenário é a Europa ainda e sempre. Será possível a união da esquerda agora perante a tremenda desilusão neoliberal?
Quem leu as intervenções que PCP e BE efectuaram ontem no encontro promovido par Mário Soares, sabe que à esquerda continuamos tão longe como sempre. Um eventual reposicionamento desses partidos, numa lógica de responsabilidade governativa, poderia ser uma janela de oportunidade.
Mais uma vez resta ao país que o CDS venha , eleitoralmente, promover eventuais modificações estruturais na vida política nacional.
Ganham muito bem e são disputados pelas audiências que arrastam. Têm acesso a canais de informação dentro dos partidos e, há mesmo quem revele segredos de estado que muitas vezes não se confirmam. Outros usam o comentário para fazerem comícios partidários e defenderem os resultados da sua própria governação. A maioria usa o comentário para ajuste contas.
É, também, uma forma de aferir a popularidade do próprio comentador como se pode ver no gráfico:
Um dos grandes e graves problemas da nossa vida política. Os partidos nasceram num tempo em que quarenta anos de partido único e a necessidade de implementar a democracia justificava a predominância dos partidos políticos. Já não estamos nessa situação. Agora precisamos de abrir a vida partidária e política à sociedade civil por forma a melhorar a qualidade dos parlamentares e governantes e assegurar uma maior participação dos cidadãos.
Os signatários do movimento «comprometem-se» a lançar um movimento «aberto a todas as correntes de opinião». A missão deste futuro movimento passa, para já, por fazer aprovar no Parlamento novas lei eleitorais e do financiamento das campanhas eleitorais , com vista ao «fim da concentração de todo o poder político nos partidos e na reconstrução de um regime verdadeiramente democrático».
Hibernou durante uns tempos e agora regressou cheio de energia. Nunca se engana e poucas vezes erra. Pois se quando a borrasca se perfila no horizonte se protege como pode ele enganar-se?
Nesta crise, o Presidente até poderia ter uma função fundamental para a credibilidade da política. Podia fazer presidências abertas, por exemplo. Ou ajudar a dirimir conflitos sociais. Ou falar em nome de um País desesperado, deprimido e revoltado. Ouvir as pessoas, dar voz e rosto aos seus problemas. Mas para isso era fundamental que tivéssemos mesmo um Presidente. Alguém que sabe escutar e ver o que não pode deixar de ser escutado e visto.