A "esquerda" e a "direita" comportam-se como os "No Name Boys" e os "Ultra" claques desportivas. O que interessa é a cor da camisola. Mas nós temos o dever de analisar os assuntos e não embarcar em narrativas . Um exemplo :
Não é nada que não se tenha visto antes: nos tempos do ex-primeiro-ministro suspeito de corrupção, fraude fiscal e branqueamento de capitais, José Sócrates – à medida que ficava cada vez mais claro que este usara a sua influência para obter uma licenciatura de forma irregular, que usara o banco detido pelo Estado para controlar um banco privado que não lhe fazia as vontades, e que abusara do seu poder político para levar um grupo económico “amigo” a comprar uma televisão que tinha a ousadia de investigar estas e outras manigâncias –, vários membros daquilo a que por simplismo chamamos de “a esquerda”, enamorados pelo “animal feroz”, recusavam-se a ver o que qualquer um podia já ver, tal como hoje muitos ainda se recusam apesar de serem cada vez mais claros os esquemas usados para os crimes pelos quais Sócrates aguarda acusação.
Não sendo nova, esta atitude mental é assustadora. Estas reacções gémeas da “esquerda” e da “direita” mostram como somos cada vez menos capazes de pensar criticamente sobre a realidade política, e somos os piores cegos – os que não querem ver – para a evidência que prejudique o nosso suposto “lado” (ninguém decente, de “esquerda” ou de “direita”, se pode sentir do mesmo lado de ilusionistas autoritários como Trump e Sócrates). E cada vez menos temos essa capacidade de analisar criticamente a realidade, cada vez menos somos capazes de avaliar o que está bem, o que está mal e quem poderá ou não fazer melhor.
E o possível para o governo Grego foi lançar o país numa situação em que qualquer saída é má. Mantendo-se no Euro já perdeu o esboço da recuperação económica que se verificava há cinco meses e a confiança dos parceiros internacionais, bem como, lançou entre o seu próprio povo a descrença e o medo. Se sair da zona euro o trambolhão andará por um empobrecimento que rondará os 40%. É o que significa regressar ao Dracma. O caso semelhante da Argentina está aí para o mostrar .
O resultado é este. Todos perdem. Claro que há quem exulte por razões ideológicas. Mas a esses o bem estar dos povos interessa pouco ou é visto como um prejuízo colateral até se alcançar o paraíso.
O Syriza vai à vida seja qual for a decisão do povo Grego. Se o país abandonar o euro os próximos anos vão ser de miséria para grande parte da população. Se ficar no euro é porque o povo lhe retirou a legitimidade de governar. Num caso ou noutro o Syriza tem o fim anunciado.
Para a União Europeia, o que se está a passar, mostra que não foram criados os instrumentos necessários para lidar com a crise. Nem mesmo para evitar novas crises. Há, pois, que tirar as lições. Uma delas está à vista do outro lado do Atlântico. O orçamento federal dos USA ronda os 10% do PIB. O orçamento da UE representa 1% do PIB de todos os países . Com 10% do PIB é possível retomar rapidamente os equilíbrios. Com 1% do PIB a austeridade, mais ou menos penosa, é incontornável.Como também está bem à vista numa situação e noutra.
Uma coisa é certa. O Syriza, em apenas cinco meses, mergulhou a Grécia numa situação deplorável. Que ninguém se engane. É o povo Grego que vai sofrer e pagar tudo até ao último tostão. E quem governou a Grécia até aqui deve dar o lugar às novas gerações, livres de compromisssos e de favores.
Falava com uma senhora da minha confiança, que tem sido uma simpatia. Comentávamos sobre a morte de Allende e disse-me: o senhor vai desculpar, mas não gosto de política. Calei. A liberdade de se exprimir que eu respeito profundamente, existe. Essa liberdade de se exprimir manifesta-se en ouvir, ver e falar o que se estima ser verdade com argumentos sólidos e verdadeiros. Nem todas as pessoas devem ou podem gostar do que denominam vida política. Viu-se logo nas eleições de Maio para deputados do parlamento da união europeia. A abstenção atingiu o seu mais alto pico. Dentro de um universo de eleitores que ultrapassa os tres milhões de votantes, sufragaram apenas um 10%. Pensei eu de imediato: o povo português tem suficiente trabalho com as eleições dentro do país para andar também a votar por individuou-as que se sentam em escanhos longe do país. Votar pelos de casa, já é pesado, votar para que, como disse a senhora que trabalha na minha casa por pessoas que vão passear com o nosso dinheiro, eu por eles não voto nem gasto o meu tempo. Eu ouvi e calei. Sabia bem que não entendia que é governar. O governo nos países modernos acaba por ser uma parceria ente vários países do Velho Continente que legislam para evitar ações fraudulentas dos outro países que partilham a mesma moeda, o euro, e tropelias e trafego de influenças entre parlamentários dos países signatários do acordo do governo universal da Europa. Não apenas isso. Também há membros mais empobrecidos que recebem a colaboração em moeda ou em mercados em que se trocam bens. Os mercados pobres têm um sítio em que se debate quem deve partilhar trocas de compra e venda de bens, para colaborar com os países pobres. Argumento que não ia usar com a Senhora da minha confiança, que só me tem feito bem e ajudado a juntar os dinheiros que me eram devidos e por não serem pagos como correspondia, obrigava-me a viver com uma baixa pensão do meu governo luso. O Parlamento Europeu serve para colaborar e observar se as Assembleias ou Congressos Bicamerais dos países membros, respeitam a lei, a soberania, se a usam com um agir legal que corresponde a trabalhar com o povo, para o povo e é do povo, por outras palavras, legislaturas que são eleitas para o bem da República ou Monarquia que governa o país. Mas essa não era a política da que falávamos, era da vida pública de um Estado Nação que deve tomar conta do bem-estar dos governados. Não como na Suíça em que o governo no existe e os tres cantões-francês, alemão e italiano- são geridos por assembleias locais que gerem o mercado em bem de todos e por igual.
No dia em que nós começamos a ter problemas com a economia e o nosso mercado não era credível fora do país lusitano, o governo não hesitou, apresentou o seu problema à União Europeia que lhes emprestou dinheiro suficiente para pagar dívidas, construir indústrias e empresas, dar trabalho para os sem emprego e organizar um fundo de colaboração com recursos do Banco da União Europeia, o Banco Alemão e o Fundo Monetário Internacional-FMI criado para estas emergências. Como é evidente, essas dívidas devem ser devolvidas com os lucros obtidos como mais-valia a partir das novas atividades empreendidas cm os empréstimos.
Todo empréstimo tem um limite e deve não apenas ser usado para o bem dos mercados internos, bem como para avaliar acordos entre países que carecem de um bem para criar mercadorias vendáveis, bem como colaborar com pequenos empresários que, lentamente, vão expandindo a sua base lucrativa.
A política não é um estado de emoção: é trabalho espalhado entre todos, com capacidade de criar artefactos precisados por países estrangeiros que pagam em moeda o bem comprado. De tantas vendas, forma-se um erário público gerido por um governo credível porque demonstra ao mundo a sua capacidade de manufaturar, de exportações que criam uma acumulação de capital que colabora a pagar trabalhadores e a dívida, que tem um prazo. Prazo que ou se cumpre, ou a falta de pagamento gera interesse que passam a ser maiores que o empréstimo. O país assim apoiado, tem por dever pagar o empréstimo o não apenas juros ou interesses. Infelizmente, o mercado português ainda não convenceu outros países membros da União Europeia de ser um país credível porque os empréstimo têm ido a industriais que queriam mais numerário para incrementar sua indústria e não tem ido as mãos de jovens industriais para a criação de outras manufaturas. A solução encontrada tem sido privatizar as empresas que rendem para o estado, como os estaleiros, as cortiças, o vinho, a aviação, todo em mãos dos amigos do governo, eles próprios proprietários das atividades de trabalho que rendem lucro. Os mais novos, não têm recebido apoio: o dinheiro tem ido ara bancos que têm falido ou para empresas concorrenciais de outras mais lucrativas que moram fora da nossa República e não pagam réditos para o erário nacional. Pagam a outros, pelo que a legislatura atual incremente impostos, não se compromete nem com médicos, enfermeiros, forças armadas ou da segurança pública, que não rendem porque o seu trabalho é o de defender a soberania e a independência da nação, como acontece em todos os países que têm empresas manufatureiras que devem ser cuidadas para a segurança do operário, técnicos e material produtivo.
Sempre entendi, desde que Aristóteles a definiu em séculos antes da nossa era, que a política era o governo da polis o cidade em grego, Estado nos nossos dias que, no mal emprego da nossa democracia, o investimento nunca foi com o povo, para o povo e do povo, essa democracia da que já falara antes. A frase é do Pendente Lincoln dos Estado Unidos (1809-1865) que acabou com um sistema de trabalho em que africanos trabalhavam para os donos da terra que produzia algodão para lucrar eles com essas vendas. Sem pagar impostos para o erário nacional. Una larga parte dos EUA produzia madeira, resina, petróleo, sabiam de saúde e aplicavam suas descobertas para a nação. Em Portugal, os empresários têm investido em outros países o seu lucro, justamente o grupo que nos governa, sem que trabalhem para o bom povo português e criar industria que paguem salários do que se possa retirar uma parte como imposto para os bens públicos, outro para a saúde e um terceiro ainda, para pensão de velhice.
Gestão governamental que vem dos tempos da ditadura que fechou o país dentro de si próprio, sem criar bens que rendessem outros para vender no mercado público europeu. Ou das colónias que tivessem burguesia por se terem apropriado das terras nativas. O mercado de Portugal era essas colónias, roubadas aos nativos, acabadas em 1974. A manufatura falhou!
A seguir, foi necessário reconstruir o país isolado, com leis e partidos e uma Constituição para substituir a prévia, a da escravatura.
A política não é nem economia nem finanças, elas estão sujeitas a debate de diversas ideologias que é política pura de debate sem ação e a um povo sem meios de trabalho. O liberalismo económico deve acabar para organizar um país de mercado que exporta e dinamiza a mais-valia. Ai Portugal se ria um país credível e não esse que anda na casa de bruxas, lançando-se culpas de grupo a grupo. Isso não é política de governo e eu concordo cem por cento com a senhora que entende que esta é um miar de gatos que nem poupa nem investe nem trabalha em empresas acreditadas nos mercados internacionais.
Ou como Allende fez: retirou de mãos estrangeiras a riqueza do país, as minas tornaram a ser nacionais e havia um motivo para viver: trabalhar e lucrar dentro da Soberania da Nação. Quem faça isto, paga a dívida, emprega, contrata, faz quadros profissionais, faz de Portugal um país produtivo como a Irlanda que nada deve a ninguém, Chipre, parte da Espanha e da Grécia, países antes a viver de empréstimos e não do trabalho da população que precisa de um orientação económica líder no qual se confie e não apenas palavras, palavras, palavras, sem vendas de produtos nacionais, nem meio tostão. Isso é a política: um orientador acreditado pelo povo, herança que advêm ainda das colónias. Quem será o salvador? O povo com un governo que investa dentro dos limites da República e levante o ensejo da produção para comer, viver bem e depois vender o que é produto que a nação não consume. Sem bancos falidos nem a caridade da União Europeia. Allende o fez, o mataram, Humberto Delgado, assassinado também. Só fica esta coligação neoliberal que governa fora da Nação.
Senhora, tem toda a razão. Adiro a si. Vamos calar… por enquanto…. Paremos a violação dos Direitos Humanos em Portugal.