Dois dias depois da saída começaram a aparecer carros de grande cilindrada. Competições de mota e de carros em grande velocidade. As gentes do bairro a indicar baixinho, olha aquele saiu agora.
Não tardou a polícia redobrou a sua permanência, carros da polícia de choque, sirenes, INEM de manhã à tarde e à noite. Uma farturinha.
As pessoas que toda a vida vivem paredes meias, que os conhecem há gerações são os mais indignados. Gente que faz parte daqueles 2 milhões de pobres que têm de rendimento o máximo de 450 euros e os que trabalham e ganham o salário mínimo. Mesmo trabalhando toda a vida nunca conseguiram dar uma vida decente à família.
As raparigas, mal espigam, é vê-las com uma criança no carrinho e outra na barriga. É para o rendimento mínimo.
Quem enche o partido da extrema direita é este povo que trabalhou toda a vida e vê o que vê. Não se queixem.
É uma espécie de Caixa de Pandora que foi aberta e agora ninguém sabe como fechá-la. Há nisso alguma surpresa ? Não previram ? Ou a ideia era mesmo esta ? Colocar o governo perante uma decisão que não tem nem de perto nem de longe cobertura orçamental.
O camarada António Filipe diz que a manifestação dos polícias é compreensível não dá é exemplo nenhum de igual protesto nos países comunistas. Neste país onde se gastaram fortunas em obras desnecessárias, a salvar bancos, a atirar dinheiro emprestado para cima de tudo é, realmente, compreensível que os polícias estejam indignados mas ouvir um comunista a bater palmas, também me indigna e não é pouco.
Mostramos que a subimos quando queremos e que só nós é que podemos impedir que outros a subam. Todos os outros são menos que nós, se for preciso levam porrada de criar bicho como levaram ainda há bem pouco tempo. Convém, pois, rever o Orçamento, e aumentar o nosso, os que podemos impedir que alguém escale a escadaria.
O dinheiro arranjem-no, por exemplo, cortando mais no Orçamento dos desempregados e idosos que esses, mesmo que queiram não conseguem escalar nada. O que é que não percebem?
Andam todas as outras corporações a reivindicar mais dinheiro mas nós é que temos razão. As outras corporações não escalam a escadaria e ganham mais do que nós. Isto é claríssimo, democrático e o exercício de direitos consagrados na Constituição que nunca deixaremos que possa ser mal interpretada.
Sim, aplaudimos no fim, porque até Soares, o agitador, que noutras circunstâncias e não fosse quem é dava com os costados em tribunal, aplaudiu na reunião magna. Ora se foram eles que levaram o país à bancarrota e, mesmo assim, podem reivindicar e aplaudir , não podemos nós fazer o mesmo?