Até já começou com gente no desemprego e com o rendimento reduzido. É mais despesa e menos receita. Défice e aumento da dívida. Chamem-lhe o que quiserem.
Acontece que a fragilidade da nossa recuperação e consolidação orçamental fazem com que a nossa capacidade de intervir na economia para promover a retoma económica seja limitada. Foi isso mesmo que reconheceu o ministro da Economia quando disse que não tínhamos condições para dar os mesmos apoios que outros países e que "mais despesa hoje são impostos amanhã". Também podia ter dito: "mais dívida hoje são impostos amanhã".
Não temos almofada financeira para enfrentar a crise. Teria sido necessário reduzir a dívida, fortalecer o crescimento do PIB e segurar o aumento dos impostos. Nada disso foi feito.
O exemplo mais recente é a redução das propinas universitárias prevista no OE para 2019. Diz o primeiro-ministro: não temos dinheiro para tudo e é necessário fazer escolhas. A escolha do Governo foi reduzir as propinas para ricos e pobres, em vez de prever dinheiro para residências universitárias onde possam viver os estudantes com menos meios. Esta decisão é triplamente regressiva. Primeiro, porque baixa as propinas para os mais ricos em vez de reforçar os apoios que permitam aos mais pobres frequentar a universidade. Segundo, porque são os mais ricos que mais tendem a beneficiar das universidades públicas. São eles que, em proporção, mais posições ocupam nas universidades públicas. Terceiro, porque discrimina contra aqueles que vivem fora das cidades onde se encontram as melhores universidades.
O ministro Maduro esteve muito mal. Na verdade como seria possível que na mesma classe profissional tivéssemos um tratamento diferenciado por causa de uma data? No entender do ministro, o acórdão de hoje do TC vem "confirmar que todo e qualquer efeito [do acórdão de 30 de Maio que considerou os cortes de salários e subsídios inconstitucionais] só se produz a partir de 31 de Maio e portanto, mesmo que isso tenha um impacto diferenciado [parte dos funcionários terem subsídio de férias com cortes, outros por inteiro] isso é a consequência da decisão do Tribunal Constitucional".
Então agora temos tábua razão do principio da igualdade? O governo estava a arranjar mais uma guerra felizmente já recuou. Os sindicatos já estavam a preparar-se para irem para tribunal e desta vez cheios de razão.