Tesouradas nas escutas apuraram a arte. Já vai em tesouradas na verdade. O ex-PGR não consegue ver-se livre de José Sócrates. Depois digam que o processo não tem nada de político, nem tem nada a ver com o PS e com a governação.
Já há por aí quem se lembre do uso e abuso do caso BPN para atacar o actual governo. E do caso "vistos Gold " para exigir a demissão do ministro. Com o PS "no pasa nada".
O interior do país desertificado é parecido com os guetos nazis. Quem o diz é quem de lá saiu sendo dos poucos que lá poderia ter ficado. E poderia ter contribuído para a fixação das populações, tomando iniciativas, fazendo valer a sua voz junto do estado central, reforçando o poder local. Mas não, veio para Lisboa fazer a vidinha e a partir daqui passou a indignar-se.
Segundo Pinto Monteiro, a desertificação do interior não decorre da saída das populações que rumam a outras paragens à procura de uma vida melhor. Não, isso interessa pouco, o importante é a saída do estado. O estado mesmo sem populações deve continuar imóvel. É que sem estado, o Sabugal torna-se um gueto de Varsóvia.
Pinto Monteiro e Noronha Nascimento, os dois intervenientes nas escutas do "Face Oculta" envergonharam a magistratura nacional ao estarem presentes no lançamento do livro de José Sócrates. O Penedos-filho - ainda às voltas com o problema- diz o óbvio. Se Pinto Monteiro e Noronha Nascimento são amigos de José Sócrates então, enquanto PGR e Presidente do Supremo, deveriam ter pedido escusa de intervir no processo.
Note-se que foram amigos de Sócrates que estiveram, por convite, na apresentação pública do livro.
(...)a presença dos dois magistrados numa cerimónia laudatória de um ex-primeiro-ministro que muito beneficiou com as suas decisões judiciais envergonha a magistratura judicial. Tal só é possível num país em que os juízes são muito mal escrutinados pelos seus próprios órgãos disciplinares.
Por isso mesmo, o Conselho Superior da Magistratura deveria analisar e tomar uma posição sobre esta matéria - sob pena de os restantes juízes pensarem que é normal a promiscuidade entre o poder político e o poder judicial.