O Pinhal ardeu em 2017 mas a vontade de o reabilitar não é nenhuma ou muito pouca. Andam por lá uns jovens de umas organizações ambientalistas ajudados por empresas privadas a plantar umas milhares de árvores muito poucos para o necessário.
O estado faz-se notar por não ter feito nada.Falta de dinheiro, falta de vontade...
E aqui estou mesmo a ver que o Pinhal de Leiria vai caindo no esquecimento, um dia aparecem uns interessados a dizer que roubando uns poucos hectares se constrói ali um hotel de luxo sobre o mar e mais tarde " já agora" um condomínio de luxo com um campo de golfe.
O negócio já deu alguns passos perante a indiferença dos poderes públicos. Seguramente que os privados têm a culpa de tudo e o estado não tem culpa de nada.
O eucalipto que se dá em Portugal é o "eucaliptus globulus" que se cria em 10 anos , bem mais depressa que no centro e norte da Europa e que é a melhor matéria prima para a indústria de celulose. Já ultrapassou em área cultivada o pinheiro bravo que precisa de 30 anos para dar rendimento.
Com as fábricas de celulose e de papel, há 30 anos, a plantação do eucalipto teve um grande incremento. As próprias indústrias plantaram grandes áreas.
Sempre houve quem não visse com bons olhos esta rápida implantação do eucalipto por considerarem que é uma árvore que "suga" os terrenos . Mas a rendibilidade que dá aos proprietários é um argumento de peso.
A relação entre a predominância do eucalipto, pinheiro bravo e sobreiro, embora trocando de posições, não representa perigo para o equilíbrio entre as três espécies. A lei recente veio libertar a plantação do eucalipto de vários constrangimentos burocráticos com vista a permitir a rearborização e arborização dos terrenos até agora com classificações restritivas.
Apesar da enorme contribuição para a fileira do papel a produção nacional de eucalipto não é suficiente sendo necessário importar cerca de 20% das necessidades da indústria. Quanto ao pinheiro bravo é necessário que o governo dê incentivos à sua plantação pois trata-se da matéria prima para o "cluster" do mobiliário que tem um grande peso no PIB nacional e nas exportações. Só garantindo uma conta de exploração positiva é possível chamar os proprietários dos terrenos ao abandono a aderirem a políticas de desenvolvimento e sustentabilidade na exploração florestal.
No meio de um vasto pinhal foram-se construindo casas com pequenos quintais, onde se plantam árvores de fruto . Gente do centro da cidade que recriou ali a vida da aldeia distante. Mas trouxeram os carros e o horror pelo chão cheio de resina que vai caindo dos pinheiros, pelas pinhas e pela caruma. Foi um passo desde que o primeiro começou a cortar os pinheiros por um qualquer pretexto. Hoje há cada vez menos resistentes.
Telefonaram-me para me dizerem que a tempestade me deitou pinheiros ao chão e partiu telhas da casa e do churrasco. Vou entrar em despesas. E em discussões. Para quê os pinheiros? Só fazem lixo...
Mas se é assim, porque não ficaram na Avenida de Roma, onde não há pinheiros nem caruma? Nem árvores de fruto? Não contam que de noite se ouve o barulho do mar, a maresia ao cair da tarde e que em cinco minutos se está junto ao mar. Nesta altura do ano, a partir de Setembro temos um areal de quilómetros só para nós. Limpo, sem calor e sem multidões.
Vou para lá juntamente com o brasileiro que trata dos quintais para me assegurar que só corta o que já está partido, vou defender os meus pinheiros.