António Costa não diz quem paga aos "lesados" do BES
UM DIGNO SUCESSOR DE SÓCRATES
Além da separação de poderes, uma das virtudes de uma democracia liberal é o escrutínio. O escrutínio gerado entre governo e oposição, ou entre poder político e comunicação social. O escrutínio tem um efeito dissuasor crucial e é essencial para a preservação do normal funcionamento de um regime democrático consolidado. Por isso, quem preza a democracia liberal só pode ser inimiga da sombra e de acordo secretos.
António Costa convive mal com o escrutínio e tudo faz para o evitar. O acordo alcançado com os lesados do GES é apenas o último exemplo disso mesmo. É inadmissível que um primeiro-ministro proponha um acordo a um conjunto de investidores, mas depois se recuse a prestar esclarecimentos sobre o papel do Estado e dos contribuintes nesse acordo.
O primeiro-ministro está a comportar-se de forma politicamente indigna. Pouco importa. A luz fará o seu caminho e aquilo que António Costa quer esconder acabará por ser do conhecimento público. A nódoa que fica, mais uma, é que dificilmente sairá. Aparentemente, temos um sucessor à altura de José Sócrates.