Vários governantes pronunciam-se sobre o affair na CAIXA num concerto bem ensaiado . O que não conseguem é explicar porque legislaram explicitamente sobre o assunto tentando remediar a palavra dada.
Os gestores foram na conversa "da palavra dada palavra honrada" não percebendo que estavam a negociar com políticos. O resultado é o que se adivinha. Os gestores de rastos e a saírem muito mal na fotografia e os governantes a sacudirem a responsabilidade . E, é claro, que há a reputação da CGD e a do país .
Os que em Bruxelas estiveram envolvidos na operação ( até se deram ao luxo de mandar uns quantos receber umas lições sobre a banca) devem estar perplexos e a rebolar a rir. Então é assim que se governa um país e o seu principal banco ainda por cima público ? Ou é assim por ser público ?
Já se percebeu que Centeno está em para-quedas com António Costa a deixar que o seu adjunto para os assuntos parlamentares tire o tapete ao ministro das finanças. Por sua vez Marcelo já falou sobre o assunto " tudo explicadinho" e da parte do governo crescem as vozes a apoiar o "amigo" Marcelo.
Estamos na fase de salvar a pele, questão em que António Costa é exímio mas, desta vez, vai deixar um rasto de vítimas no seu próprio campo.
O impasse em que estamos não é culpa nem de António Domingues, nem da equipa que ele escolheu: é responsabilidade de quem aceitou as suas condições sabendo que, para as aceitar, teria de mudar a lei e as regras do jogo. E quem as aceitou tem nome: Mário Centeno (eventualmente logo em Março, como se noticiava esta segunda-feira) e António Costa (pelo menos desde Junho, de acordo com uma notícia deste sábado)
Jerónimo de Sousa pregou um prego no caixão da coerência politica do PCP. A meio da semana dizia que o PCP não apoiava o Programa de Estabilidade mas na sexta feira abandonou a Assembleia para não ver a sua bancada desdizê-lo. Mesmo que a preparar uma intervenção pública, segundo a sua versão.
O PCP - profundamente conservador - julgou por meses que podia estar no governo e na oposição ao mesmo tempo. Tomar conta do ministério da Educação - moeda de troca pelo seu apoio parlamentar - e não apoiar os programas do governo a enviar a Bruxelas foi sonho que morreu à nascença.
O próprio Secretário Geral sai muito mal da fotografia num momento em que se erguem vozes que exigem a renovação do partido. O score alcançado nas últimas eleições presidenciais (3,3%) é particularmente violento. O tal núcleo comunista, muralha de aço, equivalente a 8% de indefectíveis afinal é mais uma quimera de propaganda. As próximas autárquicas em 2017 vão ser o momento em que o PCP vai jogar tudo. Um mau resultado será um beco sem saída atenta a ala radical que domina o comité central. Não haverá "engraçadinha" que lhes valha.
O domínio monopolista que o PCP está a lançar sobre a escola pública mostra bem que o partido não mudou. A estratégia é a mesma que levou o povo para as ruas em 74/75. Ontem já se realizaram protestos, reuniões e assembleias nas escolas que os comunistas querem decapitar. Ontem como hoje a liberdade passa por aqui. Há que lutar novamente pela liberdade de escolha como durante estes quarenta anos foi preciso lutar pela liberdade sindical e de informação e por uma economia não estatizada. Pela integração na UE e no Euro.
Mas como também sabemos embora perdendo todas as eleições em democracia o PCP ganhou-as todas. É preciso avisar a malta!
A palavra de um comunista não precisa de assinatura. Mas se é para cumprir não custa nada assinar o acordo escrito. Como vai o Presidente da República apreciar um acordo que não está escrito ? Se nem um acordo escrito lhes apanham como é que esperam responsabilizá-los no governo ?
Os "barões" do PS já perceberam a tramóia. Querem-nos no governo. Ficam com o pescoço no pelourinho . Esta de a palavra de um comunista ser mais segura que a palavra dos não comunistas faz parte da velha melodia que dá o comunismo como moralmente superior. Não é . Se querem ficar eternamente na posição confortável de quem oferece a lua então não andem a vender supostos acordos de incidência governamental