Como não podia deixar de ser agora já todos concordam na articulação entre o sector público e o sector privado na saúde. O debate entre os vários candidatos foi disso uma amostra muito evidente. Nenhum dos candidatos se atreveu dizer que a saúde não é um negócio porque o que está à nossa frente é o negócio da morte a crescer assustadoramente.
O Tino, o mais genuíno deles todos, deixou cair a bomba . Se algum de nós estiver a morrer não pergunta se é público ou privado quer é ser tratado. Pumba ! embrulha e vai-te curar.
Agora a discussão é à volta dos preços e dos doentes covid. Aceitam ou não ?
Quanto aos preços estabelecem-se em negociações sérias, para isso basta os representantes do Estado saberem defender o interesse público. Não pode ser como nas PPP rodoviárias em que os representantes do estado, de todos nós, aceitam rendas escandalosas. Não culpem os privados.
Quanto à aceitação de doentes covid - 19, teria bastado que a ministra, em vez de se orientar pela Internacional , se tivesse orientado pelo interesse nacional. Programava a articulação entre os dois sectores . Mas para programar é preciso fazer ideia do que vai acontecer no futuro próximo e, nisso, a ministra sabe (sabia) zero.
Mas já foi um avanço. A partir de agora já sabemos que não é uma inevitabilidade ter listas de espera no SNS com doentes pobres a morrer sem tratamento adequado.
Os representantes dos trabalhadores preparam uma petição para manter a TAP na esfera pública.
O representante dos trabalhadores manifestou ainda preocupação com o plano de reestruturação que está a ser delineado — e que o Governo terá de apresentar em Bruxelas, na sequência da ajuda financeira à companhia — , assumindo, porém, que nos vários encontros que a CT teve com o ministro da tutela, Pedro Nunes Santos, e com a administração da TAP, não lhes foi avançada informação sobre o conteúdo do plano.
É claro que os trabalhadores estão fartos de saber que o governo procura um parceiro privado .
"A companhia aérea portuguesa quer apresentar à Comissão Europeia um plano de reestruturação que já inclua o cenário de um novo parceiro. A informação foi avançada esta sexta-feira, 4 de setembro, pelo Público, que adiantou que, para cumprir este objetivo, a TAP vai contar com a ajuda de um banco de investimento, que deverá estar escolhido nas próximas semanas."
O SIRESP cujo concurso ( muitas suspeitas...públicas) foi público, foi muito mau e a sua gestão privada também não colhe pela competência. O BE para quem a nacionalização é o remédio de todas as coisas, quer a gestão pública do SIRESP.
Eu acho bem. Se não funciona então tente-se uma alternativa. Mas isso leva-nos a outro problema. Os paióis de Tancos. Vamos privatizar a sua gestão ? É que os paióis estão à guarda do exército e que se saiba a sua gestão é pública . Isto mostra bem que o remédio do BE não passa de uma aspirina ideológica e que só por si não resolve nada. Investimento público, gestão pública, propriedade pública. O que não é, isso também é óbvio, uma proposta que vá ao encontro do interesse público.
PS : e a gestão das cantinas da Força Aérea também é pública. Privatiza-se ? E o PS votou contra
Eis a grande lição. Mas alguém acredita que o problema fosse a declaração de rendimentos ? Não, não foi, a grande questão é que a classe política sempre viu a CGD como sua e não quer que passe para as mãos de profissionais independentes. Banqueiros que lhes possam dizer não, que administrem a CGD segundo as boas práticas da gestão bancária e não segundo os interesses políticos de quem está no governo.
Havia quem achasse que se tinha encontrado enfim uma solução não política para a CGD. Têm aí a resposta . Uma tragédia para o governo e para a CAIXA , porque se as dúvidas já eram muitas a partir de agora só tem dúvidas quem é ceguinho. A CAIXA é uma coutada política e não serve, nunca serviu, para financiar as pequenas e médias empresas exportadoras e a economia em geral . Se a ideia era destruir o resto da reputação da CAIXA pública conseguiram.
É como o bêbado que chega a casa e dá uma sova na mulher. Ele não sabe porque lhe dá porrada mas a mulher sabe. Assim estão os sindicatos das empresas de transporte público. Fazem greve não por causa do governo de António Costa mas por causa do governo de Passos Coelho.
Um quadro de provocações aos maquinistas pelo governo que já não governa, merece bem uns dias de greve na quadra natalícia. Para que António Costa coloque no sapatinho as reivindicações dos grevistas. Uma espécie de greves antecipadas . Neste jogo, os utentes que pagam o passe antecipadamente, não são dados nem achados. Já pagaram o passe mas vão ficar em terra . Eles, os utentes, não sabem mas a verdade é que têm a culpa de tudo. Pagam o passe antecipadamente porquê ? É mais barato mesmo não usufruindo do serviço repetidamente ?
Outra hipótese é não precisarem dos transportes públicos. O primeiro passo é investirem o seu dinheiro num transporte que lhes assegure o serviço. Comecem por aí, vão ver que os trabalhadores dos transportes públicos se deixam de greves preventivas. É que só lhes dói se lhes forem à carteira
"Há uma decisão de realizar um número mais alargado de greves" caso o governo não responda positivamente a questões como a alteração dos regimes de férias e dos horários dos trabalhadores. E nem o compromisso de reverter o processo de concessão da gestão do metro a privados nem a promessa de devolver os cortes feitos nas suas pensões os faz recuar.
As empresas dos transportes públicos já estão a aquecer os motores para as greves como prenda de Natal . Tudo, claro está, para defender os utentes e para cumprir as ameaças de Arménio Carlos da CGTP. Reverter as subconcessões aos privados é o objectivo a par da melhoria das condições salariais dos maquinistas.
O actual ministro da Economia em texto de 2011 já escrevia que era difícil de compreender que um maquinista leve para casa mais de 5 000 euros entre salário e extras .
A greve já está marcada há mais de 15 dias e "resulta de um quadro político anterior de provocação clara a estes profissionais", explicou, garantindo que se o actual Governo não mostrar vontade relativamente às suas reivindicações poderá haver mais paralisações.
Assim se vê a força do PC. Reúne com o PS no governo e ataca na rua com a CGTP. Vamos longe com esta consistência e estabilidade.
A discussão anda à volta da propriedade pública e da gestão privada da água. Mas o que se devia discutir é como acabar com o desperdício. Porque há milhões de litros de água desperdiçados por dia.
Porque sendo a propriedade pública ( sem discussão) já a sua captação e distribuição deve ser entregue a quem a coloca junto aos consumidores ao preço mais baixo e com melhor qualidade. Mais uma vez é raciocinar a partir do interesse dos cidadãos e não a partir da dicotomia público/privado. Que no momento do pagamento da factura não tem qualquer interesse para o cidadão.
E a factura só baixa se se reduzir o desperdício o que exige investimento que as câmaras não cumprem. Umas por falta de dinheiro outras por que não são sujeitas a nenhuma penalização.
A TAP é a única companhia europeia de transporte aéreo totalmente pública. Um estudo de 2009 da Organização Internacional de Avião Civil. Depois do predomínio estatal no sector até meados dos anos 80, nas últimas três décadas 135 Estados decidiram privatizar ou reduzir a sua posição em cerca de 200 companhias. Em 134, essas pretensões foram para a frente por motivações económicas, para reduzir os encargos públicos, ou para aumentar a eficiência e competitividade das transportadoras aéreas.
Cá estamos nós a dar lições ao mundo. A TAP é a única companhia de bandeira europeia que se mantém totalmente na esfera do Estado
Seja pública ou privada a TAP só sobrevive se tiver a confiança dos clientes. Sem isso o seu lugar será rapidamente ocupado, como a Ryanair já está a fazer .
A companhia está falida, precisa de injectar dinheiro que não tem e que o estado também não tem . Os sindicatos acham que os salários estão garantidos, mas estão muito enganados. A concorrência é algo de muito exigente e a TAP vive em ambiente concorrencial no exterior do país. Nada impede que um cliente escolha outra qualquer companhia.
"Tenho consciência de que a Companhia viveu outras crises, igualmente sérias, no seu passado, e que pode ter-se instalado a ideia de que a sua importância para o País a coloca a salvo de consequências negativas", argumentou, lembrando "o que aconteceu a outras companhias europeias, também elas prestigiadas e importantes" diz o Presidente da companhia em carta dirigida aos trabalhadores.
Quem está contra a privatização devia saber que a TAP é, no espaço europeu, a única companhia de transporte aéreo pública (outras há onde o estado tem participação minoritária) . Estamos novamente a dar lições ao mundo?
A Administração Pública vai deixar de exigir ao cidadão a exibição de certidões e documentos que já tem na sua posse. As empresas deixam de ter que pedir à Segurança Social certidão em como têm a sua situação regularizada. O cidadão já não precisa de pedir à Justiça certidão onde conste que nada consta no seu registo criminal.
Ainda na semana passada tive que me dirigir às finanças para pedir que retirassem do meu cadastro patrimonial uma propriedade que não era minha. E para o fazer exibi um documento da própria administração pública onde constava o verdadeiro proprietário. Isto depois de calcorrear umas quantas repartições que me enviavam, diligentemente, umas para as outras sem resolverem o problema. Tive que me juntar ao verdadeiro proprietário e assinarmos ambos um documento para que a correcção fosse efectuada. Vamos lá ver se o próximo IMI é exigido só ao (real) proprietário e não aos dois.
Se a sociedade não exigir mérito à Administração Pública, se aceitarmos que só há direitos e nenhum dever , vai ser sempre o cidadão que serve a Administração Pública e não o contrário.