O primeiro ministro comeu o bastonário da Ordem dos médicos de cebolada.
Houve uma imprudência, uma traição, uma ofensa, um cavar de trincheiras. Ontem, o protagonista principal deste romance político, o nobre António Costa, reuniu-se com Kirilov, ou melhor, com o Bastonário da Ordem dos Médicos.
Tudo o que é experimentado nunca mais é esquecido e a classe médica não vai esquecer tão depressa este fim de semana.
É claro, que após aquela cerimónia perante as câmaras, o bastonário foi vergastado pela opinião dos seus colegas que viram naqueles discursos uma traição ao sentimento de toda uma classe. Daí a carta aberta a toda a classe queixando-se de o primeiro ministro "não ter sido fiel" ao que se passara na reunião.
Já há por aí médicos a pedir greve e "avança Miguel" porque nada disto pode ficar assim.
António Costa por muito que lhe custe tem o dever de governar em crise e no meio da austeridade. E a não faltar à verdade.
O bastonário devia estar tudo menos surpreendido. Afinal há muito boa gente que se queixa do mesmo.
Costa não tansmitiu integralmente e fielmente aquilo que se passou na reunião, queixa-se o bastonário da Ordem dos Médicos, estando surpreendido com quem é exímio a dar a volta à verdade a seu favor. Há tanta gente a queixar-se.
Queremos assegurar-vos que a Ordem dos Médicos não deixará, nesta perspetiva, de continuar a defender a honra e a dignidade dos médicos e dos doentes, e a verificar por vários mecanismos, nomeadamente inquéritos e auditorias, aquilo que são os cuidados de saúde prestados e as boas práticas médicas. A Ordem dos Médicos está ao serviço do país, dos médicos e dos doentes, independentemente de opções e atitudes governativas e políticas do momento.
Lembram-se daquela foto em frente do Palácio de Belém, em que as mais altas figuras do governo, atribuíam a escolha do nosso país para a disputa da fase final do campeonato de futebol como um prémio aos heróis do SNS que combatiam na linha da frente o covid 19 ?
Corre por aí este vídeo :
Para Costa o que é verdade hoje é mentira amanhã estamos fartos de saber mas não deixa de surpreender. E porquê tudo isto ? Porque a Ordem dos Médicos tem criticado duramente o governo e a sua política para a Saúde e no combate à Covid 19. O que se passou no Lar de Reguengos de Monsaraz com os coronéis socialistas borrou a pintura ente governo e OM.
A pandemia tem duas faces. Uma aguenta todos as culpas da situação que já era muito frágil antes do vírus, a outra, pôs ao léu todas as misérias cuidadosamente escondidas durante este últimos 20 anos de governo do PS.
O Bastonário da Ordem dos Médicos apresenta uma proposta para a recuperação dos doentes que não foram tratados a doenças comuns e que essa recuperação se faça em parceria com o sector social da saúde.
Nos três meses de maior confinamento – março, abril e maio – houve menos 900 mil consultas hospitalares, numa quebra de 38% em termos homólogos; uma redução de 93 mil cirurgias, numa redução de de 57%, menos 3 milhões de consultas presenciais dos centros de saúde e uma redução de 44% no recurso aos serviços de urgência, em termos homólogos.
"Era importante fazermos uma campanha a explicar que situações como o enfarte agudo do miocárdio, o acidente vascular cerebral, a insuficiência cardíaca, a doença pulmonar crónica obstrutiva ou a asma, as doenças oncológicas de uma forma geral - são mais graves do que a própria covid-19".
Na verdade, acrescento eu, não é razoável que a oferta hospitalar disponível não seja convocada para atender estes milhares de potenciais doentes graves.
Razões ideológicas falam mais alto que as necessidades dos doentes.
No hospital de Gaia reina o caos segundo o Bastonário da Ordem dos Médicos. "Neste momento a situação é de caos total no hospital de Gaia. A chamada produção adicional em cirurgia, onde se operam dezenas ou centenas de doentes, foi fechada. Neste momento há dezenas de cirurgias adiadas, muitas da área oncológica em várias especialidades", afirmou o bastonário Miguel Guimarães à agência Lusa.
Miguel Guimarães afirma que o caso do hospital de Gaia o "choca particularmente", porque o ministro da Saúde "sabe do que se está a passar, tem responsabilidade direta".
"Já lho comuniquei pessoalmente e por escrito", indicou o bastonário à Lusa, considerando que têm de ser assumidas responsabilidades por algo que possa acontecer aos doentes.
Deve ser outra campanha orquestrada contra as cativações de Mário Centeno.
Em 2014, foram infectadas 375 pessoas por "Legionella", das quais 12 viriam a falecer, vítimas da infecção, com origem em empresas do sector privado.
Hoje, temos umas dezenas de casos reportados, com duas mortes já confirmadas, vítimas de "Legionella", tendo o foco infeccioso, tido origem dentro do próprio hospital, público, onde supostamente estas infecções, deveriam ser debeladas.
A Ordem dos Médicos, entretanto, publicou hoje mesmo, um comunicado oficial, onde reporta que estas infecções no hospital S. Francisco Xavier, se devem aos cortes feitos pelo actual governo, nas despesas orçamentadas para as rubricas de trabalhos de manutenção e reparação.
Sobre estes factos, nem uma palavra se ouviu nem da parte de quem governa, nem dos partidos que apoiam o governo. É o mais absoluto silêncio.
Mas, face ao já habitual procedimento e miserável e hipócrita conduta, da parte de quem nos governa, assim como da parte dos partidos PS, PCP e BE, assim que alguém tiver a coragem de vir a público criticar, condenar, e exigir responsabilidades pelo que se está a passar no Hospital Francisco Xavier, aposto que iremos presenciar o seguinte:
- iremos ouvir dizer da parte de quem governa e quem lhes dá apoio, que quem critica não tem "direito moral" para criticar seja o que for, ou então que deviam era estar bem caladinhos, pois em 2014 morreu muito mais gente, e em 2017 "ainda só morreram" 2 pessoas, e assim sendo, até estamos é perante uma "melhoria"!!!!!!
- iremos igualmente ouvir, da parte de quem governa, e da parte daqueles que lhes dão o apoio, que: "qualquer menção a estas mortes, qualquer exigência ao governo para dar explicações públicas para o sucedido, e qualquer tentativa de responsabilização de quem governa, é "aproveitamento político".
O Bastonário da Ordem dos Médicos faz uma acusação evidente. O SNS reduziu as horas de trabalho dos profissionais de 40 horas para 35 horas mas quem está a pagar essa redução são os doentes. Não havia necessidade nenhuma . E o Bastonário está longe de alinhar pela oposição se não foi mesmo um dos que pressionou para que a medida se concretizasse.
Com a reposição das 35 horas, e faltando dinheiro para mais, ficam por renovar equipamentos, fica por incrementar o acesso à inovação, ficam por alargar horários nas unidades de saúde e não se contratam mais profissionais, defende o bastonário.
E, claro, a demagogia da extrema esquerda e o tacticismo do PS cai sobre os doentes, os mais fracos do sistema. Os que não têm voz os que não fazem greves .É isto a extrema esquerda , pelo que dizem ninguém os leva presos mas quando se avalia o resultado das suas permanentes reivindicações, a bem da igualdade , a desigualdade cresce .
Quem não esteve de acordo com a redução do horário de trabalho é, evidentemente, um perigoso reaccionário.
Há uma lista de espera para cirurgia superior a 160 000 doentes . No IPO de Lisboa 30% dos casos não são tratados no prazo razoável. Não há pagamento a fornecedores nem investimento em novos equipamentos. A Ordem dos Médicos exige mais mil milhões no orçamento de 2017 . Tudo contado exige-se que o financiamento do SNS equivalha a 6,5% do PIB a média europeia.
Os hospitais públicos, que absorvem metade das transferências do OE para o SNS, tiveram um reforço de 31 milhões de euros este ano, mas houve unidades em que as verbas diminuíram. Só nos hospitais, as despesas com pessoal no primeiro semestre aumentaram 4,9% (mais 58 milhões de euros do que no ano passado). Os custos com horas extra subiram 7,2%. A dívida vencida das unidades a fornecedores superou em junho os mil milhões de euros, mais 25% do que no mesmo período do ano passado.
Mas a narrativa oficial é que está tudo sob controlo. Oxalá.
O hospital de Santa Maria recusa a afirmação de que teria sido contactado para receber o doente que morreu ontem em Coimbra. Que são os cortes diz o bastonário confirmando a ideia que temos dele. É um líder de claque, sempre pronto a esconder a verdade em defesa das corporações que abocanham o SNS.
Tendo S. José recusado o doente a lógica seria então contactar uma segunda unidade mais próxima, neste caso Santa Maria que também tem o serviço de neurorradiologia, o que não aconteceu. "Não houve nenhum pedido do Hospital de Faro ou do CODU para receber este doente. Temos sempre equipa disponível para estes casos, nem que seja através da chamada de médicos", disse ao DN fonte do hospital de Santa Maria.
São estes os cortes. Na noção da responsabilidade e do profissionalismo. Na falta de informação partilhada e na recusa de médicos e enfermeiros trabalharem ao fim de semana. O Sr. Bastonário devia ter senso bastante para defender as boas práticas na gestão do SNS.
O país estava habituado a que o Bastonário fosse uma personalidade nacional credível, interessado em colaborar na procura de soluções globais para o sistema. Mas não, agora temos um sindicalista a defender "os profissionais" que falham vergonhosamente.
Uma grande identidade de pontos de vista entre o secretário geral do PCP e o Bastonário da Ordem dos médicos. E a linguagem utilizada também é muito igual.
Segundo o bastonário da OM, a situação «é da exclusiva responsabilidade da tutela, do Ministério da Saúde, que impôs uma série de medidas e restrições» e, agora, «o hospital não pode funcionar milagrosamente», pois, «se assim fosse, milagrosamente, a situação do país também seria bem melhor».
O líder do PCP condenou a «política desgraçada» que considera «beneficiar os privados» e «atingir os seus obreiros principais: médicos e enfermeiros», com «consequências dramáticas de saúde, particularmente para os que menos têm e menos podem» - «uma realidade que o ministro da Saúde se recusa a admitir».
Tempos houve que o bastonário era uma figura de prestígio nacional que não se metia na disputa política que era um dos principais conselheiros do ministro da saúde. Agora temos uma cópia do Arménio Carlos. Desgraçado país este.