Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

BandaLarga

as autoestradas da informação

BandaLarga

as autoestradas da informação

O PS tentou junto do Chega obter a aprovação do orçamento

O Chega devia ter aceite, ficava normalizado de vez, bem mais importante do que votar contra porque há muito se sabia que o PC viabilizaria.

Depois do que aconteceu nos Açores o Chega perdeu uma oportunidade de ouro. Esta mania de se pretender ser coerente...

Porque é óbvio que o PS sempre que precisar irá negociar com o Chega como negoceia com todos os outros partidos. Não é uma questão de coerência é uma questão de maioria de deputados e foi Costa quem impôs a regra.

Mas a ser verdade o que a maioria dos jornais publica o Chega ao recusar, perdeu uma oportunidade estratégica, embora na situação em que o governo se encontra na área parlamentar oportunidades destas voltarão. Mas o Chega tem que estabelecer que a necessidade é do PS e que a iniciativa é do partido do governo. Clarinho, clarinho junto da opinião pública.

Rebolo-me de rir ao pensar o que diriam os pensadores e comentadores que rasgaram as vestes com a aproximação do PSD ao Chega nos Açores.

O BE ao votar contra o orçamento colocou o governo nas mãos do PCP

Há uma parte do PS que esconde bloquistas oportunistas que não saem do PS por interesse pessoal. É mais fácil entrar nas listas em lugares elegíveis no PS. Mas a parte que resta do PS é composta por gente que vê nos bloquistas o seu principal adversário.

E isto, agora assumido por esta ruptura muda tudo.

Desde logo porque o PCP vê a sua importância política crescer exponencialmente. Vai aprovar o orçamento e vai ver muitas das suas propostas de alteração orçamental, aceites. Apesar do BE e das pesadas derrotas eleitorais .

O BE arrisca-se a passar a ser visto como é na realidade. Um partido que promove causas laterais de minorias (aborto, xenofobia, racismo...) mas que não conta para a solução dos verdadeiros problemas políticos, económicos e sociais.

O BE mostra bem com esta decisão que haveria um terramoto interno entre as várias correntes políticas que dentro de si coexistem, se aprovasse o orçamento do PS. Os quatro orçamentos anteriores limitaram-se a "repor" rendimentos que os comunistas viram há muito que não mudou nada mas que os bloquistas insistiram em mostrar como um troféu.

E o PS foi quem ganhou eleitoralmente com a geringonça enquanto o PC e o BE perderam em toda a linha.

O PC vai abster-se a bem do interesse nacional porque o orçamento não é o seu orçamento. O BE não foi capaz de colocar o interesse nacional acima do seu orçamento.

Isto paga-se, caro. 

Era bom que estivessem juntos nos momentos difíceis

Felizmente que o PS tem pouco a ver com o BE e com o PCP e isso vê-se no orçamento. Enquanto houve algum dinheiro para distribuir andaram a vigiar-se mas logo que apareceram os momentos difíceis, separaram-se.

Enquanto houve vacas gordas foi fácil aos partidos da geringonça aprovarem os Orçamentos do Estado. Enquanto houve benesses para distribuir e reversões (muitas delas, como o corte de salários na função pública do OE2011, vindas de um governo do PS – os verdadeiros pais da austeridade em Portugal) foi fácil chegaram a acordo.

Agora que o país atravessa uma crise sem precedentes, que os tempos são de vacas magras, a extrema-esquerda despe a pele de cordeiro e mostra as garras de lobo. Desentendem-se, não são capazes de assegurar uma solução de estabilidade e lançam o OE para uma luta de taticismo político. E mesmo a abstenção do PCP e do PEV é muito frágil. Só no primeiro dia entraram mais de 200 alterações ao OE por parte dos partidos que o vão viabilizar! O pântano está de volta à política Portuguesa, mais uma vez pelas mãos dos Socialistas.

Agora, o sentido de Estado impunha que os que estiveram juntos nestes últimos 5 anos, a usufruir do bom trabalho feito pelo Governo anterior do PSD/CDS e a usufruir da boa  conjuntura internacional, estivessem também juntos nos momentos difíceis.

Percebemos bem o logro que foi vendido ao país em novembro de 2015.

Um orçamento cheio de austeridade e sem dinheiro

Sem dinheiro e cheio de austeridade. O BE quer mais dinheiro para o SNS. O PCP quer mais dinheiro para salários e pensões. O PSD quer mais dinheiro para as empresas exportadoras. O CDS quer mais dinheiro para poder baixar os impostos às empresas e às famílias. O IL quer mais dinheiro para a sociedade civil.

O PS diz que não tem dinheiro . O que é verdade. A pior das situações. Todos têm razão.

“Pode haver desemprego e falências; pode haver milhares de trabalhadores em ‘lay-off’ com cortes de um terço no seu vencimento; pode haver empresas sem capacidade para pagar os seus salários; pode haver setores da economia estagnados; pode haver regiões socialmente devastadas; pode haver famílias inteiras no desemprego; pode haver portugueses sem acesso às consultas médicas e às intervenções cirúrgicas que necessitam; pode até a taxa de mortalidade por patologias não-covid estar muito acima do normal, que para o Governo o importante é ter o descaramento de dizer que, com ele, não há austeridade”,

Um orçamento de esmolas e que não apoia as empresas

Um orçamento que quer ir a todas mas que não consegue estabelecer prioridades. Distribui esmolas e não apoia as empresas.

 O "Orçamento é mau", se "não combate o desemprego", se "não apoia as empresas", "distribui o que tem e o que não tem", se não dá sinais de recuperação à classe média, se "tem défice de transparência", se "pré-anuncia um Orçamento Retificativo" e, ainda para mais, "se o PSD não serve nem para evitar uma crise política", a decisão a tomar é óbvia: entrega a chave do entendimento a Costa, Catarina Martins e Jerónimo de Sousa.

"Se o primeiro-ministro diz "É de outra maneira", estamos livres; estamos livres para votar contra um OE que se esforça por agradar ideologicamente ao PCP e ao BE, que esquece o futuro e que manifestamente não é um OE que visa a recuperação económica de Portugal."

António Costa de cócoras perante as exigências de BE e PCP. E não, este não é o caminho como se viu nos últimos vinte anos. Se a economia não cresce os problemas não se resolvem.

Um orçamento poucochinho

Até aqui ainda havia um horizonte. Reverter rendimentos, poucochinho, mas era alguma coisa. Agora não há nada. Esperar que a pandemia se vá e que o dinheiro de Bruxelas chegue, é quase nada.

E é assim que este Orçamento fica conhecido não pelo que lá está, mas pelo que não está lá. Pelo vazio total. Não há um caminho, um projeto, uma estratégia. Em 2016, o PS tinha uma ideia, a de devolução de rendimentos, para 2021 temos um deserto. Além das tentativas de tapar os enormes furos na economia com pastilha elástica, não sabemos o que quer para o país, como vamos crescer ou dar a volta à crise. Este OE parece colocar o país em stand by por mais uns meses até a crise de saúde passar ou chegarem os milhões da Europa. Podemos usar a incerteza da crise pandémica como desculpa. Podemos. E também podemos ficar sentados, fechar os olhos e fazer figas para que tudo se resolva. Podemos. Mas não deixa de ser muito poucochinho, o que multiplicado por zero continua sempre a ser zero.

É a economia estúpidos

A economia há 20 anos que não cresce e é por isso que a dívida não desce, as listas dos hospitais não diminuem e os prazos na Justiça não melhoram entre outros serviços públicos que funcionam mal.. É a economia estúpidos.

E o aumento dos salários é de 10 euros e o aumento das pensões é de 14 euros.É a economia estúpidos.

É um orçamento sem política económica. É a decepção deste OE. O grande buraco é a economia e são as empresas. Não há aposta na capitalização das empresas, no fomento das exportações, na competitividade empresarial. Não há o que é estruturante e que cria riqueza. Não sei se Siza Vieira tem tanto peso político como dizem. A verdade é que o Ministro da Economia está completamente ausente deste orçamento. O que é mau.

É um OE sem solidariedade regional. Madeira e Açores tiveram de contrair empréstimos para financiarem os custos da pandemia nas Regiões. Precisavam do aval do Estado. O Estado faltou com a sua solidariedade. Inadmissível.

É a economia estúpidos. A falta dela.

121890684_10224466251868476_406491965710998978_n.j

 

Cheira a 2010

Carlos Guimarães Pinto 

Este Orçamento do Estado tem a mesma aparência. Em 2021 o PIB estará, na melhor das hipóteses, ao nível de 2018. No entanto, a despesa com pessoal das Administrações públicas já terá crescido mais de 10%. Enquanto o resto do país estará com um rendimento abaixo de 2018, a Administração Pública estará a gastar mais 10%, um crescimento robusto em 3 anos, digno de um país com taxas de crescimento económico elevadas. Com tudo isto, ainda sobra para termos o maior governo de sempre e enfiar mais 500 milhões de euros na TAP em cima dos 1200 milhões de 2020.

Não se pode dizer que o PS não esteja a fazer o que se espera dele: proteger a máquina do estado e aqueles de dela dependem. Tem sido a receita para ganhar eleições há 25 anos. Veremos quanto tempo mais os outros, aqueles que pagam a conta ano após ano, continuarão a aguentar. Há 10 anos quando fiz esta pergunta não esperaria que a resposta viesse tão cedo. Esperemos que desta vez seja diferente, até porque o Vítor Gaspar já não vai para novo.

BE : sem olhar a meios e sem escrúpulos

Já se percebeu que o orçamento vai passar porque o interesse nacional assim o exige pese as egoístas linhas vermelhas apresentadas pelo BE.

O OE será, essencialmente, do agrado do Governo com o apoio (porventura abstencionista) do BE. Se assim não fosse, seria o PSD a abster-se (se é que o não fará).

E aqui está o egoísmo do Bloco. Como eles próprios dizem, as suas posições são justas e não querem abdicar delas. Ou seja, qualquer ideia de negociação é colocada como um exercício dos outros em relação a eles. É o cúmulo do egoísmo político não ver nunca os interesses mais alargados do país, dos outros eleitorados, dos 90% que não votam Bloco (que recolheu 9,52% nas urnas, em 2019), para se centrar nas suas causas que, por esta via, conseguem uma sobrerepresentação e uma sobrestimação incalculáveis.

A diferença entre esses radicais e as pessoas moderadas, é que estas preferem que haja Orçamento mesmo fazendo algumas vontades ao Bloco, ao passo que o Bloco se fecha numa concha de egoísmo e de falsa autoridade.