A TAP foi originalmente fundada vai quase para 100 anos, para ser a companhia aérea do império português. O império foi-se e a TAP ficou. Apesar de praticamente ter sido sempre deficitária, foi-se mantendo, inclusive, porque os portugueses gostam da TAP e aderem à ideia de possuir uma companhia de bandeira. É notoriamente mais consensual e popular o Estado meter dinheiro na TAP, que no Novo Banco. Mas decidiu-se privatizar a TAP. Então quem se encontrou para ficar com a companhia? O Sr. David Gary Neeleman, à boleia do empresário português Humberto Pedrosa, como forma de fintar a norma europeia que impede um não europeu de possuir a TAP. Neeleman é outro possuidor de várias nacionalidades e convenientes passaportes. Como não tinha dinheiro para comprar a companhia ou não o queria gastar, cedeu os direitos que a TAP tinha na Airbus para comprar aviões A 350, então muito procurados pelo mercado, por aviões A 330, com menos procura, recebendo por isso um cheque da Airbus de 70 milhões. Moral da história: comprou a TAP com o pelo do cão, como se costuma dizer. Porquê o Sr. Neeleman? Explicação oficial: porque mais ninguém se interessou pela TAP, mesmo no momento do boom do transporte aéreo e ainda com o bónus do Estado português ficar com todo o anterior passivo acumulado da companhia. Agora a TAP necessita de mais mil milhões. Todas as companhias estão na mesma situação. O problema não está em emprestar. A dúvida é se a TAP alguma vez vai pagar…
O PCP andou muito tempo a evitar o abraço de urso do PS mas a táctica de persuasão do PS de António Costa acabou por dar frutos. Agora é o BE que corre atrás do PS depois de ser repetidamente afastado nos últimos meses. E o LIVRE vai pelo mesmo caminho com o líder a abrir-se a uma fusão de toda a esquerda.
É claro que a posição relativa do PS é hoje bem mais forte. O PS não precisa do BE nem do LIVRE bem ao contrário de em 2015. E quando olhamos para as propostas do BE anteriores às eleições sabemos bem que o BE vai ser esmagado. Nacionalizações? Lei Laboral?Investimento público? Aumento da despesa?
É bem verdade que o que está a acontecer em Portugal já aconteceu noutros países embora por cá os dois maiores partidos ainda representem 66% do eleitorado. Há um muro que faz toda a diferença. A União Europeia e a Zona Euro.
É quase patético ver o desespero do BE para se agarrar qual lapa à solução governativa em negociação. Bem me lembro de ouvir Mariana Mortágua gritar em pleno Congresso "camaradas, estamos prontos", prontos para ocupar o poder, bem se vê. Não vai ser agora nem será tão brevemente.
Como se previa as negociações do Brexit são dificeis porque o Reino Unido quer sair com o lombo deixando ficar os ossos. Ora se há coisa que não pode acontecer é o Reino Unido ficar em melhor situação que os membros da UE que têm direitos mas também deveres.
Assim, na visão de May, a futura relação não se pode resumir a uma simples parceira comercial ou acordo de cooperação. Apesar de querer sair do mercado único, a líder britânica manifestou a vontade do Reino Unido em permanecer nalgumas agências europeias, como a do Medicamento. E frisou ainda que depois do brexit o Tribunal Europeu de Justiça deixará de ter jurisdição no Reino Unido.
Ora ontem foi a vez de o presidente do Conselho Europeu revelar a sua proposta, que rejeita muito do que queria Theresa May. Na carta que enviou aos chefes do Estado e do governo da UE, com vista à cimeira dos dias 22 e 23, Donald Tusk estabeleceu as linhas de orientação para as negociações. Estas propõem, nomeadamente, um acordo de livre comércio "como a única solução para a saída do Reino Unido".
Já estão a ganhar como se previa. Agora a administração da empresa nem sequer concede as condições apresentadas aos trabalhadores e rejeitadas no inicio do processo.
"Os trabalhadores não têm de ser castigados por terem uma opinião diferente da opinião da administração. Nós achamos, como Comissão de Trabalhadores, que devia ter sido, pelo menos, implementado tudo aquilo que tinha sido decidido para a primeira parte do ano e não castigar os trabalhadores, retirando-lhes o prémio, retirando-lhe 175 euros de prémio, cinco minutos de sobreposição da mudança de turnos, dez minutos de intervalo e mais 25% (pelo trabalho aos sábados) que seriam pagos no âmbito do pré-acordo, e que agora só será pago ao fim de três meses, se a produção atingir os números que a administração pretende", acrescentou.
Na opinião do representante dos trabalhadores da Autoeuropa, a administração da empresa deveria, pelo menos, ter implementado o pré-acordo que tinha negociado com a actual Comissão de Trabalhadores, apesar de o mesmo ter sido rejeitado por larga maioria dos funcionários da fábrica de automóveis de Palmela."
E segundo o membro da Comissão de Trabalhadores a fábrica nunca será deslocada porque é na fábrica de Palmela que está instalada toda a capacidade de tratamento de chapa para todo o Grupo. Se bem percebo mesmo que essa secção da fábrica permaneça o resto da produção - linhas de produção - poderão ser deslocadas facilmente.
Ficam com o osso e pelos vistos os trabalhadores ficam satisfeitos .
O Brexit levanta enormes problemas . O primeiro é que o Reino Unido não pode ficar numa situação que seja mais favorável do que as dos membros efectivos da União Europeia. Quer dizer, o Reino Unido não pode esperar poder " escolher as cerejas " . Deixar o osso e ficar com o lombo .
O mesmo povo que votou o Brexit é o mesmo que pensa como segue no gráfico seguinte :
Quem é que andou a mentir a esta gente para votar na saída ? Este processo do Brexit e este gráfico mostram aonde pode chegar o populismo dos "farage" deste mundo, como Catarina Martins e Jerónimo de Sousa. Uma maioria absoluta de votantes ingleses espera manter-se com várias ligações à União Europeia . Os mesmos que votaram pela saída, aliás, bem menos que os que se mostram agora favoráveis à União Europeia.
O Brexit vai ser uma vacina para os povos que tanto beneficiam com a União Europeia e com a Zona Euro . E as gerações mais jovens que votaram maioritariamente pela permanência terão a sua oportunidade de voltar quando as gerações mais velhas desaparecerem .
É verdade que em democracia a base é "um homem um voto " mas os mais velhos não devem cortar horizontes aos mais novos. O Brexit é uma machadada na esperança e nos horizontes dos mais novos por quem já cá não estará.
A renegociação da dívida irá fazer-se quando as condições necessárias estiverem reunidas. Não há bruta como querem o PCP e o BE mas em harmonia com os credores. E depois é preciso saber onde se aplica a folga orçamental assim obtida . Para fazer mais despesa ou para fazer as reformas de um estado gigantesco e demasiado interveniente na economia ? É que se é para fazer mais despesa rapidamente voltaremos à situação habitual .
Com a maioria dos países controlados financeiramente será possível prolongar prazos e baixar juros, mas não obter perdões como querem os partidos da extrema esquerda. Aliás, António Costa já veio dizer isto mesmo em recente entrevista. Negociar no quadro da União Europeia , com a certeza que a dívida só será paga com a economia a crescer bem mais e, para isso, é necessário investimento que virá da Europa .
Não só estas magnas questões terão que ser resolvidas no quadro da União Europeia como também é certo que não terão solução fora dele. A alternativa é o empobrecimento e o isolamento. As notícias sobre a dívida e o espírito de negociação estão cada vez mais presentes e colhem mais aceitação.
É só preciso que os partidos da extrema esquerda não façam da chicana política a sua contribuição para dificultar a solução.
A União Europeia é como o casamento. Quem está dentro quer sair ( nem todos) quem está fora quer entrar. E há os que passam a vida a falar de divórcio mas depois não abandonam a casa "cosy" ( acolhedora). Falam, falam, mas eu não vejo ninguém a apresentar uma alternativa válida.
O referendo no UK foi ideia que surgiu como pressão para o país ganhar força nas negociações com os restantes países da Europa. Nasceu com muita força mas à medida que se aproxima o momento da decisão o voto a favor da permanência vai na frente nas sondagens.
Mas esta não é a única sondagem que cimenta a preferência dos britânicos pela permanência. Segundo a Reuters, das sete últimas sondagens conhecidas, seis indicavam que a maioria dos inquiridos quer ficar no Reino Unido e a sondagem que agrega todas as sondagens sobre o Brexit do Financial Times indica que há 47% dos britânicos a favor da permanência e 40% que preferem a saída.
António Costa sempre que sai de um encontro com o BE vem de riso alargado. Afinal como se vê as reivindicações do BE são confortáveis, nada que o PS não faça sozinho. Com o PC é mais difícil que este não dá nada em troca, mas a táctica é a mesma. Esvaziar os dois partidos extremistas das políticas que podem ser executadas pelo PS no âmbito da UE e da Nato e deixá-los com as medidas revolucionários que o PS nunca apoiará.
O BE e menos o PC sobem eleitoralmente à conta do PS que tem que separar águas. Muitas, senão mesmo a maioria das medidas preconizadas pelos partidos da esquerda dura têm que passar a ser bandeiras do PS, sob pena de o PS estar cada vez mais próximo do PSD . E, no âmbito da União Europeia, do Euro e do Tratado Orçamental é cada vez mais difícil distingui-los. Veja-se o que se está a passar com os governos socialista na Europa. Holland, Pasok, PSOE e tantos outros. O socialismo democrático tem que se reinventar . No PS, basta olhar para as primeiras bancadas da Assembleia da República, ter noção que o PS perdeu 850 000 votos entre 2005 e 2015 e que já levou o país a três bancarrotas.
O BE diz que é um imperativo nacional renegociar a dívida e que o governo ao fechar-se a esta possibilidade nos está a envergonhar a todos. O PCP diz que é preciso preparar a saída do euro quando 74% dos portugueses quer permanecer na Zona Euro.
Teixeira dos Santos, ministro das finanças do anterior governo socialista diz, que quando o governo está em condições de pagar antecipadamente ao FMi, falar em negociar a dívida é um autêntico tiro no pé. Lá se iam as baixas taxas de juro que tantos sacrifícios nos custaram e os mercados passariam a fazer pontaria a Portugal.
Quando BE e PCP se dizem alinhados com o Syriza e o Podemos é isto que pretendem. Se a Grécia cair não cairá sozinha, Portugal e se possível os outros países do sul da Europa, serão arrastados para as "manhãs que cantam".
Estes partidos não estão preocupados com Portugal, perseguem o "internacionalismo", a "frente comum" contra o Ocidente e as suas sociedades liberais, onde foi possível criar o "estado social", barreira que é preciso derrubar.
..."não é para discutir a dívida de um só país, como maldosamente se insinua, mas de todos. A dívida dos gregos, dos irlandeses, dos cipriotas, dos espanhóis, dos italianos, dos belgas e a nossa dívida, a dos portugueses.
PS ( de Seguro e de Costa) estão prontos a negociar com Ana Drago. E o LIVRE de Rui Tavares também pode entrar nas contas. Uma ruptura corajosa com o imobilismo que anda sempre agarrado ao dogmatismo, abriu de imediato espaço para caminhos até agora interditos. Afinal sempre é possível convergir no quadro da UE. Os que se mantêm na árdua tarefa de estrangular a esquerda "à esquerda do PS" reconhecem agora o peso eleitoral das ideias políticas de Ana Drago e Daniel Oliveira. Ambos são “bem-vindos” no Livre, mas nos corredores bloquistas cresce a convicção que farão um novo partido para se coligar nas legislativas de 2015. E abrir a porta ao PS.
"Não queremos ser sucursal do PS " dizem os que vão continuar dogmaticamente nos seus "blocos" de onde nunca sairão. E como lembra Daniel Oliveira : "quem se nega a governar é governado ". O PCP sabe-o melhor do que ninguém.