Já tivemos três ajustamentos com auxílio externo. A diferença dos dois primeiros para o mais recente é que a quase bancarrota é reconhecida para os mais antigos mas não para o último. A ideia que se quer fazer passar é que o mais recente foi obra de um grupo de malfeitores que um dia tomaram conta do país para fazer mal aos cidadãos. E há até quem negue a necessidade do ajustamento com um PEC IV chumbado pela maioria parlamentar. PEC IV obra do mesmo governo que levou o país à quase bancarrota e que apresentou expressamente o pedido de ajuda externa.
Conviria por isso que as instituições do Estado - a começar pelo seu nível mais elevado - não permitissem que tal narrativa falsa se consolidasse. Pode discutir-se a composição do ajustamento e se a Europa foi um facilitador ou um complicador da solução, mas pôr em causa a necessidade do ajustamento pura e simplesmente não é sério. E conviria que a sociedade, em geral, percebesse que, com os níveis da dívida acumulada, a situação do país continua financeiramente periclitante e vulnerável à mudança da conjuntura. Pelo que, por exemplo, querer assentar o crescimento na procura interna é como acumular lenha à volta da casa.
A narrativa - a verdadeira - vai-se conhecendo aos poucos a outra, a socrática, vai-se desmascarando aos poucos e já só acredita nela quem não quer ver . Já há múltiplas testemunhas da narrativa que se desenvolveu à volta da PT e do assalto à TVI, não esquecendo os grandes grupos económicos envolvidos incluindo do Brasil .
Diz ele que o país está mal! Não foi por ele o ter levado à bancarrota que foi apeado na Assembleia da República e derrotado em eleições livres?
Há orçamentos rectificativos agora ? Então os PEC l, PEC ll, PEC lll e PEC lV eram o quê ? E foram feitos porque o orçamento inicial estava correcto? A narrativa é de uma pobreza e de um despudor inaceitáveis numa estação televisiva pública. Qual é a diferença entre este serviço público e todas as outras narrativas nas estações comerciais? A diferença é a narrativa de Sócrates ser paga por todos nós.
Lembro-me dos "telejornais" da Manuela Moura Guedes, "telejornais travestidos de ataques ad hommen", como os classificava o então primeiro ministro.
À mistura com "lembranças". O "PSD está à beira de um tumulto". Deve andar a ler em francês não leu a sondagem em que 55,3% dos portugueses não querem eleições antecipadas. Em tumulto andam todos os "ex-qualquer coisa" socialistas com a pressa de voltarem para a manjedoura. Não se tomem pelo povo!
À parte a avaliação, e a eventual sanção administrativa, existe a questão superlativa de natureza política, noutro plano, que não pode ser abrandada. As mentiras não podem passar sem a confrontação com os factos, nem os seus autores transitar imunes sobre o lodo dos seus atos. Em democracia, num Estado de direito, a prestação de contas é uma obrigação indeclinável dos políticos. Os mitos não podem ser imunes às pessoas que lhes subjazem.
Todos têm culpas menos ele. A crise global, o Presidente da república, o PEC lV e a "narrativa". O resumo da entrevista do ex-primeiro-ministro à RTP bem podia ter, como disse por piada um amigo, um título à Correio da Manhã: "Animal feroz ataca velhinho que um dia o tratou mal."
...a contar mentirolas cabeludas, a desfilar desfaçatez e a exibir impertinência perante jornalistas aliás meigos. Não importa que compare uma dívida pública agravada em prol da propaganda eleitoral com os empréstimos necessários para atenuar os efeitos da bancarrota que a propaganda provocou. Não importa que explique o luxo de Paris com uma dívida privada e hilariante. Não importa que, com a discutível excepção do ataque às trapalhadas do PR, a prestação do eng. Sócrates roçasse o patético. Importa insistir que o "animal feroz" se mostrou preparadíssimo e mantém uma relação privilegiada com as câmaras. "
"Sócrates ama as câmaras e as câmaras amam Sócrates, eis o que é "brilhante"!