O SNS convocou toda ou quase toda a sua capacidade para responder ao covid-19 com grave prejuízo dos outros doentes que apresentam patologias correntes. Há muita gente que viu adiadas as suas cirurgias, as suas consultas, análises e exames.
Hoje morreu um homem de 42 anos no Hospital de Santo André em Leiria depois de uma espera nas urgências de seis horas. De enfarte.
Apresentou-se com uma dor localizada no lado esquerdo do tórax sinal mais que suficiente para ser de imediato sinalizado como "urgente". Mas a verdade é que na classificação de Manchester foi sinalizado com fita amarela. Não urgente.
É o preço que iremos pagar por os hospitais públicos estarem saturados e os profissionais exaustos ? A ideologia que arredou os hospitais privados e sociais deste período critico de combate ao vírus é a culpada ? Ou serão os profissionais que combatem na linha da frente ( aqueles a quem batemos palmas) que serão acusados ?
Oxalá este caso não seja o inicio da face mais negra da pandemia
Na última década de 60, o "The Times" noticiou a morte de um cidadão britânico. Por erro. Vivo, mas aviltado, escreveu com indignação ao director, protestando pela notícia falsa, reclamando retractação e exigindo desculpas adequadas.
No dia imediato, a carta lá chegou à redacção do "The Times".
Dia aziago, em que o cidadão em causa, por funesta coincidência, veio, efectivamente, a soltar o seu último suspiro, facto este que os competentes repórteres de imediato fizeram saber à redacção.
Pôde, assim, "The Times" cumprir o seu lema de "sempre dizer a verdade".
Na edição seguinte, anunciando o saimento, o plumitivo de serviço exarou, com a circunstância própria do nojo - "Como havíamos noticiado anteontem, faleceu ontem Fulano".
A realidade encarregara-se da correcção, tornando inútil o desmentido.
Contaram-me esta história há mais de quarenta anos. Tempos bons, em que todos a interpretavam como anedota.
Há muito que compro o Expresso para ler a Revista durante o resto da semana. Esta semana já dei por bem empregues os 4 euros. Há um texto que reproduz uma entrevista com Yuval Noah Harari escritor israelita. A sua visão do que o mundo é e pode vir a ser.
Na minha idade é cada vez mais frequente a ideia " o cansaço de viver" . No meu caso ainda não tenho doença nenhuma nem dores, mas a questão é : por quanto mais tempo ?
A vida tem que ser vivida no conceito de pertencermos a uma grande caminhada com passado e futuro. Ter avós, pais, filhos e netos dá sentido à vida, um sentido de pertença a algo que não conseguimos explicar de outra forma. E vista assim a morte não coloca interrogações sem resposta.
O que pode influenciar esta caminhada são três pilares : uma guerra nuclear, o colapso ecológico e uma disrupção tecnológica ( segundo o escritor). Ora para evitar o colapso ecológico são necessários cerca de 2% do PIB mundial mais ou menos o que o Mundo gasta em armamento. Uma guerra nuclear é assustadoramente mais cara e a disrupção tecnológica ( a Inteligência Artificial e a Biotecnologia) pode ser controlada. Temos que nos focar nestes três problemas que são os mais importantes.
É pouco provável que neste século consigamos encontrar soluções para as causas naturais da morte mas vamos a caminho. Como evitar os AVC, o ataque cardíaco, o cancro é só uma questão técnica. Mas, claro, podemos morrer por sermos atropelados...
O debate político-social que começa agora a manifestar-se na sociedade portuguesa sobre a morte medicamente assistida, vai seguramente radicalizar posições.
Vão-se dizer imensos disparates políticos, ao sabor de sondagens e de estudos de opinião.
Vão-se dizer imensos disparates técnicos, para disfarçar posições meramente culturais, religiosas ou individuais.
Vão-se dizer imensos disparates jurídicos, pagos a preço de ouro, sustentando, simultaneamente, tudo e o seu contrário.
Diga-se o que se disser: sobre a minha morte, decido eu!
No dia em que sentir que o somatório das alegrias que ainda deixo aos que me rodeiam for inferior ao somatório das mágoas que os faço sentir, é o dia em que eu decido.
E, nesse momento: - Não autorizo qualquer político oportunista a decidir por mim; - Não autorizo qualquer religioso fundamentalista a decidir por mim; - Não autorizo qualquer jurista vendedor de pareceres a decidir por mim; - Não autorizo qualquer técnico, por mais credenciado que seja, a decidir por mim.
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Repito: no dia em que sentir que o somatório das alegrias que ainda deixo aos que me rodeiam for inferior ao somatório das mágoas que os faço sentir, é o dia em que eu decido.
E, nesse dia, não permito que qualquer autoridade impeça a minha dignidade:
- Sobre a minha morte, decido eu!
Carlos Paz
PS : é o direito à liberdade de escolha que nesta matéria como em muitas outras, está em discussão . O resto é tentar limitar a liberdade individual
A solidez da "solução conjunta" que governa o país nunca foi nenhuma e regeu-se sempre por razões partidárias e instrumentais e não por razões estratégicas e nacionais. Mete dó ver o PS com as calças na mão perante os extremistas com quem se coligou a pedir ao PSD para "ter sentido de estado" e não se juntar aos seus apoiantes.
O orçamento em discussão passou a certidão de óbito à geringonça após as autárquicas terem feito a autópsia e a União Europeia ter dado o cheque mate.
Isto, apesar de António Costa andar a cantar ossanas ao crescimento maior do século, ao défice menor dos últimos dez anos e ao menor desemprego .O primeiro ministro há muito que anda a dar "beijos da vida" a comunistas e bloquistas para tentar salvar a solução conjunta. Que nunca esteve viva e sempre passou a ideia de estar nos "cuidados continuados".
Como sempre se soube, para quem quer saber, comunistas e bloquistas não estão interessados num Portugal europeu, democrático e livre. Estão interessados no comunismo e vêem na União Europeia o seu grande inimigo.
Nunca esperei outra coisa, mais tarde ou mais cedo o que está a acontecer hoje na Assembleia da República só surpreende por ser tão cedo, ao fim de apenas dois anos, metade da legislatura.
Falta agora juntarem-se dois a dois, longe das vistas da população e separarem-se "de papel passado".
Deu-se como preparado para morrer " aceitando tranquilo a derrota que chega a todos." Ficam as canções e os poemas .
Lyrics
Dance me to your beauty with a burning violin Dance me through the panic 'til I'm gathered safely in Lift me like an olive branch and be my homeward dove Dance me to the end of love Dance me to the end of love
Oh, let me see your beauty when the witnesses are gone Let me feel you moving like they do in Babylon Show me slowly what I only know the limits of Dance me to the end of love Dance me to the end of love
Dance me to the wedding now, dance me on and on Dance me very tenderly and dance me very long We're both of us beneath our love, we're both of us above Dance me to the end of love Dance me to the end of love
Dance me to the children who are asking to be born Dance me through the curtains that our kisses have outworn Raise a tent of shelter now, though every thread is torn Dance me to the end of love
Dance me to your beauty with a burning violin Dance me through the panic till I'm gathered safely in Touch me with your naked hand or touch me with your glove Dance me to the end of love Dance me to the end of love Dance me to the end of love
Os dois agentes da GNR nem tiveram tempo de disparar as suas armas. Um morreu e o outro está em estado muito grave em consequência de tiros à queima roupa. Na cabeça.
Muito se fala nas frequentes mortes de cidadãos americanos por agentes da polícia. Lá dispara-se primeiro e pergunta-se depois. É o resultado da venda livre de armas. Os agentes policiais sabem que é muito provável que o suspeito esteja armado e, por isso, as acções policiais de urgência são executadas no fio da navalha. Mata quem dispara primeiro.
Por cá há aquelas circunstancias que levam os agentes à prisão, como o caso do agente que disparou sobre um carro em fuga e matou uma criança que o pai levou para a cena do assalto.
Morrer ou ir para a prisão é esta a escolha ?
Os assassinatos desta madrugada deviam ser objecto de uma profunda análise. De um e outro lado estão seres humanos mas a Lei só está de um lado e não pode dar mais garantias aos suspeitos do que às autoridades. Os agentes policiais não podem morrer porque a Lei os obriga a disparar depois.
Se o hospital não dispunha de recursos devia ter tentado mobilizá-los. Se o doente não podia ser deslocado, talvez a equipa de prevenção a outro hospital, público ou privado, o pudesse fazer, fosse ela de Lisboa ou do Porto: é para isso que existem helicópteros (do INEM, da Força Aérea). Se isso não fosse possível, havia que tentar contactar colegas. Quem trabalha nos hospitais sabe como isso se faz e sabe que funciona. Eu mesmo guardo a história de uma cirurgia assim que só foi feita porque quem a podia fazer foi contactado, in extremis, no aeroporto de Lisboa quando se preparava para embarcar. E desistiu do voo e voltou ao hospital para operar. Sim, podia acontecer que nada disto resultasse. Mas era legítimo esperar que tivesse sido, pelo menos, tentado. Em vez disso, esperou-se por segunda-feira.
Estes candidatos a presidente são tão fraquinhos...
É, claro, que morreu nas urgências. Após uma queda que causou traumatismos e sendo um doente com diversa patologia acabou por morrer nove minutos depois de ter entrado no hospital. Não acontece só nos meses de inverno acontece durante todo o ano.
O ministro da Saúde afirmou hoje que o doente que morreu nas urgências do hospital São Francisco Xavier foi atendido nove minutos depois de entrar na unidade e alertou para o "alarmismo" e "falsidade" na análise das mortes nas urgências.
"Recebi há bocado uma nota do hospital de São Francisco Xavier [em Lisboa], relativamente a um óbito na urgência, de que a pessoa tinha 92 anos, tinha multipatologia e foi atendida nove minutos depois de ter entrado e esteve a ser sequencialmente seguida", declarou aos jornalistas Paulo Macedo, em Leiria.
A Plataforma de apoio ao SNS já deve estar de bandeira ao ombro à porta do Ministério
Especialmente nas urgências. E principalmente quando se tem 89 anos. Sempre foi assim e sempre será. E nas alturas do ano em que as condições atmosféricas são mais exigentes. O fluxo anormal de doentes faz o resto.
Ontem, no FB, apanhei a revolta do filho desta senhora que morreu no HGO. A mãe estava com uma mascara de oxigénio por apresentar dificuldades respiratórias. Dá a entender que a medição do oxigénio indicava zero, isto é, não havia mais oxigénio.
O filho e a doente , pelo relato do primeiro, estiveram sempre acompanhados pelo pessoal do hospital. A enfermeira mudava a fralda, o médico falou com o filho, este foi chamado mas não encontrou o gabinete da consulta...
O que é que se pode fazer perante a dor das pessoas que veem um ente querido partir? Mesmo com 89 anos ? Dizer-lhes que se não tivesse morrido nas urgências teria morrido numa enfermaria? E que se assim fosse já não seria notícia ? É que nos hospitais morrem pessoas todos os dias .