Dizem-nos que é preciso salvar o SNS. Tudo bem mas não à custa da vida dos doentes. Quantas pessoas morreram a mais por outras razões "não covid" durante este período de pandemia ?
4000 mil mortos em excesso não explicados pela covid-19. Como não há imagens destes mortos paralelos, como estas pessoas estão a morrer sozinhas e não em grupos covídicos, o governo, o presidente e a DGS podem continuar com a narrativa que privilegia a percepção em detrimento da realidade.
Estamos a falhar como sociedade. Cerca de 100 mil cirurgias estão por fazer. Cerca de 4 milhões de consultas ficaram por dar. Acham que isto não tem consequências muito mais dramáticas do que a epidemia? Olhem para o gráfico da mortalidade desde Março. Olhem para este setembro: é o mais mortal dos últimos 10 anos por larguíssima margem e essa margem não se explica pela covid-19. Este silêncio não pode continuar.
Há conhecimento de médicos chineses que primeiro alertaram para a doença até então desconhecida, desapareceram.
Em março, depois de o novo coronavírus se alastrar um pouco por todo o mundo, a médica de Wuhan juntou-se a outros profissionais de saúde para denunciar as condições de saúde pública na cidade, numa entrevista à revista Renwu, depois de ter assistido à morte de vários colegas devido à Covid-19 e de ter criticado as autoridades por tentarem impedir alertas precoces do surto.
Já vimos isto em outras ditaduras. Os críticos não morrem, desaparecem. É mais fácil e mais eficaz. E há quem goste a bem da Nação nada contra a Nação .
Não basta apelar aos hospitais privados, sociais e militares para libertarem ventiladores .É também necessário libertar equipas de técnicos especializados.
Há hospitais públicos a libertarem ventiladores nos blocos operatórios bem como nos cuidados intermédios. O mercado não dá resposta atempada para novos ventiladores já com listas de espera. Há salas disponíveis nos hospitais. Adiar cirurgias e camas nos cuidados intensivos. Os doentes que necessitam de ventiladores por outras razões ( AVC, ataques cardíacos, etc) estão a ser transferidos para regiões livres do coronavírus.
Em Itália os médicos e enfermeiros trabalham em ambiente próximo do ambiente de "guerra". O nosso rácio de camas em cuidados intensivos é 9 por 100 000 habitantes em Itália são 12. Temos que aprender com o que se está a passar naquele país. Hoje veio a boa notícia que na região de Milão - onde primeiro apareceu o vírus - não há novos casos. Parece que para nosso sossego está a acontecer o mesmo que aconteceu na China. A pandemia duas semanas depois está a abrandar.
Os hospitais privados dispõem de unidades de cuidados intensivos, que podem funcionar como apoio de rectaguarda que poderá ser muito útil na altura do pico da procura, corrobora João Carlos Winck. E há outra circunstância que deixa o médico mais sossegado: há muitos enfermeiros, fisioterapeutas e técnicos habilitados a tratar em casa doentes menos graves, sem insuficiência respiratória.
Em Itália foi feita uma lista de critérios para optar entre "quem vive e quem morre".
Mais um avanço civilizacional e mais uma vez tendo a Europa como ninho. Permissão para os médicos ajudarem activamente os seus doentes terminais a morrer usando a chamada sedação profunda. Vai-se aumentando a dose dos sedativos, primeiro para terminar com a dor e prosseguir até o paciente entrar em coma profundo irreversível.
Claro que a direita francesa está contra bem como os extremistas de esquerda que queriam a eutanásia. Os bons espíritos encontram-se tantas vezes que é dificil aceitar que se trata de uma coincidência.
"“Os grande avanços em matéria social são os avanços partilhados e aceites por uma grande maioria da população”, declarou ao Libération a ministra da Saúde.